Crise política na Rússia? Putin vs. Wagner/Prigojin

Crise política na Rússia? Putin vs. Wagner/Prigojin

A final, o grupo Wagner realmente ia causar uma guerra civil. Saiba o que devemos entender dessa "invasão" a Rússia

É conhecido o ditado que diz que na guerra a primeira vítima é sempre a verdade dos fatos. Sabemos que operações de inteligência e contrainteligência ocorrem de ambos os lados, e por isso é preciso ter cautela ao avaliar os acontecimentos noticiados pela mídia oficial, que servem para manipular a opinião pública nacional e internacionalmente, principalmente em momentos de guerra e crise geral.

Ninguém que tenha o senso crítico mais apurado acreditaria na narrativa da mídia OTANista, de que a Rússia sofreu uma ameaça de golpe de estado com iminente deposição do presidente. Por outro lado, tampouco é crível o discurso de Putin que corrobora essa mesma narrativa, e ainda prometendo vingança aos traidores da Pátria, para horas depois permitir suas saídas livremente pela porta da frente, sem sanção alguma pelas supostas mortes de pilotos abatidos pelo sistema antiaéreo do Wagner, com garantia de imunidade legal.

Outra possibilidade levantada pelos analistas é que tenha havido uma operação “Maskirovka”, típica das táticas de manipulação psicológicas praticadas na antiga URSS.

Mas se foi isso de fato, todas especulações serão inúteis pois não há como saber agora qual foi o objetivo, já que são operações propositalmente feitas para não terem sentido lógico algum, e sim para confundir e ocultar o verdadeiro propósito.

Seria para que o grupo Wagner pudesse carregar mais armamentos nucleares para Bielorrússia sem levantar suspeitas? Seria para manipular a opinião pública a favor de um líder forte como candidato a sucessor de Putin, que provavelmente vai concorrer pela última vez e até agora não fez sucessor à altura? Não há como saber, só o tempo dirá…

A quem beneficia?

Tanto Lukachenko, como Putin são ex-membros da KGB soviética e muito próximos pessoalmente, acostumados a fazer operações psicológicas militares. Pirigojin é um elemento da sucessora da KGB, a atual FSB.

Por outro lado, são figuras da fecunda burocracia que liberalizou e implodiu a URSS entregando tudo aos imperialistas, contra os quais têm sido obrigados a lutarem pela própria sobrevivência e, talvez, disputando uma fatia do poder hegemônico futuramente.

Sendo o grupo Wagner uma empresa privada bélica, fundada e mantida essencialmente pelo governo russo, goza do prestígio do povo e do Estado.

Tem sua utilidade em atuar por todo o mundo como um braço armado dos interesses do estado russo, sem que o mesmo precise assumir a autoria das suas ações ou eventuais “serviços sujos” ou 25 mil mortos e outros tantos feridos como aconteceu na batalha de Bahkmut/ Artyomovsk.

Em contrapartida sempre há o risco de uma empresa privada ter seus interesses privados colocados em conflito com as decisões estatais e gerar fraturas internas, já que não fazem parte do estado/forças armadas e não estão subordinados às suas ordens e hierarquias, apesar de conhecê-los e participarem das suas políticas até as entranhas.

O que se pode observar de concreto é que esse episódio não alterou em nada o campo de batalha na Ucrânia, e que tampouco havia intenção de qualquer dos lados em destruir o outro, pois ambos sabem que ambos gozam de apoio e também de críticas internas, e nenhum dos dois ia querer causar uma guerra civil num momento tão delicado e que a Ucrânia está enfraquecida pelo sua fracassado “contra-ataque”.

O fato é que essa rápida negociação entre os senhores da guerra sob holofotes midiáticos, seja lá por qual motivo for, causou uma divisão interna de opiniões na Rússia a respeito de suas lideranças num momento delicado que exige coesão, arranhando a imagem de ambos os lados e ao mesmo tempo fortalecendo-a, bem como um debate sobre as estratégias mais adequadas a serem adotadas pela Defesa (Shoigu e Gerasimov) na condução da operação especial de desnazificação da Ucrânia, que já dura quase um ano e meio. Se há uma ação conjunta visando um objetivo ainda oculto, pode ser que seja por uma excelente razão.

Independente de qual forem as razões e os resultados, cabe a nós mantermos a clareza sobre quem de fato são nossos maiores inimigos, saber distingui-los dos que estão momentaneamente aliados conosco contra o inimigo em comum, e também distinguir estes daqueles que são o nosso próprio lado, um dos nossos. Para que a partir dessas premissas possamos lutar pela implementação prática da nossa política, usando todas as táticas possíveis sem jamais negociar ou abrir mão da nossa estratégia final, que é não apenas derrotar o imperialismo como instaurar o regime socialista proletário internacional.

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