Palmares – O negro em luta pela Liberdade

Palmares – O negro em luta pela Liberdade

O Quilombo dos Palmares foi um dos mais importantes marcos da história do Brasil.  Palmares é um ícone de resistência e força de uma população oprimida até os dias de hoje, mas que se mantém determinada a  buscar sua liberdade.

O Dia nacional de Zumbi e da Consciência Negra, 20 de novembro, só foi oficializado, no Governo Dilma Rousseff, em 2011, pela Lei Nº 12.519 e é reflexo da luta pela construção da memória nacional que incluísse, também, a história do povo negro, maioria nacional.

O Quilombo dos Palmares foi um dos mais importantes marcos da história do Brasil. 

Possuía por bandeira a resistência do povo negro, escravizado em solo brasileiro. Palmares foi, nas Américas, o primeiro sítio onde os negros, da diáspora africana, reverteram o quadro da escravidão, tornando-se livres.

A formação de mocambos ou quilombos na região da Serra da Barriga (entre Alagoas e Pernambuco) data de 1580, quando escravos lá se estabeleceram, fugindo de fazendeiros das Capitanias Hereditárias de Pernambuco e Bahia.

No final do século XVI, o território quilombola estendia-se do Cabo de Santo Agostinho às margens do Rio São Francisco. Seu apogeu foi no período das Invasões Holandesas, quando muitos dos cativos negros, se aproveitavam dos combates entre lusos e holandeses fugindo rumo ao quilombo. Palmares contou com múltiplos núcleos de povoamento, ressaltando-se: Macaco (o mais importante centro político), Subupira (o centro militar), Zumbi e Tabocas. Nos idos de 1670, cerca de 20.000 negros e indígenas habitaram o Quilombo.

Após a expulsão dos Holandeses, os ataques a Palmares passaram a ser frequentes, buscando, além da captura de negros, a destruição total daquela estrutura paralela de poder à Coroa Portuguesa. 

Representava um enorme problema à administração portuguesa, porque sua prosperidade e força desafiavam o sistema colonial escravagista.

Ganga Zumba, herdeiro de uma das variadas realezas que existiam em África, filho da princesa Aquatune, assumiu o trono de Janga Angolana (nome dado a Palmares pelos Quilombolas – maioria de origem angolana), pois era o principal chefe político de Palmares, governando a maior das vilas, Cerro dos Macacos, e presidindo um conselho de chefes dos mocambos que compunham o Quilombo, o que o fazia rei. 

Em 1677, após Zumba rechaçar várias campanhas contra o Quilombo, o Governador de Pernambuco (a mando do Rei português) ofereceu-lhe um tratado de paz. O Tratado, concedia a posse de terras improdutivas, localizadas no Vale do Cocaú, aos  habitantes nascidos na Janga Angolana.

A maioria dos quilombolas rejeita os termos do Acordo, favorável aos portugueses, gerando uma crise política em Palmares. Com a instabilidade interna, Ganga Zumba é envenenado e ascende ao poder seu irmão, Ganga Zona, favorável ao acordo com os lusos. Assim, alguns quilombolas, favoráveis ao acordo, colocam-se em marcha de Palmares e são capturados por forças portuguesas e re-escravizados, mostrando ser o acordo uma armadilha. Zumbi, destronando seu tio, assume o controle sobre o território quilombola e rechaça os lusos, restabelecendo Palmares.

Zumbi nasceu em Palmares, por volta de 1655. Raptado criança, após uma incursão portuguesa a Palmares, é doado ao Padre Antônio Melo. O religioso ensina-o Português e  Latim, mudando seu nome para Francisco. Aos 15 anos, foge da paróquia e retorna a Palmares. Assumindo o trono, Zumbi transforma as concepções de estratégia militar do Quilombo, antes guardado por uma enorme cerca de pau-a-pique, com três entradas, guarnecidas por cerca de 200 guerreiros (cada). Decide executar elaborada tática de guerrilha: além de tomar de assalto carregamentos portugueses compostos por armamentos e munições, passa a realizar ataques surpresas a engenhos, afim de angariar também suprimentos e convencer outros negros a se unirem à causa.

Governador da Capitania de Pernambuco, Caetano de Melo e Castro, após ataques infrutíferos, contratou o bandeirante Domingos Jorge Velho e Bernardo Vieira de Melo para o maior dos ataques ao Quilombo. Em Janeiro de 1694, com um contingente militar de seis mil homens, de posse da maior tecnologia que a artilharia portuguesa daquele tempo poderia oferecer e com Antonio Soares (quilombola capturado que se pôs a revelar os caminhos à Palmares, mediante alforria), deflagrou a última investida contra Palmares. 

Após um ano de combate Zumbi foi capturado e morto a 20 de Novembro de 1695. Sua cabeça cortada é exposta em praça pública, em Recife, para amedrontar quem quisesse lutar por liberdade. Palmares tentou reorganizar-se mas, sem a liderança militar de Zumbi e com um número ínfimo de indivíduos, acabou sobrepujado e destruído por completo em 1710.

Mesmo extinto Palmares, a luta do povo negro no Brasil continua, assim como sua exploração. À elite branca, a vida negra não passa de uma mercadoria. Presenciamos o genocídio da população, da juventude negra; das mulheres negras que sofrem abusos sexuais e morais, vítimas de uma política de Estado totalmente racista, desde os tempos coloniais.

Palmares é um ícone de resistência e força de uma população oprimida até os dias de hoje, mas que se mantém determinada a  buscar sua liberdade.

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