Por Ricardo Guerra
A recente matéria escrita por Merval Pereira (A primeira escolha), nada menos que o porta-voz dos Marinhos, os principais representantes do imperialismo na mídia nacional, parece “deixar transparecer” uma tentativa de “aliviar” a barra para o lado de Lula.
Uma desconstrução (mesmo) da própria narrativa, insistente e ardilosamente criada por eles próprios nos últimos anos, quanto à “nocividade” tanto de Lula como de Bolsonaro para o comando da condução política e econômica do Brasil.
No entanto, muito além do que quer “deixar transparecer”, o mais importante é o que está por trás dessa matéria – o que ela deseja esconder:
- Que o esforço pela apresentação da tal terceira via como a solução para esse impasse entre dois (por eles designados) “extremos” – é apenas uma manobra para suavizar o pesado ambiente em que se encontra encalacrada a política no Brasil, com o governo de Bolsonaro;
- Uma narrativa que apenas quer viabilizar a ascensão do maior número de políticos de direita e de extrema direita aos parlamentos locais e regionais e no congresso nacional;
- Sejam os brucutus fora da caixinha da civilização (que ganharam dimensão assustadora com o impulsionamento que eles deram ao bolsonarismo) ou os “bons moços” que eles agora estão impulsionando – e caem “como uma dádiva” no colo do eleitorado, diante do atual cenário desolador de horrores pelo qual o país está passando.
Assim, abrindo o caminho para a formação de um governo de direita com uma roupagem renovada – sem a truculência, a ignorância e as “olavices” do bolsonarismo – esperam tranquilamente poder se concentrar no que de fato a eles interessa:
- A agenda das reformas neoliberais (de precarização do trabalho e exploração dos trabalhadores) e da pauta autoritária (espécie de carta branca para a violação dos direitos da população com o aval dos parlamentares), impulsionadas de forma aparentemente natural sob supostos ares “democráticos e legais”;
- Onde o pau de arara é substituído pelo excludente de ilicitude e a militância política e social passa a ser enquadrada na legislação como terrorismo.
Dessa forma, para a nossa denominada “elite”, que não tem qualquer sentimento de pertencimento à nação e muito menos vínculo afetivo com o povo brasileiro (do qual não se sente parte e para o qual não denota o mínimo de empatia e respeito), até a vitória de Lula está valendo – podendo, no momento atual, inclusive ser considerada mais que uma possibilidade, (talvez mesmo) a escolha perfeita:
- A certeza quanto a composição extremamente à direita do Congresso e o alargamento do espectro das alianças estabelecidas – um vale tudo para ganhar as eleições, inclusive com o conservador privatista Alckmin de vice;
- Praticamente garante a condição para que a subserviente e culturalmente cooptada classe dominante brasileira – sob a chancela dos militares – continue a cumprir o papel de vassalagem que sempre exerceu (sem ser incomodada);
- E o imperialismo (ver também aqui) possa continuar tranquilamente no comando da sua “maior fazenda extrativista” – que é o que hoje representa o Brasil na configuração geopolítica mundial.
Trocando em miúdos, da forma como está sendo configurado, o processo eleitoral de 2022 está “oferecendo” aos nossos verdugos a escolha perfeita:
- Para que o povo brasileiro continue a ser escravizado;
- Enquanto eles realizam a (desprezível) função para a qual são encarregados – capitão do mato do século XXI.
Trabalhadores, uni-vos! É na luta diária e concreta pela vida que construiremos o caminho para a nossa emancipação contra a brutalidade dos ataques do imperialismo e seus agentes locais.
Com ou sem Lula, a nossa melhor escolha será sempre LUTAR!
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