Por Andrew Korybko
Publicação original em https://korybko.substack.com/p/brazil-discredited-itself-by-expressing
Apresentação Primera Línea Revolucionaria
Andrew Korybko tem publicado várias matérias desde o início do governo Lula/Alckmin denunciando o papel pró-imperialista deste governo e, concretamente, as posições anti-Rússia, anti-BRICS e até anti alguns países latino-americanos com os quais os Estados Unidos têm contradições.
Primera Línea Revolucionaria considera que além do apontamento de questões concretas onde a direitização e pró-imperialismo do governo Lula/Alckmin ficam evidentes, Andrew Korybko tem o mérito de ter percebido, ainda prematuramente e apesar de ser um jornalista norte-americano radicado em Moscou, a campanha de propaganda impulsionada pela Direção do PT para tentar apresentar cada “batom na cueca” como “nacionalismo”.
Chamou a nossa atenção que Korybko tenha também prematuramente identificado o papel do PCO (Partido da Causa Operária) nesta operação, que evidentemente é a conta da Direção do PT, atualmente controlada por elementos abertamente direitistas, por ter protegido o PCO da Operação Lava Jato, com a qual colaborou camuflada e abertamente.
A submissão ao imperialismo norte-americano do governo Lula/Alckmin não acontece somente na política exterior. Fica a cada dia mais evidente na política econômica, na Justiça, em Minas e Energia, no Meio Ambiente, onde a agente de Soros, a Ministra Marina Silva, trouxe o ex vice-presidente John Kerry ao Brasil para que nos ajudar a defender a Amazônia!
Os golpes desferidos contra o povo brasileiro são duros e tendem a piorar. O Chicago Boy Paulo Guedes continua mais vivo do que nunca, na tentativa dos Estados Unidos fortalecerem o controle da sua retaguarda enquanto avança com crescente agressividade à solução militar da sua maior crise histórica.
A brutalidade dos ataques só podem conduzir a um grande levante de massas num dos países mais importantes não somente da América Latina, mas do mundo.
Com a palavra Andrew Korybko
Segundo o relatório oficial da ONU sobre a sessão da última terça-feira, o vice-representante permanente do Brasil, João Genésio de Almeida, reagiu ao evento dizendo que “A mera repetição de posições nacionais, num formato que dá sinais claros de esgotamento, em nada contribuirá para o fim do conflito”. Essa postura desacredita o presidente Lula, que se diz um ferrenho opositor do fanatismo em todas as suas formas. Claramente, no entanto, ele está perfeitamente bem com Almeida insinuando que o fanatismo contra os russos não merece ser discutido na ONU.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas realizou uma sessão sobre a russofobia na semana passada, durante a qual dois informantes russos aumentaram a conscientização global sobre essa forma crescente de fanatismo, enquanto um norte-americano acendeu a polêmica alegando que tal discriminação não existe e que é supostamente apenas uma forma de “propaganda imperial”.
Era de se esperar que diferentes visões sobre o assunto fossem compartilhadas, mas o importante é que isso foi discutido, algo que surpreendentemente pareceu incomodar o Vice-Representante Permanente do Brasil.
Segundo o relatório oficial da ONU sobre a sessão de terça-feira passada, João Genésio de Almeida reagiu ao acontecimento dizendo que “A mera repetição de posições nacionais, num formato que dá sinais claros de esgotamento, em nada contribuirá para o fim do conflito. ”
Essa postura desacredita o presidente Lula, que se diz um ferrenho opositor do fanatismo em todas as suas formas. Claramente, no entanto, ele está perfeitamente bem com Almeida insinuando que o fanatismo contra os russos não merece ser discutido na ONU.
Afinal, não há outra forma de interpretar aquele representante que se mostra surpreendentemente aborrecido com aquela sessão em particular.
O objetivo nunca foi contribuir com nada para acabar com o conflito, mas aumentar a conscientização global máxima sobre essa forma crescente de fanatismo.
Para esse fim, o Diretor Executivo da Rossiya Segodnya Kirill Vyshinsky e o Vice-Diretor do Sindicato Ucraniano dos Trabalhadores Jurídicos, Dmitry Vasilets, fizeram um trabalho maravilhoso, e qualquer pessoa interessada neste assunto deve ler seus testemunhos na íntegra.
Não se deve esquecer que a russofobia é uma das causas profundas da então Guerra Civil Ucraniana, que posteriormente se transformou em um conflito internacional após o início da operação especial da Rússia e logo depois em sua fase atual de uma guerra por procuração OTAN-Rússia.
