O governo Lula/Alckmin avança sem parar na completa capitulação do Brasil à direita e ao imperialismo norte-americano, no contexto dos 200 anos da Doutrina Monroe, de dezembro de 1823, com o seu famoso lema da América para os [norte] Americanos, que fora renovada nos Documentos de Santa Fé de 1988.
O próprio Lula tem sido um ativo militante da política econômica imposta pelo imperialismo ao Brasil, para favorecer o rentismo, com medidas como o Arcabouço Fiscal, a Reforma do Carf ou a Reforma Tributária, todas impostas a toque de caixa, sem absolutamente nenhuma discussão social, e até do aumento da repressão pelo judiciário por meio da Lei das Fake News.
Ainda Lula acabou de propor o segredo dos votos dos juízes do STF (Supremo Tribunal Federal), para desviar a atenção dos votos reacionário do ministro Zanin, o ex advogado pessoal de Lula, aumentando ainda mais a ditadura de um organismo que não é eleito pelo povo, nem para manter alguma aparência, e que tem uma longa tradição de golpismo.
Os ministérios sociais acabaram de ser entregues à direita. A ex jogadora de vôlei Ana Moser, que promovia vários programas sociais no Ministério dos Esportes, foi demitida para entregar o Ministério PP (Partido Progressista) do presidente da Câmara dos Deputados, Artur Lira.
Até o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome deve ser entregue à direita para garantir a “governabilidade”.
Mas que governabilidade é esta? A serviço de quem?
Sem uma caraterização objetiva e revolucionária do governo Lula/ Alckmin e sem uma posição de luta anti-imperialista e internacionalista clara em contra deste governo e seus donos, não pode haver uma oposição em defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo brasileiro.
Isso desconsiderando que o grosso da “esquerda” faz parte ou apoia abertamente este governo que é abertamente pró imperialista. Outra parte da esquerda faz oposição de mentirinha.
A clara caraterização deste governo é o ponto de partida para elaborar as políticas que devem ser direcionadas contra esse governo, principalmente como instrumento do seus donos (em primeiríssimo lugar, o imperialismo norte-americano), e que devem ser multifascéticas em todas e cada uma das campanhas.
O eixo central de qualquer campanha deve ser a propaganda e a agitação revolucionárias em contra deste governo entreguista.
Nesse sentido deve ser deixado claro que:
1. O governo Lula/ Alckmin que agrupa a quase todo o regime atual é controlado pela direita não passa de uma marionete nas mãos do imperialismo norte-americano, que enfrenta a sua maior crise histórica. É um governo FHC 3.0;
2. As contradições capitalistas foram às nuvens; os Estados Unidos enfrentam dificultam em várias regiões e por essa razão se veem obrigados a apertar com força extrema o seu quintal traseiro, a América Latina, conforme o declarou explicitamente a generala responsável pelo South Com, Laura Richardson, e várias outros altos funcionários do governo imperialista;
3. Além da reativação da IV Frota em 2008, há mais de 100 bases militares oficiais na América Latina, onde o narcotráfico é controlado pela CIA, DEA e outras agências com o objetivo de ter verbas não públicas para desenvolver todo tipo de ações contra os povos. A título de exemplo, as recentes eleições no Equador, com o ultra suspeito assassinato do candidato da direita Fernando Villavicencio e os dois carros bomba o revelam, o apoio ao governo genocida encabeçado por Dina Boluarte no Peru, para onde foram enviadas tropas, especificamente para o Sul, que é o centro das mobilizações populares, as manobras para impor um governo que atue sua bota na Argentina ou a obscena direitização do governo Boric no Chile etc;
4. No Brasil, as imposições por métodos bastante pouco ortodoxos do Bolsonarismo em 2018, após ter imposto uma política de terra arrasada com a Operação Lava Jato em 2014, e de ter apeado o Bolsonarismo em 2022 e em 1.8.2023para impor o governo Lula/Alckmin fazem parte dessa política, que é regional;
5. Essa política macabra é imposta por necessidades relacionadas com a própria sobrevivência do imperialismo, requer uma resposta à altura, da solidariedade internacionalista entre os trabalhadores e os povos. Nesse sentido, a luta anti-neocolonial é parte integrante da luta geral em contra do imperialismo;
6. O imperialismo aplica uma brutal campanha de PsyOp (operações psicológicas de guerra), por meio da imprensa burguesa, para criar um clima de medo generalizado e facilitar a implementação das suas políticas. A maior parte da esquerda capitula a essa “propaganda” em tudo o que é fundamental.
Essa clara caraterização não tem nada a ver com uma elaboração conjuntural internacional integral nem com dissertações acadêmicas, principalmente as que estão desligadas das necessidades políticas práticas, mas sim com o centro da elaboração da política da política revolucionária contra o Governo Lula/ Alckmin.
Sem uma caraterização precisa, a esquerda revolucionária fica muito exposta ao espontaneísmo e ao oportunismo de todos os tipos.É essa política que deve estar na base das alianças entre os grupos revolucionários que devem preparar-se para o que está posto, um brutal colapso capitalista do Brasil e de toda a região e a radicalização da luta de classes. Grandes levantes de massas que a burguesia tentará de aplastar com os métodos brutais já conhecidos.