Irã x Israel e a propaganda imperialista

Irã x Israel e a propaganda imperialista

Por trás da retórica e da guerra de propaganda, emerge um cenário complexo de rivalidades regionais, interesses e agendas ocultas

Por Mafra

Nos últimos dias, a escalada de demonstrações de força entre o Irã e Israel causou ainda mais tensão no Oriente Médio. O que desencadeou essa crise aparentemente sem expectativa de acabar?

Este conflito não é de agora. Desde o início da Guerra Civil Síria em 2011, no Oriente Médio escalou a complexa rede de interesses, conflitos e agentes externos, com potências regionais e imperialistas buscando afirmar sua influência, como fruto da política do salve-se quem puder imposto pela maior crise capitalista mundial da história.

 O Irã, aliado crucial do regime sírio, tem mantido tropas na Síria desde 2013, em parte como resposta ao conflito em curso e em apoio ao governo de Bashar al-Assad, junto com a Rússia e o Hizbollah libanês. 

Além disso, o Irã fornece treinamento e financiamento à Resistência contra os sionistas israelenses e o imperialista, o que inclui, além do Hezbollah, as milícias de mobilização popular do Iraque, as milícias xiitas da Síria e o movimento Ansar Allah, ou Houthis, do Iêmen.

Em meio a esse cenário tenso, Israel tem lançado uma série de ataques aéreos contra a Síria. 

Desde a retomada de agressões entre Israel e Palestina, em outubro de 2023, esses ataques se intensificaram, estourou em paralelo a guerra de Israel com todo o eixo da Resistência.

Em eventos recentes, como os ocorridos em dezembro de 2023 e janeiro de 2024, importantes líderes militares iranianos foram alvo desses ataques, exacerbando ainda mais as tensões na região.

No mais recente episódio desse conflito, em 1º de abril de 2024, um ataque aéreo israelense atingiu o Consulado iraniano em Damasco, causando danos e resultando na morte do comandante da Força Quds, Brigadeiro-General Mohammad Reza Zahedi, juntamente com outras quinze pessoas. O embaixador iraniano Hossein Akbari disse que o edifício do consulado “foi alvo de seis mísseis de aviões de guerra israelenses F-35”.

O ataque representou uma aberta violação à integridade territorial do Irã e até aos princípios diplomáticos mais elementares.

Não houve qualquer condena por parte das potências imperialistas que apoiam os sionistas israelenses.

Em retaliação à agressão promovida por Israel, e alegando aderir ao Artigo 51 da Declaração das Nações Unidas, o Irã agiu em legítima defesa, lançando 3 ondas de ataques contra o território de Israel.

A primeira onda se constituiu em um ataque de drones que demoraram cerca de 9 horas até chegar em Israel, grande parte deles interceptados, e que tinha como objetivo revelar e saturar a defesa aérea sionista. 

Na segunda onda foram lançados mísseis de cruzeiros e mais drones.

Na terceira onda, foram lançados mísseis hipersônicos que atingiram 3 bases militares desde onde tinha sido atacado o Consulado iraniano em Damasco; vários desses mísseis hipersônicos passaram acima do Knesset, a assembleia legislativa israelense

Esses mísseis hipersônicos não conseguiram ser detectados pela defesa aérea israelense nem com a ajuda dos Estados Unidos, do Reino Unido e da França, que participaram ativamente, junto com a Jordânia, na defesa de Israel.

O ataque funcionou mais como uma mensagem, uma demonstração de autodefesa, poder e soberania militar. 

Após o ocorrido, Israel afirmou que haveria retaliação, mas isso ainda não aconteceu, o que demonstra a fraqueza do que tinha sido vendido como um dos exércitos mais fortes do mundo.

A crise regional no Oriente Médio, agora conhecida como Ásia Ocidental, continua escalando rumo a uma guerra de proporções ainda maiores.

A Nova rota da seda e a escalada da guerra

No Oriente Médio, o imperialismo tem buscado aumentar as tensões por causa do controle do petróleo e a tentativa de fazer fracassar a nova rota da seda promovida pela China. 

Uma das rotas comerciais vai por terra, da China até Veneza, passando pelo Oriente Médio. Já a marítima passa por boa parte do Oriente, a costa leste da África e a costa saudita, também tendo como destino final a Itália. 

A iniciativa da Nova Rota da Seda, promovida pelo presidente chinês Xi Jinping, busca fortalecer os laços da China com o mundo exterior por meio de investimentos maciços e projetos de infraestrutura, com o objetivo de facilitar as exportações de mercadorias chinesas ao mercado europeu em primeiro lugar. É um influxo financeiro sem precedentes em aproximadamente 150 países.

Em paralelo, e impulsionado pelos Estados Unidos, os Governos da Arábia Saudita, da União Europeia, da República da Índia, dos Emirados Árabes Unidos (EAU), da República Francesa, da República Federal da Alemanha, da República Italiana e dos Estados Unidos da América passaram a formar outro bloco em paralelo, o IMEC (India – Middle East – Europe Economic Corridor). O projeto foi efetivamente formado no dia 10 de agosto de 2023. 

O principal intuito da rota é de, ao mesmo tempo, se contrapor à rota chinesa e criar um «novo Oriente Médio», como afirmou o próprio primeiro-ministro israelense, Netanyahu na apresentação do projeto na ONU no dia 22 de setembro do mesmo ano.

Curiosamente, antes de apresentar o projeto, dois dias antes Netanyahu foi até a Casa Branca apresentar os planos ao presidente Biden.

«Durante a reunião, os dois líderes reiteraram seu compromisso de garantir que o Irã nunca adquira uma arma nuclear, bem como a contínua cooperação estreita entre Israel e os Estados Unidos para combater todas as ameaças representadas pelo Irã e seus representantes.», afirma a carta oficial da Casa Branca sobre o encontro.

Ou seja, uma das principais problemáticas do IMEC é que, para que seus planos funcionem, é necessária uma «pacificação do Oriente Médio», especialmente a Faixa de Gaza e o Irã. Algo que já é de conhecimento público que vem falhando miseravelmente cada vez mais. 

O aumento das contradições intercapitalistas é um fenômeno próprio do aprofundamento da crise capitalista.

É a crise o que coloca em movimento os trabalhadores e os povos oprimidos por causa do aumento do aperto da burguesia que busca aliviar a própria pressão sobre os seus negócios.

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