Kátima: Bemmm amigos da Rede Bobo de Televisão… estamos dando início a mais um programa “Odeio vc e a sua Classe”… hoje conversaremos… com nada mais… nada menos… que o empresário, pugilista e charmosíssimo… Arnaldo César Albuquerque… pai de uma menina linda e de um garoto mais lindo ainda… casado com Maria Júlia Castro… antes de mais nada… Bom dia Arnaldo!
Arnaldo: Bom dia Kátima e a todos amigos e amigas que nos assistem na Rede Bobo de Televisão… é um prazer estar aqui com vocês…
Kátima: bem empresário… vamos iniciar com uma pergunta que está bombando nas redes sociais… um super babadão… você saiu ou não com a atriz Joyce Fonseca?
Arnaldo: olhe, Kátima… primeiro vou responder mentindo… isso é um verdadeiro boato… onde já se viu um homem de família, pai e marido excelente como eu sair com uma mulher tão linda e gostosa como a Joyce Fonseca? Isso é uma mentira… um descalabro… esse boato visa atacar a integridade da minha família que com amor e carinho conquistei… tenho uma família linda…
Kátima: com sua esposa ou com a Joyce?
Arnaldo: com as duas… mas cada uma no seu tempo… não me entendam mal… eu sou homem… e costumo pegar geral… a carne às vezes tropeça
Kátima: senhor empresário… você tem alguma dica para quem quer começar seu próprio negócio?
Arnaldo: essa pergunta… além de interessante… é importantíssima… o primeiro grande passo é encontrar alguém pra explorar… afinal de contas ninguém fica rico de repente… muitos dirão: “ah! empresário não tenho ninguém pra explorar na minha rua”… não tem problema… no começo é difícil mesmo… neste caso a pessoa deve explorar os familiares… a mulher e os filhos… nada melhor no começo do que a mão de obra gratuita familiar
Kátima: mas no caso de a pessoa querer explorar a família… ela deve ou não pagar algo em troca?
Arnaldo: não… não… não… caso preciso dar algo… dê comida pra pessoa… pobre adora comer… a diversão dele é comer pra cagar… Olha só um caso que eu vou te contar… explorei durante muito tempo um grupo de trabalhadores… e assim que eu os contratei, disse: “o salário aqui é comida… e comida da boa… aquela que produz bosta”… essa é uma estratégia empresarial que tive a oportunidade de aprender quando estive nos Estados Unidos… ela chama-se: “pegue o peixe pela boca ou estômago”… os professores de Harvard são excelentes
Kátima: não por acaso que você é um dos empresários mais famosos e ricos… mas Arnaldo, responda-me, essa estratégia pode ser aplicada por qualquer pessoa?
Arnaldo: não… não… não… essa estratégia dá certo somente com um pequeno grupo de empresário-acionistas… digo isso, porque todo mundo tá acreditando nessa coisa de empreendedorismo… empreendedorismo é uma forma fofa de dizer pro peão: “se fudeu… acabou o emprego de carteira assinada… se fudeu!”… pra você ver a bizarrice que essa ideia se tornou… que até quem vende água no farol é chamado de empreendedor… na verdade tá vendendo porque é um morto de fome
Kátima: mas Sr. Arnaldo… vender água é ou não um trabalho importante?
Arnaldo: ohhh… demais… só não quero isso para os meus filhos… Kátima… presta atenção numa coisa… quanto maior o número de pessoas vendendo água no farol… mais eu consigo rebaixar o salário do trabalhador dentro da minha empresa
Kátima: como isso acontece, empresário…não entendi? sou leiga no assunto
Arnaldo: a explicação é simples… eu tenho um número de trabalhadores que eu chamo de “colaborador” que toma trem, ônibus e metrô lotado… digo o seguinte a eles: “oh! queridos… precisarei rebaixar o salário de vocês e nos próximos anos não poderei dar aumento… a empresa está em crise… vocês são livres para aceitar… caso não aceitem… eu tenho outros para pôr no lugar… tô cheio de currículo sobre minha mesa”… os currículos que tenho são dos desempregados que a gente costuma chamar de empreendedor ou vendedor de água
Kátima: nossa empresárioooo, você é muito inteligenteeeeeee… queria que o Brasil fosse feito de pessoas assim como o Senhor!
Arnaldo: agradeço o elogio… mas veja bem Kátima… não dá pra existir muitos de mim… exploradores de mão de obra… nós exploradores devemos ser poucos… porque precisamos enriquecer sobre o trabalho alheio de muitos… imagine você… se todo mundo se tornasse empresário… quem eu iria explorar? agora entendeu o porquê não é possível existirem muitos de mim?
