O genocídio brutal em Gaza evidencia a crise das «democracias» capitalistas

O genocídio brutal em Gaza evidencia a crise das «democracias» capitalistas

Uma nova "Guerra Fria" se avizinha no horizonte; no entanto, ela é muito mais complexa do que a anterior. Novas tecnologias, armas nucleares, interconexões mais complexas e a maior crise jamais vista.

Enquanto as autodenominadas «democracias», que na realidade são estados imperialistas, que vivem fundamentalmente de extorquir as neocolonias, e que são antigas potências coloniais, usam como propaganda o discurso da democracia plena, o genocídio em Gaza é cada vez mais intensificado. 

É clarividente que o apoio incondicional ao Estado sionista de Israel pelas principais «democracias» imperialistas, em especial os Estados Unidos e seu instrumento, a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). 

Os governos e movimentos pró-Palestina, principalmente a chamada Resistência, que têm enfrentado o sionismo e o imperialismo, que inicialmente eram exclusivamente muçulmanos, têm se expandido com o apoio vindo mais amplo do chamado Sul Global, que no fundamental são países atrasados, que mantêm contradições com as potências imperialistas que controlam o mercado mundial hoje. Nesses tempos, fica claro que as autodenominadas «democracias» falharam não pelo apoio direto ao genocídio, contra a Convenção sobre o Genocídio, e a conivência com as bárbaries deste massacre que só se alastram, mas também pela derrota dos sionistas israelenses nesta guerra.

Uma nova «Guerra Fria»

A regulamentação de tamanha violência não está na agenda dos direitos tão sacralizados pelo imperialismo. 

Vivemos mais do que nunca a retomada de uma nova “Guerra fria”: o imperialismo contra o resto.
A falsa «democracia», que na realidade é um leve verniz para encobrir cada vez mais brutais ditaduras, forjada na ampla propaganda de base moral e jurídica «contra violência» e «contra terrorismo» e a favor do Estado de direito, dos direitos humanos, mas que na prática tem cerceado até os direitos mais básicos de expressão e manifestação. 

O mesmo discurso que há décadas devasta nações e povos ao passo que implodem a soberania de países por meio de suas guerras, tal como o fizeram nas Coréias, Iêmen, Iraque, Afeganistão e em tantos outros.

Gaza: a maior prisão a céu aberto do mundo

Gaza, um campo de concentração menor que a ilha de Florianópolis no Brasil, no qual vivem mais de 2 milhões de Palestinos, evidencia a desmoralização dessas «democracias» farsantes, que longe de cumprirem as normas e protocolos do direito internacional e da moralidade que elas mesmas criaram a fim de controlar os povos, fazem o contrário, impulsionam o genocídio mais transparente de toda a história da humanidade.

O nível desproporcional do massacre em Gaza, com as mortes, destruição, bombardeios e deslocamentos evidencia o caráter mortífero do imperialismo, que agora enfrenta também o despertar da mobilização internacional como principal obstáculo de sua estratégia colonial que já dura décadas contra o povo palestino.
No entanto, o bombardeamento implacável de Israel sobre a sitiada Faixa de Gaza continua sem sinais de abrandamento, no meio de uma catástrofe humanitária crescente e da ameaça iminente de uma extensão da guerra na região. 

 A brutalidade sionista contra os palestinos

Vivenciamos mais de 100 dias de um massacre desenfreado crescente. Já são mais de 25 mil vidas perdidas em Gaza, e outras milhares embaixo dos escombros e da poeira. Ainda em janeiro de 2024, o gabinete de comunicação social de Gaza declarou que Israel já lançou mais de 65 mil toneladas de bombas no território. 

A análise de dados geoprocessados e citados pela Associated Press mostra que cerca de 33 por cento dos edifícios em toda a Faixa de Gaza foram destruídos. 

As Nações Unidas estimam que 1,9 milhões de pessoas, quase 85 por cento da população, foram deslocadas internamente, enquanto mais de 90 por cento enfrentam uma insegurança alimentar aguda. 

Além disso, autoridades da ONU já mostram que uma em cada quatro pessoas em Gaza está morrendo de fome, isso porque a ajuda humanitária enviada é controlada e boicotada pelo Estado sionista de Israel. 

Israel interrompeu todas as importações de alimentos, medicamentos, energia e combustível para Gaza desde o começo da invasão. A crueldade deste massacre é tão grande que a Organização Mundial da Saúde afirma que a maioria dos 36 hospitais do enclave pararam de funcionar, e que apenas 15 estão funcionando parcialmente e estes operam com até três vezes a sua capacidade, sem combustível adequado ou suprimentos médicos. 

Os laboratórios em funcionamento já não existem mais, o que impede o auxílio e a ajuda dos médicos e funcionários da saúde. Consequentemente as doenças infecciosas têm se espalhado rapidamente. 

