Primeira Hora: a morte lenta dos correios e as empresas privadas

Primeira Hora: a morte lenta dos correios e as empresas privadas

Os trabalhadores, cada vez mais, se encontram numa encruzilhada: ou lutam ou morrem de fome. 

Quinta-feira 18 de abril de 2024

As empresas de logística matam os Correios, enquanto … Querem que nós fiquemos aguardando a morte chegar

Os padrões de consumo da população têm mudado com o aumento significativo das compras on-line.

As empresas de logística têm realizado fortes investimentos em tecnologia, frota e processos operacionais colocando os Correios contra as cordas.

Os Correios têm um déficit de investimento enorme, não consegue acompanhar a concorrência o que se reflete na perda de mercado, na qualidade do serviço e reputação, e a forte piora das condições de trabalho dos seus funcionários diretos e indiretos.

Se não houver uma mudança clara na política de gestão, o crescente sucateamento dos Correios só poderá conduzi-lo à bancarrota e/ou à privatização total porque não será páreo para a concorrência.

Por um Correios a serviço da população!

Contra a privatização dos Correios e de todas as empresas públicas!

Contra o sucateamento e pela contratação de, pelo menos, mais 50 mil concursados!

Fora a burocracia sindical dos nossos sindicatos! 

Que a crise seja paga pelos capitalistas!

Quem são os concorrentes que estão quebrando os Correios?

A metade das empresas de logística usam os Correios como meio de entrega.

Esse percentual vem reduzindo ano a ano devido ao surgimento crescente de novas transportadoras para ecommerce, como por exemplo Asap Log, Azul Cargo Express, B2 Log, Braspress, DH, Fedex, Jadlog, Kangu, Loggi, Mandaê, TRE, Rodonaves, TN, Total Express, TSV Transportes.

Dentre elas, os Correios é considerada apenas a quinta melhor.

A Asap Log conta com mais de 1.000 lojas disponíveis como pontos de retirada, mais de 3.000 veículos em rotas diárias e mais de 50 mil entregas realizadas diariamente.

A Braspress conta com uma frota de 300 veículos, 9.000 funcionários e 4.000 terceirizados, em 117 filiais pelo país, com 60 mil entregas diárias.

A Total Express atende em todo o território nacional, mais de 800 cidades, com uma capacidade operacional de mais de um milhão de entregas por dia, com 68% das entregas realizadas em até 48 horas.

O Mercado Livre, agora aliado à Gol, está fazendo pesados investimentos para acelerar os tempos de entregas. Foi destinada uma frota de seis aviões de carga só para o Mercado Livre, com a possibilidade de adicionar mais seis até 2025.

Além de empresas de logísticas especializadas, há os gigantes varejistas.

A Magazine Luiza comprou quatro empresas de logística nos últimos anos, Logbee em 2018, GLF, Sinc Log e a Sode, essa de entregas via motocicleta.

Todas essas empresas trabalham com processos e tecnologias avançadas.

A concorrência no setor é cada vez mais acirrada.

As margens de lucro no setor de logística são baixos o que pressiona o aumento da produtividade e a redução dos custos. 

O que esperar dos novos investimentos dos Correios?

As empresas de logística criam seus próprios ecossistemas, o que deixa os Correios numa situação ainda muito mais difícil.

Os Correios têm agências em todo o país, até nas regiões mais remotas. 

A tecnologia e os processos operacionais dos Correios estão obsoletos.

Entretanto, a estatal anunciou investimento de R$350 milhões, o que evidentemente está muito longe do necessário para concorrer no setor.

Isso inclui a construção de um centro de logística em Brasília para as operações de tratamento e um centro de logística integrado. 

Está considerada a instalação de uma máquina para a automatização do tratamento da carga, com capacidade de tratar 300 mil objetos por dia, o que representa um aumento de produtividade de 700% em relação ao tratamento manual atual.

Há ainda processos de obras em andamento em Londrina, Paraná, e em São Luís do Maranhão, bem como a construção de um hub internacional em Natal, Rio Grande do Norte, para atender o Nordeste que recebe 23% das entregas internacionais do país.

