Eleições Brasil: quem venceu e quem perdeu?

Eleições Brasil: quem venceu e quem perdeu?

Entenda melhor a situação das eleições no Brasil, o país continental da América Latina. Que significam esses números? Foi vencido o "fascismo"? Ganhou o povo?

Nas eleições presidenciais brasileiras, Lula/ Alckmin, com 48,43% dos votos válidos, e Jair Bolsonaro, com 43,20% dos votos válidos, passaram ao segundo turno quando será eleito o novo presidente da República.

Os demais candidatos obtiveram os seguintes resultados:

Simone Tebet, do MDB (direita): 4,16% dos votos válidos.

Ciro Gomes do PDT (centro esquerda direitizada): 3,04%.

Soraya Thronicke do União Brasil (direita): 0,51%.

Felipe D’Ávila do Partido Novo (direita abertamente “neoliberal”): 0,47%.

Padre Kelmon do PTB (direita ligado a Bolsonaro): 0,007%.

Leo Péricles da Unidade Popular (nome eleitoral do Partido Comunista Revolucionário): 0,05%.

Sofia Manzano do PCB (Partido Comunista Brasileiro): 0,04%.

Vera do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado): 0,02%.

Eymael do Democratas Cristãos (direita): 0,01%.

Nas eleições para os governos dos estados, a direita venceu já no primeiro turno, a eleição para dois dos três principais estados da Federação. Em Minas Gerais, Zema, do Partido Novo, venceu com 56,18% dos votos válidos, e no Rio de Janeiro, Claudio Castro, do Partido Liberal, venceu com 58,67% dos votos válidos.

Em São Paulo, Tarcísio, do Partido Republicanos (direita), com 42,32% dos votos válidos, e Fernando Haddad (Partido dos Trabalhadores de Lula), com 35,70% dos votos válidos, passaram ao segundo turno.

As abstenções somaram 32.765.980 votos, ou 20,94% do total. Os votos nulos 2,82% e os votos brancos 1,59%.

De onde vieram os votos em Lula/ Alckmin?

Os votos em Lula/ Alckmin vieram principalmente do Nordeste e em segundo lugar do Norte do país; o que revela que a influência de Alckmin em matéria de puxar votos no sul do país, principalmente em São Paulo, foi pequena. O papel do quatro vezes governador do Estado de São Paulo esteve mais focado em ganhar apoio dos setores mais conservadores e reacionários, como a Fiesp (Federação das Industrias do Estado de São Paulo), os latifundiários e os religiosos de direita.

O grosso da votação em Bolsonaro vem principalmente do Sul e do Centro-Oeste.

O Bolsonarismo segue tão forte no Brasil como o Trumpismo nos Estados Unidos, em grande medida porque conta com o apoio semi velado do imperialismo norte-americano.

No Estado de São Paulo, para governador

No Estado de São Paulo, a principal novidade é que pela primeira vez em mais de duas décadas, o PSDB ficou fora da disputa.

O mesmo aconteceu nas eleições presidenciais pela primeira vez desde 1994. A sobrevida do Psdb no segundo turno nas eleições presidenciais desde 1994, e por meio de várias manobras desde 2012, agora colapsaram.

O PSDB que foi o principal instrumento para impor as políticas pró imperialistas, denominadas “neoliberalismo” durante os governos de FHC (1995-2003), e que continuou sendo um instrumento para a imposição das mesmas políticas do Estado de São Paulo até hoje, está praticamente liquidado como instrumento preferencial da burguesia e do imperialismo.

A direita tradicional tem sofrido duros golpes desde a crise capitalista de 2008.

Fernando Haddad do PT obteve 35,7% dos votos válidos (8.337.139). Haddad, segundo as palavras do próprio Lula, “é o mais tucano dentro do PT”. Ele foi um dos responsáveis por ter entregado a eleição de 2018 a Jair Bolsonaro e ao Bolsonarismo.

O abstencionismo no Estado de São Paulo foi maior que a média nacional: 21,63%, além de 7,92 % de votos nulos e 6,06 % votos brancos. Um total de 35,61%, ou quase a mesma quantidade de votos obtidos por Haddad.

Na Cidade de São Paulo, a maior votação em Haddad veio das periferias da Zona Sul e da Zona Oeste.

