O Primeiro de Maio de 2023 no Brasil

O Primeiro de Maio de 2023 no Brasil

Em uma das principais cidades do Brasil, no dia 1 de maio, dia do trabalhador. Adivinha quantas pessoas o presidente da República e as principais centrais sindicais conseguem convocar... Isso mesmo, quase ninguém. Conheça as perspectivas de luta para os verdadeiros revolucionários e trabalhadores do Brasil.

O Dia do Trabalhador no Brasil, especificamente na principal cidade do Brasil, São Paulo, foi algo parecido com aberrante.

O Ato da Praça da Sé contou com um pouco mais de 500 participantes.

O organizaram a Conlutas, uma das Intersindicais, o Sindicato dos Químicos, o Sindicatos dos Metalúrgicos de São José dos Campos, quatro partidos políticos legalizados, PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados), PCB (Partido Comunista Brasileiro), grupos do PSOL e a UP (Unidade Popular), além de várias outras organizações pequenas e não legalizadas, como o POR (Partido Operário Revolucionário) e a FNL, a Frente Nacional de Lutas, cujo principal líder é o José Rainha, que voltou a ser preso há uns dias.

Da base dos sindicatos não havia ninguém, pelo menos caracterizados ou organizados. O mais organizado e vinculado com o movimento popular era a FNL.

Os discursos eram no geral genéricos, mas de oposição ao governo e ao Ato que do governo Lula/Alckmin no Vale do Anhangabaú.

Somente quando os militantes de Primera Línea Revolucionaria expuseram alguns cartazes com propostas concretas, alguém no carro de som teve a “brilhante ideia” de denunciar a Política Fiscal aprovada pelo governo, o Arcabouço Fiscal dos Sonhos de Paulo Guedes.

Mas isso não se repetiu. O que sim se repetiu foram os chamados do PSTU a acabar com a “guerra imperialista em Ucrânia” com a retirada das tropas russas dos territórios ocupados, o que é a política da OTAN (Organização do Atlântico Norte), já que não resolve o problema da agressão da OTAN e a situação dos russófonos que moram na Crimea, no Donbass, em Kherson e Zaporizhia, pelo menos.

Ainda muito pior. O PSTU levantou a bandeira da OTAN de apoio para a resistência ucraniana, que como é público e sabido é apoiada pela própria OTAN.

Nenhum dos demais participantes disseram uma única palavra sobre essa série de aberrações.

O Primeiro de Maio do governo Lula/Alckmin

O Primeiro de Maio do Vale do Anhangabaú foi ainda muito pior que o da Praça da Sé.

Dentre os convidados estavam altos figurões do governo Lula/Alckmin e o próprio governador do Estado de São Paulo, o bolsonarista assumido Tarcísio, que depois do 8.1.2023, faz parte da base informal do governo, e que obviamente têm muito pouco a ver com os trabalhadores.

O número de participantes no momento pico do Ato, a intervenção de Lula, era em torno de três mil. Exagerando, para fazer uma enorme concessão aos lulistas/alckmistas, poderíamos considerar, fazendo enorme esforço, até o dobro; isto é 6 mil participantes.

Considerando que se tratava de ninguém menos que o Presidente da República do Brasil, o número de participantes foi ridículo.

Somente a burocracia da Apeoesp (Associação de Professores do Estado de São Paulo) conta com mais de mil burocratas. Ao todo no Ato, não passavam (exagerando) de 100.

A CUT, a Apeoesp, a Força Sindical, a CSB, os demais sindicatos e partidos políticos não mobilizaram ninguém das bases de trabalhadores.

Uma exceção foi o PCO (Partido da Causa Operária), que se mostrou o grupo mais ativo no Ato do governo, apesar de também não ter mobilizado trabalhadores de base, até porque neste momento nenhum grupo político ou sindical tem base no movimento operário.

Os companheiros da FNL também participaram do Ato do governo.

Do MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra) não havia quase ninguém. E os que participaram evidentemente nem sequer sabiam o que estavam fazendo.

Os militantes das centrais da direita e também da CUT, simplesmente estavam “disfarçados” como sindicalistas e eram moradores da periferia.

O MTST, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto de Boulos, nem sequer apareceu por lá.

O discurso de Lula foi um show de horror de direitices, faladas em tom de velho sindicalista para torná-las um pouco convincentes.

Lula defendeu a política fiscal do governo, que Paulo Guedes, a Rede Globo e o imperialismo amam de paixão. Mas evidentemente sempre com a expectativa de espremer ainda mais os trabalhadores e o povo brasileiro.

Lula chegou ao ponto de defender abertamente a PL das Fake News que representa um ataque frontal contra a liberdade de expressão.

A desculpa esfarrapada de que o objetivo seria conter o bolsonarismo soa até ridícula para alguém que pense minimamente no assunto. Até porque o bolsonarismo tem a Jovem Pan, o Datena, as redes sociais, os call centers e a Rede Globo e seus amigos que, assim que o imperialismo ordenar, voltarão a todo vapor a pintar e bordar de novo.

O alvo somos nós! Os trabalhadores, o movimento de massas, os revolucionários. Isso por imposição do imperialismo que quer nos calar por medo de um grande levante de massas no Brasil e na região.

Ninguém da base governista levantou uma única palavra de ordem pública contrária às políticas do governo Lula/Alckmin.

Perspectivas

Olhando para esse verdadeiro show de horror que foi o Primeiro de Maio de 2023 no Brasil, a tendência mais natural é cair na desmoralização. O que seria até “natural”.

Mas os verdadeiros revolucionários temos o dever histórico em primeiro lugar de entender onde estamos em pé.

Se bem as organizações de luta dos trabalhadores e das massas estão praticamente todas corrompidas e destruídas, os mecanismos de contenção social dos grandes levantes nunca estiveram tão fracos como agora.

E obviamente Lula não é páreo para um grande levante de massas, considerando a política de terra arrasada que Lula/Alckmin estão aplicando no Brasil.

Da mesma maneira que aconteceu no final dos anos de 1970 e 1980, o movimento de trabalhadores e popular inevitavelmente encontrará o seu caminho de luta e não permitirá que o Brasil e o seu povo sejam destruídos na mão de agentes do imperialismo.

O papel dos verdadeiros revolucionários passa em primeiro lugar, por entender claramente a evolução da situação política no seu movimento contraditório. Entender que os levantamentos de massas são inevitáveis, porque são um produto direto da crise do capital, e que quanto mais eles forem represados, com mais força eles estourarão.

O nosso papel é justamente levar lucidez política a esses levantes que acontecerão e que deixarão todos os traidores atuais no lixo da história. 

COMPARTIR:

Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn

Deja un comentario

Plataforma Latino Americana