Greve ou Diálogo? A batalha pela sobrevivência dos serviços públicos

Greve ou Diálogo? A batalha pela sobrevivência dos serviços públicos

Uma parte dos trabalhadores ainda tem a ilusão de que o melhor caminho para manter os direitos, que se encontram sob forte ataque de maneira generalizada, seria dialogar com os patrões.

Nos Correios, por exemplo, assim como nas demais empresas públicas, essas ilusões são fomentadas por uma campanha orquestrada a partir do governo que busca entregá-las para os grandes capitalistas a troco de nada, como é a norma nas privatizações, que mais parecem doações..

Se houvesse “respeito” do governo com os trabalhadores, não haveria o brutal sucateamento que está em marcha neste momento com o objetivo óbvio de terminar de entregar as empresas públicas e de acabar com os gastos sociais. 

Se houvesse algum “respeito” o grosso dos gastos públicos não seriam direcionados a manter a especulação financeira, principalmente, por meio da rolagem da ultra parasitária e corrupta dívida pública.

O descaso com os atendentes do interior e da periferia é gritante; sem nenhuma segurança para trabalhar mesmo diante dos diversos assaltos e violências que vêm sofrendo. 

Aliado a tudo isso, há o assédio dos gestores, a mando da Empresa, que querem fazê-los vender serviços e cumprir metas absurdas, no limiar do assédio moral, com o objetivo de apresentar a suposta “ineficiência” do serviço público. O verdadeiro objetivo é continuar fechando as agências e ampliando a rede de agências franqueadas para onde, hoje, é desviado mais de 45% dos lucros apesar delas representarem pouco mais de 30% do total. Todos os funcionários das agências franqueadas são terceirizados precarizados.

Os OTTs [operadores de triagem e transbordo], que trabalham no coração da Empresa, nas atividades fim, hoje são terceirizados.

E os terceirizados também têm chegado aos carteiros, que hoje trabalham em condições deploráveis e com um excesso enorme de carga de trabalho.

Os terceirizados ganham muito menos que os concursados, apesar de fazerem o mesmo serviço, e não têm garantias perante os recorrentes calotes das empresas terceirizadas.

Cresce o descontentamento da população com o serviço, o que representa a típica política para preparar a privatização.

Debater com uma parede?

Se houvesse o diálogo por parte da Direção da ECT (Empresa de Correios e Telégrafos), se houvesse interesse em discutir os graves problemas da categoria, pelo menos, haveria algum tipo de conversa séria. 

A Direção da Empresa, em nenhum momento, deu atenção aos diversos problemas apresentados pela categoria, que foram colhidas nas bases, da boca das pessoas que estão todos os dias na labuta, nos locais de trabalho, sentindo as dores de um trabalho precarizado, carente de novas regras que protejam e melhorem as condições de trabalho, como, por exemplo, o tempo máximo de rua, a segurança nas agências, as novas contratações etc.  

Continuamos assistindo a muitas promessas e nenhum fato.                      

Se a situação financeira da Empresa fosse crítica, as agências franqueadas não dariam lucro e os desvios do Postalis teriam sido revertidos pelo Governo Federal. 

Os Correios não têm recursos?

Depois de ter acabado com o Correios Postal, que representou um duro golpe contra a saúde dos trabalhadores, o governo e a Empresa pararam de falar em supostos prejuízos bilionários.

Num passado não muito longíquo, a ECT [Empresa de Correios e Telégrafos] declarava oficialmente um prejuízo de R$ 2,1 bilhões enquanto realizava patrocínios diversos, incluindo Olimpíadas (R$ 300 milhões) e diversos outros esportes e eventos culturais. 

Criou uma Empresa subsidiária – Correios Par – investindo um capital inicial de 400 milhões e contratando centenas de empregados sem concurso para ganharem salários altíssimos. Essa Empresa passou a funcionar desde 2014, porém ninguém sabe o que ela faz e no que ela atua. Tudo isto com recursos da ECT.  

A criação do Postal Saúde representou um golpe, um duto de desvio de dinheiro. 

Essa Empresa foi criada nos mesmos moldes da Correios Par, com o pretexto de que a Correios Saúde gastava muito com a saúde do trabalhador. Só que a Correios Saúde gastava 900 milhões por ano, e tinha qualidade. A Postal Saúde, no entanto, gasta 1,7 bi (quase o dobro) com uma rede bem menor de credenciados [já perdeu a metade dos membros iniciais devido aos custos absurdos], que deixaram de atender por causa do atraso no pagamento e tabela rebaixada. Como explicar isto?

As terceirizações e o sucateamento continuam a todo vapor e a Empresa passou a falar em lucros bilionários.

Os capitalistas somente entendem o diálogo da força.

Não ao sucateamento dos Correios!

Por uma campanha unificada contra as privatizações!

Equiparação salarial para os terceirizados com os concursados!

Por un Correios público e de qualidade!

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