Kátima: você realmente é um espetáculo explicando as coisas… tem uma boa dicção, muito bem articulado, charmoso, estiloso… acho que isso te ajuda a convencer o trabalhador e trabalhadora… ops… o colaborador… de que ele precisa ser explorado… explica mais sobre suas técnicas de exploração e onde você aprendeu tudo isso
Arnaldo: Kátima… eu tive o prazer de estudar nos Estados Unidos e também na Inglaterra, como disse acima… meu pai e meu vovô sempre foram exploradores do trabalho alheio… conseguindo, assim, financiar minha educação… dessa forma aprendi técnicas valiosíssimas… observe: o trabalh… eita!… o colaborador… é carente… pobre e infeliz… amolece o coração com qualquer sorriso ou tapa nas costas… para aqueles que enchem meu saco pedindo aumento salarial… eu digo: “fala fulano, não esqueci de você não… te tenho no meu coração”… o trabalhador brasileiro gosta de afeto… falando assim… eles ficam calmos e serenos e voltam a ser explorados… são uns animais dóceis… eu dou risada mesmo é do outro grupo de colaboradores… que por ser tão carente acha que tudo é vontade de deus… assim eu aproveito pra dizer a eles: “você sabe que foi Deus quem me colocou na vida de vocês… minha missão é vos explorar… porque a recompensa pelo duro trabalho aqui realizado… no céu está”… passo a conta sei lá pra quem… essa ideia de deus é real mesmo?
Kátima: mas me responde uma coisa… essa de falar Deus te pague não pode dar errado?
Arnaldo: Jamais! montamos uma rede de exploração tão grande… que pra todos lados que o traba… colaborador se encontra tem deus no meio… veja… eu os exploro nas fábricas, nas indústrias, nos comércios… a dor é tão grande que logo vão procurar consolo nas igrejas… chegando lá o pastor diz: “bem-aventurado os mansos de coração, porque herdarão a terra”… para herdar a terra há de ser mansinho…(risos) ou o pastor diz – “Sujeitai-vos a toda autoridade humana por amor do Senhor, quer ao rei, como ao soberano”… Kátima… me responda: quem é a lei? Sou eu! Sou eu quem manda e desmanda na porra toda… além de tudo… os padres e pastores levam cada um o seu no final… o din din do trabalhador… “din din”… essa palavra aprendi com pobre… eles são feios até pra falar… imagine chorando na igreja ao pé do altar… eita povo feio!
Kátima: estou mais que convencida que você deve ganhar o prêmio do ano como o maior cidadão brasileiro… suas palavras são conselhos de vida… da sua boca emana sabedoria… acho que isso vem dos seus olhos azuis e cabelos loiros… porque se fosse preto ou mestiço você ia falar como um porco
Arnaldo: primeiro antes de tudo… eu estudei… fui uma criança que não ficou assistindo Peppa Pig o dia inteiro… por falar nisso… aquela porquinha parece um pênis tamanho G… mas voltando ao assunto… eu fui treinado desde criança para explorar… não que eu queira ser melhor do que ninguém… apesar de tudo todos somos humanos… outros mais… outros menos… eu melhor… mas pobre parece o cão chupando manga… por isso merece ser explorado… porque se assim não for vai ficar bebendo igual vagabundo na rua sentado… então é melhor ser explorado para me deixar rico… Veja… pobre não tem gosto pra arte… nem sabe o que é isso… não consegue fazer um bom sexo… quando faz é aquela rapidinha no escuro sem barulho… isso se dá porque a mulher não pode gemer… as casas são umas coladas às outras… se gemer alto vai virar fofoca no outro dia… aí esses pobres feios…com a vida sexual mal resolvida… enchem o templo da igreja dizendo: “faz chover, faz chover”… se eu fosse deus dava chuva de porr* na cara desses porcos
Kátima: empresário… garanto que se você não fosse casado… eu pegava… quem não quer ter um homem como esse, platéia? …(Aplausos)… tem alguma coisa que pode ser feita para melhorar a situação dessas pessoas?
Arnaldo: agradeço pela paquerada… te pego depois sem compromisso… já cansei de pegar mulher dos meus melhores amigos… agora respondendo sua questão… a resposta é Não! se as condições de vida desse povo melhorar… eles não vão querer trabalhar… e querendo ou não preciso de muita gente pra explorar… assim… nós empresários não deixamos prefeitos, governadores e o presidente investir nos bairro onde essa gente… feia, pobre e sem dente… mora… nós assim dizemos aos políticos: “não é pra melhorar em nada as condições de vida daquele povo, o máximo que você pode fazer é construir um posto. Mas para que ele não possa funcionar não mande médico para lá”… ainda bem que os médicos formados pela USP são todos nossos amigos… aprende a profissão numa universidade pública para operar o patrão num hospital privado… em resumo, o zoológico que vocês chamam de periferia não deve ter nada… só maloca, bar e gente mal arrumada… onde já se viu melhorar a vida dessa bicharada… o que eles precisam eu já dou… exploração debaixo de muita dor…
Kátima: para que ninguém te interprete mal… Sr. empresário… achando que você age como aqueles centros evangélicos de recuperação para drogados… que só coloca o viciado para trabalhar e rezar… diga-nos por que você é tão convicto dessas teses maravilhosas?
