Qual foi o verdadeiro objetivo das manifestações bolsonaristas?

Qual foi o verdadeiro objetivo das manifestações bolsonaristas?

Todos sabem das manifestações Bolsonaristas que tomaram ruas inteiras e paralissaram estradas pedido a intervenção das forças armadas... Como se chegou a isso no Brasil? O bolsonarismo segue as linhas gerais do trumpismo nos Estados Unidos?

Logo depois do segundo turno das eleições presidenciais, que aconteceu no dia 30 de abril de 2022, setores do bolsonarismo bloquearam várias rodovias em vários estados brasileiros com o objetivo de impor a impugnação da eleição e a intervenção militar.

O presidente Jair Bolsonaro ficou mais de dois dias em silêncio. Seu pronunciamento durou apenas dois minutos, não falou explicitamente sobre a vitória de Lula, mas sobre o respeito à Constituição.

Na quinta-feira, 3 de novembro, quatro dias após as eleições, Bolsonaro foi ao Planalto e cumprimentou Geraldo Alckmin, o vice de Lula, que está coordenando a transição para o novo governo.

No dia anterior, Bolsonaro fez um chamado explícito para que os bolsonaristas abandonassem o fechamento das rodovias, mas sem abandonar os ideais do bolsonarismo.

Sob o ponto de vista meramente eleitoral pareceria que Bolsonaro estaria preparando uma volta em 2026 ou ainda o fortalecimento da sua base eleitoral na tentativa de consolidar-se como uma das principais lideranças da extrema direita.

Mas a realidade é bastante mais complexa do que a mera aparência nos mostra.

Quem melhor expressou essa realidade foi o ministro da Economia, Paulo Guedes: «a transição será tranquila, mas depois do luto».

O bolsonarismo segue as linhas gerais do trumpismo nos Estados Unidos.

Os donos do Brasil e da América Latina, o imperialismo norte-americano, precisam do bolsonarismo no Brasil da mesma maneira que precisam do trumpismo nos Estados Unidos, desde que estejam controlados e possam ser utilizados no momento em que a burguesia precisar. No caso do Brasil, a extrema direita nas ruas foi utilizada para controlar os movimentos de 2013, para impor o golpe contra o segundo governo Dilma e para impor a vitória do bolsonarismo nas eleições de 2018, que representaram a maior fraude eleitoral em um século.

A burguesia conhece a profundidade da sua maior crise de todos os tempos. As manobras para controlá-la não têm dado resultados e o mundo continua avançando a passos largos rumo a um grande colapso capitalista.

É justamente a profundidade da crise capitalista, com o desemprego, a inflação e a carestia da vida, o combustível que coloca em movimento os trabalhadores e as massas.

Da crise à luta

Os ataques do imperialismo principalmente a partir da década de 1980, com o chamado “neoliberalismo” acabaram com os sindicatos e os partidos revolucionários de massas.

O efeito colateral foi que o colchão social de contenção do movimento de massas foi liquidado. A burocracia sindical por exemplo não passa de uma sombra do que foi.

Agora a contenção social é exercida por meio da repressão das forças armadas. São os aparatos repressivos frente a frente com os trabalhadores e as massas.

Os mecanismos tradicionais de repressão não são suficientes para controlar o movimento de massas se for muito forte, principalmente porque eles tendem a desagregar-se. Por esse motivo, a burguesia impulsiona o fascismo para disputar o movimento de massas nas ruas dos setores revolucionários que tendem a formar-se no próximo período, como respostas às necessidades concretas que apareceram a raiz da crise.

A situação política é complexa. Ao mesmo tempo, o aprofundamento da maior crise capitalista de todos os tempos coloca o período mais favorável em muito tempo para organizar a luta dos trabalhadores e das massas.

As tarefas serão complexas e específicas dado que as condições atuais nunca aconteceram antes. Nunca passamos por um período de ascenso onde não havia sindicatos nem partidos revolucionários, mesmo oportunistas, em escala mundial.

Agora é a hora de encarar a realidade e preparar-se para as tarefas estratégicas e táticas colocadas.

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