Jornadas de junho de 2013, reflexões 10 anos depois

Jornadas de junho de 2013, reflexões 10 anos depois

O golpe da Dilma: De lá para cá a situação dos trabalhadores só piorou, e não importa qual governo liberal assuma o controle da caneta, a crise é estrutural e global.

Os ascensos de massas, quando impulsionados por movimentos “liberais”de direita ou “anarquistas horizontalistas” (como o MPL. Movimento do Passe Livre) que buscam apenas pautas imediatas, costumam ser abandonados sem direção e entregues de bandeja, depois que a pauta imediata ter sido superada, para movimentos de cunho fascistas golpistas, como o MBL (Movimento Brasil Livre), o bolsonarismo ou mecanismos institucionais golpistas como a Operação Lava Jato.

Essa política conduz a baixar as bandeiras da revolução proletária e dar espaço às bandeiras fascistas, pois os ascensos populares são inevitáveis nas crises do capital e não existe vácuo no poder.

Quando ascensos de massas ocorrem durante governos submetidos à manutenção dos interesses da ordem vigente, a reação a tais movimentos é autoritária e repressiva, como foi a política da então presidente Dilma Rousseff ao sancionar a “Lei Antiterrorista” contra os manifestantes, ou, ao acionar o instrumento militar de intervenção GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para espancar manifestantes que tentaram evitar o leilão do Campo de Libra da Petrobras, bem como a violenta repressão policial do atual vice-presidente e então governador de SP, Geraldo Alckimin, que cegou jornalistas com bala de borracha e espancou alunos secundaristas nas ocupações de escolas.

O tom lavajatista que tomou as manifestações com a pauta genérica do “combate sistemático à corrupção e ao desvio de recursos públicos” como principal elemento de reivindicação e representação da indignação popular, que supostamente não era “só pelos 20 centavos” da passagem, foi o tom imprimido pela própria presidente Dilma em seu primeiro discurso após os atos.

Na sequência dos acontecimentos, veio o estelionato eleitoral em meio à ebulição popular e uma disputa eleitoral apertada, quando a mesma garantiu que nenhum direito social seria retirado “nem que a vaca tussa”.

A “governabilidade” aberta pelo segundo governo Dilma

Após as eleições presidenciais de 2014, iniciou-se o trabalho de “governabilidade” junto ao Congresso para aprovar as reformas trabalhista e previdenciária, sob o eufemismo de “regulamentações”, que viriam a se concretizar no governo de seu vice Temer e, posteriormente, Bolsonaro.

Além, é claro, do fato de ter colocado Joaquim Levy para aplicar políticas de austeridade fiscal contra a população iguais às que Aécio Neves tinha prometido, que vieram com força total nos governos seguintes e permanecem hoje com a mesma ou maior intensidade no atual governo e seu novo teto de gastos (o Arcabouço Fiscal).

Atualmente, em razão da efeméride de 2013, a editora Boitempo está lançando um livro organizado pelo petista e pseudorrevolucionário Breno Altman, com a participação do também pseudorrevolucionário Jones Manoel-PCB (que junto com PSTU e Movimento Vem pra Rua, de Paulo Lemann, participou das manifestações de 2015 pelo impeachment), e também com a contribuição da própria ex-presidente Dilma Rousseff.

No balanço feito por eles, Dilma teria sido a figura que melhor interpretou a situação política na época.

Se é isso mesmo, restam algumas perguntas que ficaram sem respostas: se a presidenta Dilma foi quem teve a melhor leitura de conjuntura das manobras políticas que estavam ocorrendo, por quê tomou tantas atitudes “erradas” em favorecimento dos golpistas?

Foram erros ou parte de um projeto golpista da classe dominante comandada a partir de Washington DC?

Em troca de quê aceitou ser deposta sem convocar a massa para resistência, facilitando o caminho de Temer na construção da chamada “Ponte para o Futuro” ao exonerar todos seus ministros para deixar o caminho livre de entraves burocráticos?

Seria não ter ficado inelegível?

Futuramente virar presidente do banco dos BRICS, depois de ter sido afastada por “pedaladas fiscais”?

De lá para cá a situação dos trabalhadores só piorou, e não importa qual governo liberal assuma o controle da caneta, a crise é estrutural e global.

Inevitavelmente haverão novos ascensos de massas, sob a pressão da maior crise capitalista de todos os tempos, que precisarão ter clareza política da sua necessária missão histórica, que lhes permitam unir e organizar a classe trabalhadora para uma mudança definitiva, estrutural.

Para tanto é necessário que as vanguardas revolucionárias saibam como atuar para se fundir às massas orientando-as, quando a próxima janela de oportunidade revolucionária se abrir, pois, socialismo ou barbárie é coisa do passado, já vivemos na barbárie.

Agora é socialismo ou o fim da espécie humana e do mundo como o conhecemos.

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