Arnaldo: para explicar vou utilizar um versículo da religião daqueles animais da periferia… já percebeu que quanto mais pobre o lugar, mais igreja existe lá… para não perder o foco… o versículo é: “Do suor do teu rosto, comerá todos os dias, até que te tornes à terra, porquanto dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás” Gn 3: 19… ou seja, trabalhará como escravo todos os dias… essa é a minha missão… fazer com que o castigo de Deus se cumpra sobre as costas do peão…
Kátima: perfeito… meu empresário favorito… mas vamos trocar um pouco de assunto… logo mais voltamos a ele… o que você gosta de fazer nas horas vagas?
Arnaldo: Tudo! como eu exploro muita gente tenho muito tempo sobrando… com isso… acabo indo a exposições de arte, cinemas, bons restaurantes, ao exterior, teatros, cruzeiros, Disney, cassino em Las Vegas, museus, bons bares, clubes poliesportivos, atividades recreativas, palestra de autoajuda do Leandro Karnal e do Cortella, ilhas paradisíacas, boates, enfim em tudo… o engraçado é que sempre quando vou nesses lugares chiques e requintados… tem um animalzinho na porta fazendo a nossa segurança… eles vestem preto, não prada… e nos tratam como verdadeiros senhores… assim que eu chego nos lugares, eles dizem: “boa noite, senhor… precisa de algo… estou aqui para te auxiliar”… todos são animaizinhos da mesma classe… o que muda é a cor… uns menos escuros… outros mais carvão… uns de cabelo duro… mas todos com cara de cachorro pidão… eles são feios até arrumado… não tem estilo… o corte do terno não existe… enfim… tristeza para eles, alegria pra mim
Kátima: tirando esse fato de que os lugares chiques precisam desses animais como seguranças, por causa da violência… qual a sua posição para as próximas eleições para a presidência?
Arnaldo: acho lindo o processo eleitoral… é o momento que os animais-povo escolhem um dos nossos candidatos de novo. Não importa quem chegue à presidência da República… o poder sou eu-empresário-banqueiro-explorador dos filhos da rua… quem chegar lá não vai aliviar a dor… Kátima… cá pra nós… quem você acha que paga a propaganda publicitária eleitoral? acertou se você disse que são os animais-povo… nós os exploramos na fábrica, indústria e comércio… e com o dinheiro que sobra a gente compra todo o Congresso… nós, somos o poder… depois os animais ficam todos na ilusão… de um lado a turma do Lula… de outro do Bolsonaro… e de outro a terceira via… só posso cantar uma música que aprendi no Maracanã: “Rá Rá Ru Ru, O Maraca é nosso!”… esses vermes acreditam em tudo… reforma trabalhista, previdenciária, tributária, administrativa etc… todas as reformas servem para que possamos explorar mais e melhor esses vermes… eles merecem um banho de porr* com o tamanho do orgasmo que sinto ao lucrar sobre eles… A mídia distrai a massa e nós empresários e acionistas entramos com força retirando direitos. Paulo Guedes é um dos nossos… beijos tchuchuca. Só a efeito de exemplo…a reforma trabalhista não permitirá que o trabalhador antes dos 65 possa se aposentar… mas olha a ironia da vida… quando você olha pras favelas eles vivem menos de 55 anos e todos dentro de pequenas celas…
Kátima: isso não é uma entrevista… isso é uma aula!!! Sensacional… Gostaria de deixar seu último recado para quem está te assistindo?
Arnaldo: claro… em primeiro lugar agradecer ao convite… depois dizer que todas as minhas palavras… por mais duras que pareçam… mostram o que eu e toda a minha classe pensamos sobre a vida e o mundo… principalmente em relação aos vermes animalescos chamados de trabalhadores… por mais que eles não entendam, nós, os empresários, os ODIAMOS… se pudéssemos todos estariam mortos… mas como precisamos deles para produzirem a preços baixos, os matamos aos poucos…hoje pela pandemia, amanhã pela fome, depois com frio e mais tarde com a guerra… mas em contrapartida faço filantropia pois preciso sair na capa da revista…obrigado a todos apresentadores de TV, atores e atrizes de novela, padres e pastores safados que tornam o nosso exercício um pouco menos complicado… Obrigado!