A corrupção e a moral na política

A corrupção e a moral na política

A política da extrema direita para a esquerda pequenoburguesa...

Conforme disseram o iluminista Nicolau Maquiavelo e Jean-Jacques Rousseau, a moral e a política são incompatíveis.

A política da esquerda pequeno burguesa é intrinsecamente moralista, o que conduz à recorrente capitulação à direita.

Perante o aumento da pressão da extrema-direita sobre o regime político,  a esquerda pequeno burguesa aderiu à campanha da luta contra a corrupção com força, após o aumento da pressão do imperialismo por causa do aprofundamento da crise capitalista desde 2008.

Luciana Genro, líder do MES (movimento da esquerda socialista), um dos principais grupos do Psol, chegou a declarar apoio aberto à Operação Lava Jato. 

O mesmo foi feito por várias figuras desse partido como por exemplo, o ex-candidato a prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo, quem nas eleições municipais de 2016 chegou a ser apoiado pela Rede Globo.

O PSTU também apoiou abertamente por meio de uma série de matérias públicas a Operação Lava Jato.

A esquerda pequeno burguesa expressa as vacilações próprias dessa camada social. Ela se tornou uma espécie de partido religioso, não um partido de classe, que luta pelos “bons”, que, na prática, acabam sendo os imperialistas.

O PSTU lança uma cortina de fumaça para apoiar a política do imperialismo, com frases de efeito como “Cuba não é socialista”, embora que se trate de nenhum socialismo, mas de atacar os países que o imperialismo ataca. 

O PSTU acha que não há nem nunca haverá golpe de estado no Brasil e, até mais, que se alguém fosse dar um golpe o daria o PT. 

É a mesma capitulação à propaganda do imperialismo que aconteceu nos anos de 1960 com o PTB, enquanto com a crescente fraqueza do imperialismo e da direita, estes ficam cada vez mais agressivos e reacionários.

Um exemplo da Argentina

Na Argentina, havia um governo simpatizante do fascismo durante a Segunda Guerra Mundial. O ministro do Trabalho era o general Juan Domingo Perón. 

Ele montou a legislação trabalhista e reorganizou os sindicatos, fundou a CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores), porque ele entendia que era necessário criar um mecanismo de contenção das lutas operárias. 

Os trabalhadores, na ausência de uma direção avançada, viram isso como um benefício. 

Um golpe de estado fracassou quando os trabalhadores saíram da periferia de Buenos Aires e começaram a convergir à Praça de Maio. 

Gritaram “Perón” até a madrugada. Tiraram Perón da cadeia, trouxeram ele no balcão da Casa Rosada; ele mesmo anunciou que estava criando um partido dos trabalhadores, que haveriam eleições e que ele seria candidato. 

O imperialismo o acabou derrubando em 1955, porque se tratava de um setor nacionalista, ligado à burguesia industrial.

Os norte-americanos intervieram diretamente na eleição, atacando os crimes da ditadura anterior. Na campanha, Perón levantou o livro da ditadura e os trabalhadores deviam escolher entre Braden ou Perón.

 A esquerda apoiava a democracia. Perón não era amigo dos trabalhadores, mas os outros também não. Esse é o fato que está na gênese da escassa influência de massas da esquerda argentina; uma esquerda pequeno-burguesa no geral, afastada da classe operária. 

A política da extrema direita para a esquerda pequenoburguesa

A campanha encabeçada pela Rede Globo contra o PT para impôr o Bolsonarismo, tinha como um dos eixos colocar como alternativas o PSOL, para os militantes petistas, e Ciro Gomes como candidato para 2018. Merval Pereira e outros representantes do primeiro escalão da Globo aconselharam Lula, mesmo antes da manobra da ala direita do PT que impôs Fernando Haddad,  a desistir e apoiar Ciro Gomes.

A Revista Veja além da campanha feroz contra o PT e a esquerda realizou a propaganda própria sobre quem não seria corrupts. Além de Jair Bolsonaro, do Juiz Sérgio Moro, e da presidenta do Supremo Tribunal Federal Carmem Lúcia, apareciam Marina Silva e Ciro Gomes. 

Na realidade, a corrupção é generalizada nos partidos políticos integrados ao regime como reflexo da crise econômica e da podridão de todo o sistema.

O PSOL é um partido pequeno burguês que busca desesperadamente se apropriar dos espólios do PT, seguindo o exemplo do Syriza grego, do Podemos espanhol, do Sinn Fein Irlandês e da Frente de Esquerda portuguesa. Por se tratar de um partido parlamentar de esquerda sem base operária ele se coloca à direita do PT no espectro político do regime burguês. Isso explica a “forcinha” que a direita não cessa de lhe dar.

Ciro Gomes (PDT), assim como Roberto Requião (ala esquerda do PMDB), têm sido representantes do primeiro escalão do regime político brasileiro. Na conjuntura atual, apesar do discurso um pouco mais radicalizado, eles têm uma agenda para chegar ao governo que inclui a defesa de algumas reivindicações nacionalistas. Mas a aplicação real dessa agenda se vê inviabilizada pelo endurecimento crescente do regime político, ainda mais agora com o Plano Condor 2.0 imposto pelos Estados Unidos para toda a América Latina. 

Neste sentido, esses políticos, em cima dos ataques, tendem a ser transformados em elementos meramente decorativos e com alta predisposição às capitulações, como pode ser visto, por exemplo, durante a aprovação do Lei de Abuso de Autoridade, da qual Requião era o relator, e que acabou sendo esvaziada em cima da pressão da extrema direita.

A política operária revolucionária em relação à moral

Em política, o importante não é a verdade moral, mas as forças sociais em conflito. 

O líder da Revolução Russa, Vladimir Lenin, disse que é moral tudo o que estiver de acordo com a luta pela revolução socialista e que não é moral tudo o que for contrarrevolucionário. Isso independentemente de quaisquer considerações morais.

A esquerda pequeno burguesa quer passar a ideia de que o pluripartidarismo seria o programa da classe operária. 

Na realidade, ela defende o próprio direito de organização. 

A independência dos sindicatos em relação ao estado é muito mais importante que o pluripartidarismo. 

A “liberdade de opinião” ou a “opinião pública”, hoje é o controle imperialista da imprensa. 

Para a classe operária o que interessa é a verdadeira democracia da imprensa, o que implica no fim do tratamento das concessões públicas como capitanias hereditárias e a divisão dos tempos entre os sindicatos, universidades, organizações sociais etc. Esta política somente pode ser aplicada por um governo operário revolucionário. 

Para ser um partido operário revolucionário é preciso ter uma política acertada alinhada com a psicologia do trabalhador.

A burguesia está dividida perante as dificuldades. O imperialismo se reorganizou e foi para cima dos trabalhadores. A esquerda revolucionária nunca pode se colocar no campo da direita; pelo contrário, o seu papel é organizar o movimento de massas com independência de todos os setores da burguesia.

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