A Polícia Federal desencadeou uma operação mediática para prender uma dúzia de pessoas, supostamente ligadas ao Hezbollah que estariam planejando atividades terroristas no Brasil, que incluiriam atentados contra de sinagogas e outros alvos judaicos.
Uma das pessoas já foi presa no Aeroporto de Guarulhos quando voltava ao Líbano, supostamente, com o plano para cometer esses ataques.
A existência de “terrorismo” no Brasil, após a Ditadura, começou a partir dos atentados às Torres Gêmeas, com um discurso bastante parecido com o atual.
Nas manifestações de 2013, um morador de rua, no Rio de Janeiro, foi preso e condenado a vários anos de prisão por portar uma garrafa com cândida.
Em 2016, o Ministério da Justiça de Michel Temer ordenou a prisão de pouco mais que meia dúzia de “terroristas”, supostamente vinculados ao Estado Islâmico cujo crime teria sido curtir páginas do Facebook, o que tem relação com o próprio assassinato de Marielle Franco, no início de 2018.
Além disso, o Brasil, assim como vários outros países, não consideram o Hizbollah como uma organização terrorista, até porque faz parte do governo do Líbano.
A quem beneficia?
Esta nova estória, bastante estranha, tem como pano de fundo um beneficiário muito claro: o aperto ainda maior no Brasil, onde tramitam, há alguns anos, leis hiper reacionárias no melhor estilo pinochetista do Chile e fujimorista do Peru, onde qualquer coisa pode ser considerado como ato terrorista e é duramente penalizado.
No Peru, em dezembro com essa carta branca para matar, a polícia assassinou mais de 70 manifestantes. Qualquer pessoa que tenha sido indiciada por terrorismo (o que muitas vezes acontece de maneira absolutamente arbitrária), ainda sofre enorme bullying pela divisão Antiterrorismo da Polícia e da própria imprensa oficial.
No Chile, o que a polícia fez nas manifestações de 2019 é mais que público e sabido: mais de 100 pessoas perderam a vista, mais de 400 sofreram abusos sexuais, milhares de presos e algumas dúzias de mortos.
As recentes, e recorrentes, declarações de Laura Richardson, a general que chefia o Comando Sul dos Estados Unidos também são uma questão central porque tem realizado declarações sobre a necessidade de controlar com uma mão ainda mais dura a América Latina para impedir a entrada da China e da Rússia e, principalmente, para continuar controlando e espoliando as nossas riquezas naturais.
Dito em outras palavras, conter o fortalecimento de grupos revolucionários que possam guiar os inevitáveis levantes de massas em fortes movimentos anti-imperialistas.
A defesa das poucas liberdades democráticas que ainda temos no Brasil, assim como a luta em contra do imperialismo são duas tarefas entrelaçadas que todo verdadeiro democrata, anti-imperialista e revolucionário deve ter como eixos da sua atuação.