Com a crise da Ditadura, na década de 1970, um setor da pequeno-burguesia e da burguesia se deslocou à esquerda e passou para a oposição.
Houve um processo de profunda desagregação a partir da crise capitalista mundial de 1974, que foi a base material que levou à crise do regime militar.
O objetivo era modificar o regime, por meio de um acordo, uma saída negociada, com a Ditadura.
A burguesia estimulou uma guinada à esquerda porque era a única saída à crise.
A radicalização desse setor levou ao enfrentamento com o imperialismo e provocou que o poder e a instabilidade conservadora deixassem de existir.
Os direitistas ficaram na defensiva e neutralizados a medida que a classe operária entrou em luta a partir de 1978, e começou a dominar o cenário político.
Em 1980 e 1981, houve um período de refluxo, para passar a um novo período de ascenso nos três anos seguintes.
A partir dos planos Cruzado, a classe operária foi sendo colocada à defensiva.
A partir de 1989 foi se consolidando a ala pequeno-burguesa do movimento sindical, a burocracia.
O movimento estudantil desapareceu a partir de 1989.
As universidades caíram num refluxo total e começou se consolidar o sistema burocrático.
Com o Fora Collor, em 1992, a UNE (União Nacional dos Estudantes), controlada pelo PCdoB em aliança nos bastidores do PT, montou o sistema de carteirinhas, transformando-o num balcão de negócios e estrangulando o movimento.
A guinada à direita da pequeno-burguesia com o neoliberalismo
A partir de 1992, a pequeno-burguesia deu uma visível guinada à direita.
A greve dos professores de 1994 em São Paulo, que culminou com a ocupação da Assembleia Legislativa, foi o último movimento grevista radicalizado.
O primeiro governo FHC completou a guinada da pequeno-burguesia à direita mediante a aplicação das políticas neoliberais por imposição do imperialismo.
Diante a paralisia da classe operária, a classe média buscou uma saída no salve-se quem puder. A época das privatizações foi acompanhada pela proliferação de pequenos empreendimentos, a maior parte numa aliança com o imperialismo, como por exemplo no setor de Internet.
Os governos FHC foram muito conservadores. Houve a quebra da Lei de Greve e duros ataques contra as mobilizações no campo. A relativa estabilidade, a bancarrota de setores da economia e a entrada da China como mercado manufatureiro de baixo custo desde 1989, levaram a classe operária à paralisia quase absoluta.
A crise continuou se desenvolvendo e apareceu claramente no final da década de 1990 com a bancarrota da Argentina. No início da década de 2000, o esgotamento do governo direitista levou o PT ao governo que conseguiu controlar a crise de maneira parcial com farto dinheiro público. Mas a crise continuou se desenvolvendo.
Do golpe militar à política insurrecional
Na base da direitização da pequeno-burguesia, está o aumento da pressão do imperialismo para impôr sua política por meio da força.
A crise capitalista mundial de 2008 levou a direita «neoliberal» à bancarrota eleitoral. Por esse motivo, passou a promover um movimento ativo no sentido golpista. É óbvio que o imperialismo tem estado por trás da desestabilização dos governos nacionalistas em escala mundial.
No Brasil, além do impulso a organizações abertamente golpistas, financia abertamente as alas direita e a burocratizada, que atua como se direita for, do movimento estudantil.
O modelo puro da política do imperialismo para o movimento estudantil foi o golpe de estado no Egito de 2013, onde a mobilização estudantil serviu como respaldo para o golpe militar.
Devido à dificuldade para impôr o golpe tradicional em cima da mobilização dos militares com uma aparência de apoio popular, o imperialismo está recorrendo a uma política de tipo insurrecional para tentar impôr a própria política.
Na Ucrânia, em 2014, o fez financiando uma “revolução de direita”, o que é arriscado e representa um sinal de fraqueza, já que depois fica difícil de controlar, pois estimula a mobilização em outros países.
Esta movimentação é diferente do fascismo fascismo que promove ataques contra as organizações operárias, como o Aurora Dourada o fez na Grécia.
O partido nazista ucraniano Svoboda representa uma espécie de black blocs de direita nas mobilizações.
Aparentemente, isso acontece porque a direita não conta com apoio nas forças armadas, nem consegue ganhar as eleições.
A mobilização golpista na ausência de força militar efetiva, também aconteceu na Venezuela em 2003, quando o exército estava fechado com Hugo Chávez. O imperialismo lançou mão dos estudantes; vários partidos da esquerda pequeno burguesa apoiaram, sobre o dogma das “massas nas ruas”.
Na Síria, nas chamadas «primaveras árabes», o exército esteve com o governo de al-Assad. Por isso, o imperialismo, os sionistas israelenses e a conservadora monarquia saudita lançaram mão da guerrilha, da mesma maneira que a Administração Reagan tinha feito na Nicarágua na década de 1980, financiado os Contras.
Na base da direitização da pequeno-burguesia, se encontra o aumento da pressão do imperialismo para impôr sua política por meia da força devido ao aprofundamento da crise capitalista.