Guia de Resistência Contra a Privatização dos Correios: Orientações e Estratégias

Guia de Resistência Contra a Privatização dos Correios: Orientações e Estratégias

Os EUA intensificam a exploração do Brasil para proteger os lucros dos grandes capitalistas, o que desencadeará a privatização das nossas empresas públicas, como a Petrobras e os Correios, minando empregos e padrões de vida. Resistir exige unidade sindical nacional e uma greve eficaz que pare a produção, desafiando a burocracia e os interesses corporativos.

1. Os donos da América Latina, os Estados Unidos, estão aumentando a espoliação do Brasil com o objetivo de salvar os lucros dos grandes capitalistas que enfrentam crescentes problemas para extrair lucros da produção.

2. A privatização dos Correios, a troco de pinga, está colocada à ordem do dia, conforme o sucateamento avança em todas as frentes, e apesar do governo o haver retirado da privatização em termos formais. 

3. A privatização total dos Correios, que é a maior empresa de logística da América Latina,  facilitará a privatização integral de várias outras empresas públicas, em primeiro lugar  a grande galinha dos ovos de ouro, a Petrobras, que se encontra em altíssimo grau de sucateamento.

4. A privatização tem sido feita como um processo, que já se encontra em estágio avançado de  andamento,e  que passa pelo sucateamento das empresas públicas, em primeiro lugar, das condições de trabalho e de buscar o descontentamento da população.

5. As privatizações implicam em demissões em massa e junto com os ataques generalizados em contra dos direitos da população  implicam num duríssimo ataque contra as condições de vida dos trabalhadores. 

6. Essa política truculenta não é simplesmente produto de pessoas más. Ela é imposta pela necessidade de salvar os grandes capitalistas em crise da bancarrota. Essas grandes empresas enfrentam enormes dificuldades para gerar empregos, e devido à adoção da tecnologia (que lhe é imposta pela concorrência) são obrigadas a dispensar trabalhadores em massa, que são os que produzem os lucros (robôs ou computadores não produzem lucro; eles são amortizados).

7. O controle das direções sindicais por meio de mecanismos estatais, que incluem desde chantagens até a distribuição de funções em larga escala, faz parte da política da privatização. Uma greve radicalizada numa empresa nacional desse porte, que tem tradições de mobilização e luta, poderia contagiar outras categorias e acordar o movimento operário no Brasil e até na América Latina.

8. Para controlar o movimento grevista, portanto, os grandes capitalistas se valem da burocracia sindical. Esta é composta, em primeiro, por aqueles ex trabalhadores que não trabalham mais e que controlam os caixas dos aparatos sindicais. Setores secundários da burocracia recebem benesses ou privilégios da burocracia sindical, tais como liberações. Não ter a chefia no pescoço, não cumprir horários e a disciplina da Empresa representam privilégios muito importantes em relação aos trabalhadores. Ainda mais na atual situação de crise.

9. A um único patrão deve corresponder um único sindicato. Nesse sentido, a luta deve ser nacional e, fundamentalmente, deve ter como objetivo derrotar a política do governo e da Empresa para o qual se faz necessário quebrar o núcleo central da burocracia que, no caso dos Correios, é a burocracia hiper patronal e pelega do Rio de Janeiro e de São Paulo. Se isso não acontecer, qualquer movimento estará inevitavelmente condenado ao fracasso.

10. Para uma greve ser vitoriosa e colocar a possibilidade dos trabalhadores terem as suas reivindicações atendidas, deve paralisar a produção. A produção e os setores de trabalho devem ficar sob controle dos trabalhadores.

11. Uma greve onde a produção não é paralisada, não passa de uma greve branca que os patrões conseguem controlar com a ajuda da burocracia, conforme o temos visto várias vezes.

12. Sem lutar para envolver todos os trabalhadores na luta, o movimento dos trabalhadores se enfraquece. Por esse motivo, os trabalhadores terceirizados e os trabalhadores das franquias, assim como os aposentados e anistiandos, também fazem parte dos trabalhadores dos Correios, apesar de serem ignorados pela burocracia sindical que só pensa no próprio bolso.

Teses sobre os trabalhadores de luta

1. Devido à semi paralisia do movimento de trabalhadores no Brasil e no mundo, que dura três décadas, e que está chegando ao fim, os ativistas de luta se encontram acuados. Os que atuam nos sindicatos se encontram sob forte pressão do núcleo duro da burocracia, o que controla o caixa dos sindicatos.