Já foram licitadas as obras para a reforma de mais de 400 das 6.000 agências, enquanto o número de agências franqueadas têm disparado e não há abertura de novas agências próprias.

Há 10 anos a participação dos Correios nas entregas do e-Commerce era de 80%. Hoje é de 45% e está em rápida queda.

O volume das despesas administrativas é um problema operacional grave em relação à concorrência no contexto atual em que este mercado passou a ser controlado por grandes empresas estrangeiras.

Qual a saída para os Correios segundo a Empresa?

O presidente do Correios, Fabiano Silva, disse que é necessário retomar os investimentos para garantir a qualidade no ambiente de trabalho e a excelência na prestação de serviços.

Mas e na prática; 

O que estamos vendo é a terceirização total dos centros operacionais, a ampliação das agências franqueadas, o uso de métodos arcaicos nos CDDs, como triagem manual de cartas, DDA que é um tiro no pé, dificulta o processo de entregas e prazo, já que os clientes querem entregas mais eficientes e em menos tempo.

Os clientes estão a cada dia mais insatisfeitos.

O clima de trabalho na Empresa é cada vez mais tenso e piora a cada dia, com retiradas de direitos e trapalhadas constantes na folha de pagamento, sem plano de saúde e o uso cada vez mais intenso de trabalhadores terceirizados que fazem o mesmo serviço por menos salários, apesar do desvio de recursos para as empresas terceirizadas.

Trabalhamos com métodos ultrapassados e arcaicos e para reduzir custos ataca os direitos dos trabalhadores concursados e super explora toda a mão de obra.

Os cargos políticos, os desvios dos lucros, principalmente para o pagamento da dívida pública sangram os lucros da Empresa, que são ocultados por meio do segredo dos Livros Contábeis.

Se esperarmos pela Empresa e o governo, o último que sair que apague a luz!

Qual a saída para os Correios segundo os trabalhadores?

Dentro do contexto atual, a saída para os Correios aparece como sendo muito difícil.

Os trabalhadores precisam defender seus direitos e suas condições de vida e de trabalho independentemente das manobras e políticas da Empresa e dos governos para favorecer os lucros dos abutres capitalistas.

Os Correios precisam investir seriamente para se manter no mercado, mas não passando um trator por cima de nós trabalhadores.

A primeira medida que deve ser tomada é a abertura dos Livros Contábeis para tomarmos ciência da verdadeira situação.

O dono da América Latina, os Estados Unidos, enfrenta a sua maior crise de todos os tempos e busca desesperadamente manter os lucros, aumentando os ataques contra os trabalhadores, assaltando os cofres públicos e apertando com muita força o seu quintal traseiro, a América Latina.

O imperialismo norte-americano impõe quatro eixos para aumentar a espoliação do Brasil: 

1) as privatizações, a troco de nada, de 400 empresas públicas; 

2) o aprofundamento da «reforma trabalhista», com a liquidação total da CLT e da Previdência Social; 

3) o sucateamento total dos serviços públicos sociais para direcionar os recursos para um punhado de especuladores financeiros; 

4) o ultra sucateamento dos recursos por meio da ultra corrupta dívida pública e outros mecanismos de espoliação financeira.

Os trabalhadores, cada vez mais, se encontram numa encruzilhada: ou lutam ou morrem de fome. 

Devido ao grau de paralisia atual, em grande medida provocado pela traição da burocracia, é preciso impulsionar a luta avançando por meio da ampla divulgação de denúncias que demonstrem claramente o sucateamento e os ataques contra a ECT.

Os pelegos das direções sindicais não representam uma saída porque estão totalmente no bolso da Empresa e do governo.

Devemos organizar a luta pelas unidades de trabalho, pela base.

Pela unidade de toda a Categoria, incluindo terceirizados e aposentados!

Greve ambiental para exigir condições de trabalho mínimas!

Sindicatos para lutar!

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