No Rio de Janeiro, para governador

No Rio de Janeiro, o principal derrotado foi o PDT, de Ciro Gomes, que apenas obteve 8% dos votos válidos, no reduto principal do brizolismo (em referência a Leonel Brizola).

O abstencionismo somou 22,76% dos votos que, adicionados dos votos brancos (5,98%) e dos votos nulos (9,09%), totalizou 36,5% dos votos. Ou seja, superou os votos no Marcelo Freixo do PSB (apoiado por Lula) que obteve apenas 27,38% dos  votos.

Votação para governador, em Minas Gerais

O que mais chama a atenção na votação para o governo do Estado de Minas Gerais é a liquidação total do PSDB, do ex governador e ex senador Antonio Anastasia, e atual ministro do Tribunal de Contas da União, que conseguiu apenas 0,56% dos votos.

O abstencionismo somou 22,29% dos votos que, adicionados dos votos brancos (5,59%) e dos votos nulos (8,62%) totalizou 36,5% dos votos, ou seja, superou os votos no Kalil, do PSD, que obteve 35,08% dos votos.

A eleição de Zema, do Partido Novo, ainda no primeiro turno, representa a política da burguesia de manter o controle com mão de ferro dos três estados pilares da Federação, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.

Sobre o abstencionismo

O abstencionismo continua forte e avançando, convertendo-se, na prática, na segunda força política.

A soma das abstenções e dos votos brancos e nulos no Espírito Santo foi de 30,76%, muito próximo do segundo colocado, Manato, do Partido Liberal, que obteve 38,48%.

Na região Sul, no Rio Grande do Sul, somou 27,51%, superando o segundo colocado Eduardo Leite do PSDB.

Em Santa Catarina, somou 27,18%, superando por mais de 10% o segundo colocado, Decio Lima do PT.

No Paraná, somou 30,11%, superando Roberto Requião, que concorreu pelo PT, por 5%.

No Centro-Oeste, no Distrito Federal, somou 26,02%, quase a mesma quantidade de votos do segundo colocado Leandro Grass, do Partido Verde, que obteve 26,25% dos votos.

Em Goiás, somou 30,12% dos votos, superando o segundo colocado Gustavo Mendanha, do Patriotas, por 5%.

No Mato Grosso do Sul, somou 29,46%, superando o segundo colocado Eduardo Rediel, do Psdb, por mais de 4%.

No Mato Grosso, somou 37,21%, superando por mais de 20%, o segundo colocado, Marcia Pinheiro, do Partido Verde, que obteve 16,41% dos votos.

Na região Norte, no Acre, somou 28,77%, superando o segundo colocado, Jorge Viana, do PT, por mais de 4% dos votos.

No Amazonas, somou 29,46%, superando o segundo colocado Eduardo Braga, do MDB, por mais de 9% dos votos.

No Amapá, somou 25,93% ficando em terceiro lugar.

No Pará, somou 28,8%, superando o segundo colocado Zequinha Marinho do Partido Liberal.

Em Rondônia, somou 32,81%, ficando a 5% do segundo colocado, Marcelo Rogério do Partido Liberal, e a 6% de Marcos Rocha, do União.

Em Roraima, somou 21,78%, ficando em terceiro lugar.

No Tocantins, somou 25,45%, superando o segundo colocado, Ronaldo Dimas, do Partido Liberal.

No Nordeste, em Alagoas, somou 38,07%, superando o segundo colocado, Rodrigo Cunha, do União, por quase 12%.

Na Bahia, somou 29,66%; ficou em terceiro lugar.

No Ceará, somou 25,01%; ficou em terceiro lugar.

No Maranhão, somou 34,18%, superando o segundo colocado, Lahesio Bonfim, do Partido Social Cristão por 10%.

Na Paraíba, somou 32,01%, superando o segundo colocado, Pedro Cunha Lima do PSDB, por mais de 8%.

Em Pernambuco, somou 32,62%, ficando em primeiro lugar, mais de 8% à frente da primeira colocada, Marilia Arraes do Solidariedade.

No Piauí, somou 25,44%, ficando em terceiro lugar.

No Rio Grande do Norte, somou 30,63%, superando o segundo colocado Fabio Dantas, do Solidariedade, por mais de 8%.

