Crie corvos e eles te arrancarão os olhos

Sobre o projeto da Câmara que prevê prisão de até 4 anos para quem discriminar políticos

O Projeto de Lei é de autoria de Danielle Cunha (União-RJ), com relatoria de Cláudio Cajado (PP-BA), considera “o crime de discriminação contra pessoas politicamente expostas”, que inclui parlamentares, ocupantes de cargos no Executivo Federal, ministros de Estado, prefeitos, governadores e ministros dos tribunais do Judiciário.

A recusa de abertura de conta bancária ou a concessão de crédito a político ou qualquer pessoa investigada vira crime com pena de prisão de até quatro anos.

A mesma pena se aplica a quem cometer crimes “resultantes de discriminação em razão da condição de pessoa politicamente exposta, ou de pessoa que esteja respondendo a investigação preliminar, termo circunstanciado, inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa, ou de pessoa que figure na posição de parte ré de processo judicial em curso”.

Os 252 votos favoráveis contra os 163 contrários revelam o porquê o bolsonarismo foi muito incentivado com recursos públicos nas eleições do ano passado. Por trás, estava o imperialismo norte-americano.

O objetivo era muito simples: formar uma maioria reacionária no Congresso que pudesse aprovar tudo o que era contra o povo brasileiro.

A base bolsonarista no Congresso foi transformada em base do governo Lula/Alckmin após a tentativa de golpe de estado fake, com forte cheiro a mãozinha da CIA e da Embaixada dos Estados Unidos, no dia 8.1.2023.

O Centrão é o setor do Congresso mais facilmente comprável, mas ao mesmo tempo mais suscetível a aprovar qualquer política anti-Brasil desde que traga algum rendimento para eles.

Os efeitos colaterais do governo ter ficado refém do Centrão

A manobra do 8.1.2023 acarretou efeitos colaterais um pouco indesejados, como esse projeto de lei o evidenciou.

As negociações diretas entre Lula e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, têm acontecido sob essa base.

A aprovação das leis que mais o governo Lula/Alckmin quer impor, como o Arcabouço Fiscal e a Lei das Fake News, tem até piorado em relação à proposta apresentada, para alegria do imperialismo e de todos os inimigos do Brasil. Mas o custo tem sido a liberação de verbas para os deputados usarem nas suas campanhas, além de outras “cositas” pouco conhecidas pelo público leigo.

Já no caso do Senado, a atuação do governo é relativamente mais simples. Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, é um representante dos bancos, e de conjunto é muito mais reacionário e pró-imperialista que a Câmara dos Deputados, que é mais “fisiológica”, mais orientada aos próprios interesses locais.

O imperialismo norte-americano já tentou se livrar do PMDB para baratear os custos, valendo-se do PSDB, mas aparentemente a real politik o tem levado a manter esse custo, necessário para massacrar o povo brasileiro.

A saída para os trabalhadores e o povo brasileiro é a luta por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, eleita pelas bases, com delegados que possam ser removidos quando traírem o mandato e com salários não superiores aos de um trabalhador médio, que forme os fundamentos de um novo poder popular.