Os verdadeiros resultados da reunião cume dos BRICS

Os verdadeiros resultados da reunião cume dos BRICS

BRICS realmente está sendo um contra pontos importante para a caída do imperialismo norte americano?

Os principais resultados da reunião cume dos BRICS, realizada na África do Sul, representam alguns avanços em contra da dominação mundial do imperialismo norte-americano, mas há limitações muito importantes.

O compromisso em continuar aumentando o comércio entre os membros nas moedas locais é o que mais pode ser identificado com uma política em contra do sistema atual imposto pelas potências dominantes, principalmente os Estados Unidos.

O restante das resoluções pouco afetam a dominação imperialista atual:

·      A reforma das Nações Unidas, principalmente do Conselho de Segurança, até os Estados Unidos querem fazer, mas com o objetivo de acabar com o poder de veto da Rússia e da China;

·      O aumento no desenvolvimento do turismo mútuo ou o aumento da cooperação em matéria de segurança alimentar pouco afetam o fundamental, apesar de ser positivo;

·      O grupo opõe-se às barreiras comerciais, incluindo as impostas por alguns países desenvolvidos sob o pretexto de combater as alterações climáticas, mas essa declaração não quer dizer que adotarão alguma medida concreta para acabar com os organismos controlados pelo imperialismo;

·      A integração confirma o seu compromisso de trabalhar para uma recuperação económica forte, sustentável, equilibrada e inclusiva, o que pouco quer dizer enquanto for mantido o controle do imperialismo sobre os mecanismos de espoliação dos trabalhadores e dos povos do mundo, tais como a especulação financeira ou as corruptas dívidas públicas dos países neocoloniais;

·      Abordar adequadamente o problema da dívida internacional para apoiar a recuperação económica e o desenvolvimento sustentável como consta na declaração pouco significa, pois o imperialismo não tem condições de abrir mão dessa rapina financeira. E só abrirá mão se for obrigado a tal;

·      A valorização dos G20 pouco afeta à dominação imperialista. O contrário a fortalece;

·      A Agenda da União Africana para 2063, com a criação de uma zona de livre comércio só será possível com a expulsão das potências imperialistas da região, o que evidentemente não acontecerá de maneira pacífica;

·      Os BRICS apelam ao fortalecimento dos mecanismos de desarmamento e não-proliferação, o que em princípio seria positivo se desconsiderássemos que a guerra é a principal saída capitalista para a pior crise da história e que hoje a corrida armamentista está muito mais acelerada do que nunca;

·      Os participantes da reunião cume dos BRICS tomaram nota com satisfação das propostas relevantes de mediação e bons ofícios que visam uma resolução pacífica do conflito ucraniano através do diálogo e da diplomacia, incluindo a missão de manutenção da paz dos líderes africanos. O problema é que o imperialismo impede a adoção do Protocolo de Istambul do ano passado da mesma maneira que usou os dois acordos de Minsk para armar o regime ucraniano até os dentes em contra dos russos;

·      A realização da reunião cume de 2024 em Kazan, na Rússia, também é uma ruptura do bloqueio imposto pelo imperialismo, o que reflete a crescentes contradições do sistema. Resta ver até que ponto países como a Rússia e a China podem continuar avançando, de maneira gradual, e contra do imperialismo por meio dos BRICS.

O presidente russo, Vladimir Putin, propôs a formação de um comité permanente de transportes do BRICS que tratará do desenvolvimento de corredores de transporte inter-regionais e globais.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, apelou à cooperação no domínio espacial. Trabalhar para formar um sistema de satélites do BRICS, e é possível formar um centro de pesquisa espacial do BRICS, que beneficiará toda a humanidade, enfatizou.

O presidente chinês, Xi Jinping, apelou à criação de um instituto de inteligência artificial e afirmou: “A inteligência artificial pode trazer grandes benefícios, mas ao mesmo tempo acarreta muitos riscos. Estamos felizes por ter um instituto privado nesta área e por compartilhar isso com nossos amigos, para que o uso da inteligência artificial seja mais seguro.”

