Inadimplência recorde e o Brasil rumo ao precipício

Inadimplência recorde e o Brasil rumo ao precipício

A única saída para a crise é a mobilização dos trabalhadores pelas bases. As direções burocratizadas do que eram as antigas organizações de massas não o farão. Mas a força da crise capitalista sim tem esse potencial.

Nada menos que 66,8 milhões de brasileiros têm atrasado o pagamento de empréstimos, do cartão de crédito e até das contas de água e da luz.

De um ano para cá, 4,6 milhões de brasileiros se somaram aos inadimplentes, de acordo com a Serasa Experian. No Estado de São Paulo, de longe o mais rico da Federação, somam quase 16 milhões, ou seja mais do 43% da população adulta. No Rio de Janeiro são quase 7 milhões, ou 50% da população adulta.

De acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), quase 80% das famílias com ingressos de até 10 salários mínimos estão endividadas.

A piora das condições de vida do povo brasileiro é tão notória que nem sequer a demagogia eleitoral consegue ocultá-la.

Por trás do aumento da inadimplência encontra-se a política de manter um certo crescimento da economia brasileira em cima do repasse de enormes volumes de recursos públicos para o mercado financeiro.

O governo e os economistas burgueses propagandeiam sobre o suposto baixo impacto do crédito em relação ao PIB, pouco acima do 50%, na comparação com os países desenvolvidos, mas “esquecem” de considerar as altíssimas taxas de juros existentes no País e o cenário altamente recessivo previsto para o próximo período.

As perspectivas para a economia brasileira são a recessão e a hiperinflação

As perspectivas para a economia brasileira são de estancamento e de recessão, assim como está colocado para toda a América Latina.

O aprofundamento da crise na Europa terá um duplo impacto no Brasil – a queda das exportações aos países europeus e à China, que usa grande parte das matérias primas para produzir produtos manufaturados de baixo valor agregado e exportá-los à Europa, e a contração do crédito internacional, fenômeno que já se faz sentir com intensidade.

As exportações chinesas têm caído, assim como as importações, principalmente de matérias primas, que também caíram.

De acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) a crise na Europa tem o potencial de reduzir o crescimento econômico da China quase pela metade, do que era antes da “pandemia”.

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A crise capitalista no Brasil irá se aprofundar, sem lugar a dúvidas. Aproximadamente, a metade do orçamento público está comprometido pelos pagamentos dos serviços da ultra corrupta dívida pública.

As medidas paliativas e a demagogia eleitoral somente adiam o inevitável e equivalem a apagar o fogo com gasolina.

A produção industrial continua em queda livre e as importações em aumento acelerado.

A perda dos empregos na indústria brasileira, assim como a produção devastadora de commodities que produz poucos empregos, provocam o aumento do desemprego e da inadimplência que ainda deverão disparar.

A única saída para o governo é o aumento das emissões de papel moeda podre, sem lastro produtivo, de maneira direta ou indireta, o que conduzirá à hiperinflação no cenário de estancamento econômico. Não muito diferente do que hoje está acontecendo na Argentina.

Do colapso capitalista de 2008 ao precipício

O colapso capitalista de 2008 jogou a economia brasileira à franca depressão.

A política implementada pelos governos do PT, o governo Temer e o governo Bolsonaro tem seguido dois pilares com o objetivo de manter os crescentes repasses de recursos para as potências capitalistas.

Por uma parte, foi aprofundado o papel do Brasil como exportador de matérias primas minerais e agropecuárias, que são produzidas em condições de depredação dos recursos naturais e de superexploração dos trabalhadores.

Por outra parte, para manter um certo crescimento da demanda interna, tem sido liberados pacotes de “estímulo” econômico por meio do sistema financeiro para promover o consumo.

O crédito fácil, em cima dos usurários juros e tarifas dos bancos, junto à crescente deterioração do emprego e da renda dos trabalhadores, a pesar da propaganda burguesa em sentido contrário, estão na base do aumento da inadimplência.

A manutenção de um certo crescimento econômico tem como objetivo fundamental manter de pé a política central do governo brasileiro – a continuidade do pagamento dos serviços da dívida pública e os demais mecanismos de repasses de recursos, diretos e indiretos, para os grandes capitalistas.

A única saída para a crise é a mobilização dos trabalhadores pelas bases. As direções burocratizadas do que eram as antigas organizações de massas não o farão. Mas a força da crise capitalista sim tem esse potencial.

O nosso papel como revolucionários é estar preparados para atuar nesse cenário.

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4 comentarios en «Inadimplência recorde e o Brasil rumo ao precipício»

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