Balanço das greves de 3.10.2023 em contra das privatizações

Balanço das greves de 3.10.2023 em contra das privatizações

3 de outubro dia de greves contra às privatizações e precarizações dos empregos. Paralisação no metrô de SP e CPTM, junto com os estudantes da USP, SABESP, FONASEFE, EMBRAER e sindicato dos metalúrgicos.

No dia 3 de outubro de 2023, foram realizadas várias greves em contra das privatizações do governo de São Paulo.

A paralisação dos trabalhadores de nove linhas do Metrô da cidade de São Paulo e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) contou com uma ampla adesão.

A pressão da Justiça foi dura como sempre, ameaçando com multas de R$ 1,5 milhão a R$ 2 milhões aos sindicatos que não garantissem o funcionamento mínimo.

A greve dos metroviários foi encerrada às 23.59 do próprio dia 3 de outubro com a recusa de realizar nova paralisação na próxima semana. Haverá uma nova assembleia na segunda-feira 9.10.2023.

Os estudantes da USP (Universidade de São Paulo) realizaram paralisação em várias faculdades em contra da precarização rumo à privatização, o que incluiu o déficit de professores, dado que disciplinas foram até canceladas por causa da falta de docentes. A reitoria liberou 879 novas vagas para contratação, mas o processo ainda não andou.

Segundo o Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo), filiado à CTB, a central controlada pelo PCdoB, a adesão à greve foi de 75%. O serviço continuou funcionando normalmente; os setores mais afetados foram a manutenção e a arrecadação. Os trabalhadores da Sabesp realizaram um ato em frente à EEE (Estação Elevatória de Esgotos) na Ponte Pequena.

Os servidores públicos federais, agrupados no Fonasefe (Foro Nacional dos Servidores Públicos Federais) estão realizando esta semana uma série de atividades em contra da Reforma Administrativa que culminará no sábado 7 de outubro com uma Plenária Presencial em Brasília onde será debatido a possibilidade desses servidores entrarem em greve.

No mesmo dia, os trabalhadores da Embraer, em São José dos Campos (SJC), fizeram greve entre as 5:45 e as 9:00 da manhã; reivindicaram o aumento real de salário, perante a proposta da Empresa que oferece apenas 4,06%, a renovação da convenção coletiva (que data de 2017) e a manutenção de direitos que a Empresa quer eliminar.

O Sindicato dos Metalúrgicos de SJC informou que a greve acabou após pressão da Empresa e da Polícia Militar que prendeu o dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, José Dantas Sobrinho, e o militante do movimento por moradia Luta Popular, Ederlando Carlos da Silva.

A Embraer, que é uma das principais fabricantes de aviões do mundo, conta com 9 mil trabalhadores em SJC, sendo 5 mil nas linhas de produção.

Também aconteceram greves parciais também no Aeroporto Internacional de Guarulhos, realizada por trabalhadores terceirizados que protestaram em contra da proibição do uso de celulares nas áreas de carga e descarga nos terminais e as condições de trabalho.

Na segunda-feira 2.10.2023, os trabalhadores da fábrica metalúrgica Incomisa, localizada em Pindamonhangaba (SP), que tem 300 funcionários realizaram uma paralisação de uma hora, pelo aumento dos salários na Campanha Salarial. Paralisações similares, em fábricas menores, começam a aparecer em vários pontos do Brasil.

A greve unificada e a burocracia sindical

As greves que aconteceram no dia 3 de outubro foram muito positivas porque mostraram a força do movimento operário, principalmente quando são realizadas greves unificadas.

Mas está claro que a força do movimento grevista não esteve à altura de enfrentar o trator das políticas colocadas pelo regime no Brasil, que no fundamental, é imposta pelo imperialismo norte-americano, com o objetivo de nos sugar até a última gota de sangue e manter a seu quintal traseiro pacificado, enquanto continua fortalecendo a sua política de guerra como a principal saída para a sua maior crise histórica.

As burocracias que controlam os sindicatos estão longe de terem condições de guiar os trabalhadores a vitórias. Elas são responsáveis por terem mantido o movimento paralisado desde o final do governo Temer, sob a forte pressão da Operação Lava Jato, e de ter apoiado a candidatura Lula/ Alkmin com o objetivo de rever as verbas que vem do estado, como a Contribuição Sindical, que já foi revertida.

Além disso, essas burocracias contam com muito pouco apoio das bases porque não as mobilizam e por causa de ter transformado os sindicatos em balcões de negócios com as recorrentes traições aos interesses dos trabalhadores.

Em grande medida, a greve unificada foi impulsionada com o objetivo de posicionar os candidatos do PT, PSOL e PCdoB em vista às eleições municipais do próximo ano, buscando desgastar a política da direita. É uma continuidade da política que aplicaram no final do governo Bolsonaro de jogar toda a força na eleição de Lula/ Alckmin porque al longo do governo Bolsonaro não teria sido possível lutar porque se tratava de um governo de extrema direita e ainda tinha a Operação Lava Jato por trás.

Essa política de integração total da burocracia sindical e dos partidos políticos oficiais ao regime continua sendo uma política de contenção, embora que menor que a aplicada até agora, e coloca os interesses dos trabalhadores sob a bota da “frente ampla” que governa o Brasil.

Tentando imitar a política aplicada pela burocracia sindical do UAW (o sindicato das montadoras dos Estados Unidos), que levou Joe Biden a um piquete, a presidente do Sindicato dos Metroviários, Camila Lisboa, do Psol/Resistência, o grupo que rachou do PSTU, liderado por Valério Arcary, tentou empurrar que Lula fosse a um dos piquetes.

A política de conter as privatizações por meio de um plebiscito só pode vingar por meio de uma grande mobilização dos trabalhadores, apoiada pelo povo brasileiro devido a que os interesses envolvidos são poderosos e só poderão ser contidos por meio de forte luta.

Para organizar a luta e buscar a vitória é preciso mobilizar as bases, buscar a unificação das lutas, principalmente entre os servidores do Estado de São Paulo, visando a formação de oposições classistas e revolucionárias 

O surgimento de greves importantes marcam um caminho de resistência muito importante porque bate onde mais dói ao sistema atual, a paralisação da produção.

A própria realização de paralisações ou greves gerais só pode surgir a partir da generalização das greves e paralisações em setores produtivos específicos.

A nova onda grevista no Brasil sinaliza a entrada num novo período, onde os trabalhadores encurralados passam a enfrentar os ataques.

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