Segundo o representante da OMS em Gaza, Richard Peeperkorn, o número de casos de diarreia entre crianças com menos de cinco anos foi 20 vezes superior em Novembro de 2023 em comparação com a média do ano anterior.

A solidariedade com o povo palestino cresce no mundo

A mobilização internacional tem sido a principal pedra no sapato dos lacaios do imperialismo Biden e Benjamin Netanyahu, que tem a grande imprensa burguesa como principal porta-voz de seu discurso. 

Nesses últimos meses, a África do Sul levantou acusações no Tribunal de Haia, contra os crimes de Israel, evidenciando para todo o mundo os atos genocidas os quais os Palestinos são submetidos. 

Nesse procedimento a África do Sul afirma que é preciso verificar as ações cometidas por Israel em Gaza as quais configuram violações à distintas obrigações presentes na Convenção de Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio de 1948.

Além disso, também visa a obtenção de uma decisão em procedimento cautelar e suspensão imediata das ações militares de Israel em Gaza e contra Gaza. 

A maioria dos países que apoiam a iniciativa da África do Sul são do mundo árabe e da África. 

Nenhum país da Europa ou das demais potências imperialistas declararam apoio ao caso aberto pela África do Sul contra Israel. 

Os EUA colocaram-nas como infundadas; o Reino Unido as considerou injustificadas e a Alemanha afirmou que as «rejeita explicitamente».

Várias formas de luta contra os sionistas e o imperialismo

Ao mesmo tempo, a Resistência tem se fortalecido e o apoio dos países árabes, sob pressão dos seus povos, vem ganhando força. 

Os Houthis do Iêmen, nos últimos meses, vêm bloqueando rotas marítimas comerciais no Mar Vermelho, e ameaçam bloquear o Canal de Suez e o Estreito de Ormuz. 

A guerra entre Israel e o movimento libanês Hezbollah e outros grupos palestininos na fronteira norte de Israel vem ampliando as fronteiras de tensões deste massacre.
Nos Estados Unidos, no ano da eleição presidencial, Joe Biden perde o apoio dos muçulmanos dia após dia, hashtags como “Abandon Biden ou Joe genocide” vêm ganhando as redes sociais. 

Os protestos ganham as ruas de diversas partes do país o que é grave para os lobbies sionistas que desde 2015 contam com 34 estados que aprovam leis anti-BDS (anti boicote) para punir as empresas que boicotam Israel, seja exigindo o comprometimento de tal feito pelos contratantes estatais, ou também pressionando para que o Estado se desvincule de qualquer empresa que ouse tal protesto de boicote.
Alguns manifestantes têm entrado em estabelecimentos que financiam o genocídio em Gaza apelando para que os consumidores parem de contribuir para as grandes marcas, como as grandes rede de fast food –  McDonalds e Starbuck. 

A filial do McDonalds em Israel anunciou no mês passado que forneceria refeições gratuitas aos soldados israelenses. Contudo, a pressão do boicote foi tamanha não só nos Estados Unidos como no Kuwait e Catar, que após mobilizações a favor do boicote, a franquia no Kuwait anunciou que doará mais de 160 mil dólares (782 mil reais) em ajuda para os habitantes de Gaza. No Catar, “o McDonald’s prometeu doar 275 mil dólares (1,34 milhão de reais) para o território palestino e afirmou em um comunicado que é uma entidade diferente das filiais da rede em Israel.”
A mensagem é clara – quanto mais a pressão popular avança, mais o sionismo precisa se preocupar em cercear, cassar e calar a luta de nossos povos e de todos aqueles que lutam a favor do povo palestino. 

Não podemos parar de lutar

Não haverá liberdade em qualquer parte do mundo enquanto um povo estiver sendo oprimido. 

Não haverá paz enquanto o genocídio do povo palestino não cessar, e para isso só uma solução se mostra legitima a favor desta luta, a dissolução do Estado sionista de Israel, que não pode existir, pois se baseia no racismo, na limpeza étnica, no apartheid e colonização da Palestina.
Em paralelo à continuidade do massacre dos palestinos, uma nova onda de protestos aconteceu na frente da casa do genocida Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, na última semana de Janeiro e também protestos numa sessão do comitê de finanças do Knesset, o Parlamento israelense, que exigem uma ação urgente para a libertação dos familiares presos pela Resistência Palestina.

Estamos presenciando o acirramento de novas tensões regionais, em vários pontos do Planeta e o definhamento das «democracias» farsantes, a decadência e a crise do imperialismo, como produto da maior crise capitalista de todos os tempos.

Mais do que nunca, precisamos mostrar a força da luta de nossos povos, defender o direito de autodefesa e soberania de nossas nações, ir às ruas e tornar essa luta permanente. Não podemos mais endossar as falsas «democracias» que na realidade são opressores imperialistas. 

Rosa Luxemburgo disse: “Quem não se move, não sente as correntes que o prendem”. A resistência dos povos oprimidos é legítima. Nossa luta é a única via existente para nossa emancipação diante as correntes e algemas do imperialismo.

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