2. Como é normal numa situação de paralisia, somente aproximadamente 10% dos trabalhadores tendem a lutar, apesar da confusão generalizada. Isto se confirmou na última greves nos Correios em que a adesão foi de aproximadamente 15%. No outro polo, há aproximadamente 10% de trabalhadores abertamente pelegos e pró Empresa. Os 80% restantes oscilam e, devido à pressão da Empresa, são tomados pela confusão generalizada.

3. A tarefa colocada para os trabalhadores de luta é fazer uma propaganda e agitação paciente, cotidiana e recorrente, principalmente, entre os 10% a 15% dos trabalhadores mais combativos, os que aderiram às greves ou que percebem o senso de urgência da situação.

4. Sem quebrar a burocracia dos próprios sindicatos é impossível a luta avançar. Deve ser exigido a abertura das finanças dos sindicatos e que todas as contas sejam muito claras, controladas pela diretoria ampliada, com prestações de contas transparentes e muito frequentes para a base; inclusive com a publicação mensal dos balanços.

O número de funcionários dos sindicatos deve ser reduzido ao mínimo. O sindicalismo brasileiro é um sindicalismo atrelado ao estado; esses funcionários (independentemente da eficiência) são o setor mais vinculado às pressões e esquemas impostos pelo estado. As decisões devem ser tomadas de maneira coletiva, combatendo o “personalismo”, dos dirigentes que tratam do sindicato como se fosse sua propriedade privada.

5. Os diretores liberados para trabalhos burocráticos devem ser reduzidos ao mínimo. As liberações devem ser direcionadas para realizar o trabalho de base. Mas o que é o trabalho de base?

6. A maioria dos ativistas entende que realizar o trabalho de base seria trabalhar no setor e discutir e lutar por melhorar as condições de trabalho, principalmente lutando para resolver os problemas do dia a dia. Enquanto isso, o núcleo da burocracia controla os caixas dos sindicatos em benefício próprio e, nos bastidores, faz todo tipo de conchavos (abertos ou velados) com os demais setores da burocracia, com a Empresa e com o governo. O objetivo principal é continuar controlando os aparatos.

7. Realizar o trabalho de base é explicar aos trabalhadores o que fazer, indicar rumos e perspectivas, principalmente na luta contra a privatização e o sucateamento das condições de trabalho. Isso deve ser feito por meio da imprensa classista, a serviço dos trabalhadores, dos boletins e, principalmente, por meio das palavras de ordem que orientem a luta. Mas o que explicar e como explicar?

8. A maior parte dos ativistas, inclusive os mais sérios, desprezam a política em geral. Mas a luta contra a privatização é uma luta contra o governo, que inclusive tem um governo ainda maior por trás, o dos Estados Unidos. E toda luta contra o estado é em si uma luta política. Por esse motivo, os ativistas não podem confundir a política revolucionária (em prol dos trabalhadores) com a política patronal burguesa (que representa ataques generalizados contra os trabalhadores) e da qual a burocracia sindical faz parte.

9. Em prol de fazer um trabalho sério, de base, os ativistas sérios não podem abandonar as reais necessidades dos trabalhadores em cima dos brutais ataques colocados. É preciso quebrar a burocracia a partir dos principais centros, começando por São Paulo e do Rio de Janeiro, mas também é preciso quebrar a própria burocracia, principalmente em relação ao controle do dinheiro dos sindicatos que pertencem aos trabalhadores. 

10. Os aparatos sindicais se encontram burocratizados devido ao atrelamento ao estado, à paralisia dos trabalhadores e, principalmente, à traição da burocracia. O dever dos ativistas sindicais é ser ativistas de luta, classistas,, isto é, lutar de maneira consequente em prol dos interesses dos trabalhadores.

11. Os ativistas classistas devem lutar pela retomada dos sindicatos como órgãos da luta real dos trabalhadores, que vai muito além da Justiça do Trabalho ou do desconto das mensalidades e impostos no contracheque.

12. Para os ativistas lutarem de maneira consequente, eles devem ter visão clara e ampla dos problemas. Da política nacional e mundial; do caráter de classe dos aparatos do estado burguês patronal; do caráter de classe e dos golpes recorrentes da burocracia que atua a serviço dos patrões. Da crise capitalista e, sob esta base, do inevitável ascenso que acontecerá no próximo período. Para isso, precisam se agrupar em torno de um programa de luta consequente para os Correios e para todos os trabalhadores. Portanto, os ativistas de luta precisam lutar pela construção da vanguarda de luta contra o regime capitalista e todos os seus agentes, unindo a teoria, o entendimento geral, com a militância prática.

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