Agir como se esse assunto não fosse importante como fez o representante do Brasil é desonesto.
“A russofobia não é menos maléfica que o antissemitismo, a islamofobia e o racismo”, mas o governo de Lula aparentemente não quer discutir o assunto.
O presidente Putin, no entanto, falou sobre isso em praticamente todos os principais discursos que fez no ano passado. Por exemplo, em setembro passado, ele lembrou a todos que “[o Ocidente] usou a russofobia indiscriminada como arma, inclusive alimentando o ódio à Rússia por décadas, principalmente na Ucrânia, que foi projetada para se tornar uma cabeça de ponte anti-Rússia”.
Alguns dias depois, ele perguntou retoricamente: “O que mais, senão racismo, é a russofobia que está se espalhando pelo mundo?”
Portanto, pode-se argumentar que Lula ordenou que Almeida violasse literalmente o Artigo 4º da Constituição brasileira ao insinuar fortemente que a forma de racismo conhecida como russofobia não vale a pena ser discutida no cenário mundial.
Chega-se a essa contundente conclusão lembrando que a passagem citada obriga o governo a seguir uma política externa pautada pelo repúdio ao racismo em sua cláusula oitava, entre outros princípios.
A abordagem politicamente hostil que Lula adotou em relação à Rússia no conflito geoestrategicamente mais significativo desde a Segunda Guerra Mundial não apenas alinha claramente o Brasil com os Estados Unidos em meio à trifurcação iminente das Relações Internacionais, mas também o desacredita em casa neste exemplo particular.
Seu governo não pode afirmar com credibilidade ser contra o fanatismo que alega ser defendido pela oposição enquanto minimiza o fanatismo anti-russo que é indiscutivelmente praticado por Kiev.
No entanto, deve-se ter como certo que os gerentes de percepção do partido governista se recusarão a informar as pessoas sobre essa postura surpreendente que Lula ordenou que seus diplomatas adotassem em relação à russofobia ou podem até mesmo iluminar isso de uma das duas maneiras.
Por um lado, eles poderiam imitar Snyder alegando que tal forma de fanatismo não existe e que é apenas “propaganda imperial”, ou eles podem mentir que a abordagem do Brasil em relação a esta questão é de uma forma ou de outra do interesse da Rússia.
A última abordagem, por mais insultante que seja para a inteligência de todos, não deve ser descartada, pois já foi aplicada para justificar a condenação da Rússia por Lula em sua declaração conjunta com Biden no início do mês passado.
Mesmo aqueles que anteriormente protestaram contra a russofobia podem fazer um oitenta sobre esta questão exatamente como fizeram quando se tratou da Nicarágua, depois que passaram de condenar a hospedagem de agentes de mudança de regime para apoiá-la, uma vez que o Brasil lhes ofereceu “asilo”.
O que está acontecendo internamente é que as forças pró-Lula estão travando uma Guerra Híbrida contra a base do Partido dos Trabalhadores (PT) com o objetivo de manipular suas percepções sobre sua política externa, que visa evitar preventivamente uma rebelião política caso percebam que ele está alinhou o Brasil com os Estados Unidos.
Perversões da verdade, teorias conspiratórias literais e mentiras deslavadas estão sendo empregadas nesta campanha, da qual até o próprio Lula está participando diretamente depois do que acabou de dizer na semana passada.
O líder brasileiro afirmou que o conflito ucraniano é “por causa de pequenas coisas”, o que não é verdade, mas confirma que ele dá crédito à falsa narrativa dos Estados Unidos de que a Rússia supostamente “invadiu” a Ucrânia para fins puramente “imperialistas”.
Por coincidência, este foi o mesmo dia em que o presidente Putin disse que o conflito “é sobre uma luta pela sobrevivência do Estado russo” e Almeida mais tarde expressou seu aborrecimento por Moscou discutir a russofobia na ONU.
A última terça-feira pode, portanto, ser considerada em retrospectiva como um momento decisivo em termos de política externa brasileira, pois inegavelmente colocou aquele país do lado dos Estados Unidos no sentido político quando se trata do conflito de maior relevância geoestratégica desde a Segunda Guerra Mundial.
Lula mentiu ao afirmar que realmente só está sendo combatido “por pequenas coisas”, enquanto ordenava a seus diplomatas na ONU que insinuassem que não vale a pena aumentar a conscientização sobre a forma de fanatismo conhecida como russofobia, ambas as posições alinhadas aos Estados Unidos.
1 comentario en «Brasil desacredita ao irritar-se com Moscou e discutir a russofobia na ONU»