Um novo mundo multipolar?

O chamado mundo multipolar tem como base uma espécie de política internacional reformista, onde as potências imperialistas iriam gradualmente perdendo a sua dominação mundial e de maneira gradual, iriam abrindo passo a um mundo mais equitativo no qual não haveria a dominação imperialista.

Esta visão não passa de uma ilusão, que fica ainda mais ilusória quando vemos a ação prática do imperialismo por exemplo na guerra na Ucrânia.

O fato de que o presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, não tenha participado por causa das denúncias da Corte Penal Internacional, que é controlada pelos Estados Unidos, dá uma ideia da pouca “vontade democrática” do imperialismo em abrir mão da sua dominação.

O Brasil é o país, dentre os membros fundadores, que mais se encontra sob a bota do controle dos Estados Unidos, seguido pela África do Sul.

Dos seus novos seis membros (Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Irã e Etiópia), a Argentina se encontra numa situação de submissão ainda pior que a do Brasil.

Na Declaração final há elementos gritantes que revelam a manutenção da estrutura da dominação imperialista. Por exemplo, ali lemos “apoiamos uma Rede de Segurança Financeira Global forte baseada em quotas com a participação do FMI (Fundo Monetário Internacional)”. Quem controla o FMI?

Lula da Silva disse explicitamente que “o Brasil não deve ser um contraponto ao G7 nem ao G20 nem aos Estados Unidos”. Essa política revela que mesmo que sejam usadas as moedas locais, a dominação do dólar não está muito perto de acabar.

A propaganda burguesa apresenta dados gerais como a população, o PIB e o comércio global na tentativa de mostrar que os BRICS seriam tão fortes como os Estados Unidos ou ainda mais fortes que a Europa.

Sobre a desdolarização

O imperialismo norte-americano continua controlando as alavancas do coração do capitalismo mundial, mas está perdendo fôlego. Esta situação poderá acelerar com a derrota militar na Ucrânia, embora que, considerando que a guerra é a principal saída capitalista para a sua maior crise de todos os tempos, esta guerra representa apenas uma batalha de uma guerra que tende a ser mundial.

A porcentagem do comércio entre os membros atuais do BRICS utilizando o dólar americano caiu para menos de um terço enquanto mais de 40 países estão em algum estágio de adesão ao BRICS.

A crise da dominação da potência imperialista hegemônica é evidente. Mas substituir o dólar norte-americano como parâmetro para precificar as matérias primas e outros produtos, escolhendo alguma unidade nocional neutra que não seja afetada pelas taxas de câmbio, que estão sujeitas à manipulação política, requer a derrota do imperialismo em termos militares, e não apenas numa batalha.

Até agora, os déficits dos Estados Unidos têm sido encobertos pela dívida soberana, forçando demais países a comprar títulos de dívida emitidos pelos Estados Unidos e pela União Europeia. 

O colapso do dólar e do euro implicaria no colapso tanto dos Estados Unidos como da Europa como países imperialistas, o que os obrigaria a ir à guerra. Não é mediante reformas que a situação mudará.

O objetivo formal dos BRICS é organizar uma transição suave para um ponto em que tanto o imperialismo esteja muito fraco para causar danos significativos.

Como vivemos sob o capitalismo mundial em crise, a luta pelo mercado mundial continuará encarniçada. A derrota do imperialismo hegemônico atual só poderá implicar no surgimento de novas potências imperialistas, a menos que o capitalismo mundial seja derrotado pela revolução dos trabalhadores em escala mundial.

Para o próximo período está colocado o enfrentamento aberto entre os trabalhadores e a burguesia mundial, que tem como principal combustível a crise capitalista.

COMPARTIR:

Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn

Deja un comentario

Plataforma Latino Americana