O Brasil, como é de domínio público, é um dos países mais ricos do mundo e ao mesmo tempo um dos países onde as contradições sociais e das piores.
Até agora o povo brasileiro tem sido tratado como boiada de currais eleitorais e como mão de obra barata.
No ano passado, o governo Bolsonaro conseguiu impor uma horda de direitistas no Congresso Nacional e nos governos estaduais por meio de enormes recursos públicos que melhoraram um pouco a vida da população; basicamente a redução dos preços dos combustíveis e o aumento significativo do Bolsa Família que foi transformado em Auxílio Brasil.
Surge a pergunta recorrente, principalmente a partir da intelectualidade da classe média. Por quê o povo brasileiro é tão facilmente manipulável?
Os trabalhadores e o povo são concretos. Eles buscam resolver os seus problemas materiais e pouco se importam com quem os resolva.
Eles ainda não tomaram consciência de que são eles mesmos os que devem tomar o futuro nas suas mãos.
Consciência acadêmica ou consciência política formada na luta?
A maior parte da intelectualidade acha que o povo tomará consciência da sua situação por meio da educação acadêmica oficial. Nada mais equivocado.
Os trabalhadores e o povo tomam consciência a partir das suas próprias lutas contra os seus opressores. E por meio de erros e acertos vão avançando rumo ao enfrentamento aberto contra o regime.
O fator principal que os movimenta é o aprofundamento da crise capitalista, que enfraquece os mecanismos de controle, a começar pelos mecanismos de contenção social.
A ditadura exercida nas empresas contra os assalariados, incluindo os assalariados disfarçados, por meio da ameaça do desemprego, se enfraquece com a crise em relação à perda das ilusões de ascensão social por dentro do sistema.
Quando a crise afeta a classe média o colchão social de controle fica muito enfraquecido.
Hoje no Brasil, na América Latina e no mundo, as burocracias corruptas que controlam os principais sindicatos, organizações sociais e partidos políticos transformaram-se em aparatos cartoriais ligados ao estado e às empresas capitalistas. As bases de massas praticamente desapareceram.
A crise capitalista avança no mundo todo. A onda atual provocou a desestabilização da Europa, que é um dos principais centros do capitalismo mundial.
A desestabilização continua avançando e coloca o quintal traseiro do imperialismo norte-americano em xeque, na tentativa desesperada para conter a maior crise da sua história.
Estão colocados em pauta grandes levantes populares também na América Latina, dando continuidade aos levantes do Chile, Colômbia, Equador e Colômbia.
No Brasil, está colocada a retomada do ascenso de massas da década de 1980.
A história avança, não em linha reta, mas em espiral. Parece voltar à situação anterior, mas volta num nível superior.