O que revela a nova “equipe de transição”?
O anúncio da equipe de transição é um prenúncio do que será o próximo governo Lula.
O ponto central, considerando a profundidade da crise, é que a economia será controlada pelos mesmos que entregaram o Brasil durante os governos do FHC.
André Lara Resende e Pérsio Árida, junto com Armínio Fraga e Pedro Malan, são os pais do Plano Real, das “privatizações de FHC” que de fato foram doações escandalosas e da aplicação das imposições do “Consenso de Washington”, de 1989, imposto pelo imperialismo norte-americano para aumentar a espoliação financeira perante o aumento da crise na década de 1980.
O Coordenador da transição é o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, o que também é uma amostra de que o ex-governador do Estado de São Paulo, por quatro mandatos, onde aplicou uma política de terra arrasada, também terá um papel importante no futuro governo.
Algumas nuanças são a participação de alguns políticos em áreas de destaque como Simone Tebet na área social. Vários dos setores intrinsecamente golpistas, como a própria Rede Globo e a grande imprensa burguesa, têm declarado abertamente a importância de fortalecê-la como um quadro político em destaque da direita.
Essas medidas deverão provocar uma maior disparada do endividamento público, cuja rolagem hoje consome mais de 50% do Orçamento Público Federal.
Ainda resta ver o que acontecerá com os preços dos combustíveis, demagogicamente controlados pelo governo Bolsonaro. Se não os liberarem, haverá impacto na dívida pública a favor da população, o que não combina com a política entreguista dos “pais do Real”. Se os liberarem, há o problema do aumento da inflação e da carestia da vida.
Para arrematar, temos que a “governabilidade” do próximo governo está sendo definida abertamente nos Estados Unidos.
Lula e o PT deverão cumprir o papel de bombeiros a partir dos programas sociais.
Uma das condições iniciais, com o objetivo de não incendiar o país, é manter o Auxílio Brasil de Bolsonaro, com R$ 600 e renomeado como Bolsa Família, e aumentar o salário mínimo.
Evidentemente no próximo ano, a política brasileira ficará muito sensível à influência do aprofundamento da crise capitalista mundial.
A América Latina de conjunto caminha para a repetição da crise da década de 1980, mas que deverá ser muito mais dura por conta do aumento da rapina do imperialismo, principalmente do imperialismo norte-americano, sobre a nossa região.
A luta de classes, que numa avaliação superficial pode ser vista à luz da semiparalisia do movimento de massas tende a exacerbar-se aceleradamente no próximo período. “Do nada”, deverão surgir protestos, greves e manifestações mais ou menos como já estão acontecendo na Europa, por exemplo.
A burguesia se prepara por meio do endurecimento das estruturas do regime político e mantendo em pé o protofascismo, na forma de Bolsonarismo.
O nosso papel é estar preparados para influenciar o movimento de massas.
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