Em Sergipe, somou 62,74% ficando em primeiro lugar, com destaque aos votos nulos que somaram 39,78%.

Eleições para a Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados está controlada pela direita, não somente do Centrão, mas principalmente com um crescimento da extrema direita.

O principal vencedor à Câmara dos Deputados foi o Partido Liberal (PL), pelo qual Jair Bolsonaro foi candidato.

  • O PP (Partido Progressista, direita) caiu de 47 para 38.
  • O MDB (Movimento Democrático Brasileiro) passou de 34 para 42.
  • O União Brasil, criado a partir da fusão do PSL (o antigo partido de Jair Bolsonaro) e do DEM (o bloco principal do partido da Ditadura Militar, Arena), caiu de 81 deputados, em conjunto, para 57. O principal beneficiado foi o PL.
  • O PT passou de 54 para 68 deputados e na Federação, com o PCdoB e o PV (Partido Verde), são 80.
  • O PSD (Partido Social Cristão, direita) passou de 35 deputados para 40.
  • O PRB, agora Republicanos (direita), saiu de 30 para 39 deputados.
  • O PDT (centro esquerda direitizada) caiu de 28 para 17 deputados.
  • O PSB (centro esquerda direitizada) caiu de 32 para 14 deputados.
  • O Psdb (direita tradicional) caiu de 29 para 13 deputados.
  • O Psol (esquerda pequeno-burguesa) passou de 10 para 12 deputados.
  • O PCdB (esquerda pequeno-burguesa) caiu de 9 para 6 deputados.
  • O PV (esquerda burguesa direitizada) aumentou de 4 para 6 deputados.
  • O PODE (direita) passou de 11 para 12 deputados.
  • O Avante (direita) manteve 7 deputados.
  • O PSC (direita) caiu de 8 para 6 deputados.
  • O Cidadania (antigo Partido Popular Socialista, que nasceu do antigo Partidão, o PCB; hoje de direita) , que tinha apoiado Geraldo Alckmin em 2018 e a Simone Tebet em 2022, obteve 4 deputados.
  • O Patriota (direita) perdeu um deputado; passou de 5 para 4.
  • O Solidariedade (esquerda burguesa direitizada) perdeu nove deputados; passou de 13 para 4.
  • O Partido Novo (extrema direita) perdeu cinco deputados; passou de 8 para 3.
  • O Pros (direita) perdeu cinco deputados; passou de 8 para 3.
  • O Rede (esquerda burguesa direitizada) passou de um para dois deputados.
  • O PTB (Partido Trabalhista Brasileiro, direita) passou de 10 para um único deputado. Este foi o partido do trabalhismo, todo-poderoso durante o governo de João Goulart, deposto pela Ditadura Militar em 1964.

Eleições para o Senado

Das 27 vagas que se renovaram neste ano no Senado Federal, 14 foram ocupadas por nomes apoiados por Bolsonaro. A vitória esmagadora do Bolsonarismo terá grande importância devido ao aumento do controle do Senado Federal pela direita mais extrema, com a capacidade de acelerar privatizações, as leis que apertam o regime ou até de entrar com processos de impeachment contra juízes dos Supremos.

Foram eleitos quatro ex ministros, Rogério Marinho (RN), Marcos Pontes (SP), Tereza Cristina (MT) e Damares Alves (DF), o ex-secretário Jorge Seif (PL-SC), o vice-presidente, Hamilton Mourão (RS-Republicanos), e aliados como Cleitinho (PSC-MG), Romário (PL-RJ), Magno Malta (PL-ES), Wilder Morais (PL-GO), Wellington Fagundes (PL-MT), Jaime Bagattoli (PL-RO), Dr. Hiran (PP-RR) e Dorinha (UB-TO).

Isso sem contar desafetos, como o ex-juiz da Operação Lava-Jato Sérgio Moro, que foi eleito no Paraná pelo União Brasil.

A segunda maior bancada é do conservador PSD, com 12 senadores. A União Brasil e o MDB conseguiram 10 senadores cada um.

O PT tem a quinta bancada e passou de sete para nove senadores.

De conjunto, o Senado eleito em 2022 é o mais conservador em décadas.

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3 comentarios en «Eleições Brasil: quem venceu e quem perdeu?»

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