América Latina rumo ao colapso generalizado

América Latina rumo ao colapso generalizado

Descubra como o Brasil se tornou o campeão mundial do rentismo e como isso está drenando nossos bolsos!

Por Mafra

Na esteira de uma década tumultuada desde a crise financeira de 2008, a América Latina se encontra mais uma vez no centro das atenções econômicas globais. Enquanto os países da região buscam estimular o crescimento e enfrentar os desafios pós-pandemia, uma batalha está sendo travada nos bastidores do sistema financeiro internacional: taxas de juros.

O Federal Reserve dos Estados Unidos atualmente mantém as taxas de juros dos EUA na faixa de 5,25%, com uma inflação oficial menor aos 4%.

Os países da América Latina se veem em uma situação cômica se não fosse trágica, pagando entre 9 e até 12%, para uma inflação oficial de aproximadamente de 4%.

O campeão mundial do rentismo é o Brasil que paga aproximadamente 7% de juros reais aos grandes especuladores financeiros com a nossa dívida pública, seguidos de perto pela Colômbia, México, Chile e Uruguai.

Essas dívidas públicas foram catapultadas principalmente nas décadas de 1970 e 1980 com o objetivo de suportar as ditaduras militares impostas pelos Estados Unidos na região.

A explosão da dívida pública no Brasil

No Brasil, em 1985, a dívida alcançou US$105,171 bilhões, o que representou um aumento de 32 vezes na comparação com o início da Ditadura; 65% da dívida externa durante a Ditadura não foi comprovado durante a CPI da dívida que aconteceu entre 2009 e 2010.

Com o default nos pagamentos da dívida, o FMI (Fundo Monetário Internacional) entrou em cena impondo as políticas econômicas que acabaram derivando na conclusão do Plano Brady, em Luxemburgo, em 1994.

Em Luxemburgo uma comissão encabeçada por Pedro Malan, o futuro ministro da Fazenda de FHC durante os oito anos dos governos dele, da qual também participavam Armínio Fraga, Murilo Portugal e mais 50 pessoas, acabou aplicando um duríssimo golpe contra o Brasil a mando do imperialismo norte-americano.

O BC que tinha assumido a dívida privada, perdeu os dados dos valores das dívidas assumidas das empresas privadas.

A dívida brasileira passava por uma suspeita de prescrição em 1992.

Essa situação ficou comprovada na auditoria realizada no Equador em 2008. No Brasil, apesar de todos os indícios, a prescrição foi ignorada.

Os contratos da dívida eram regidos pelas leis de Nova York.

Como os novos títulos Brady eram podres e não podiam ser negociados, no Brasil foram aceitos para comprar as nossas empresas durante os governos FHC.

Por um lado, há a necessidade de reduzir as taxas de juros para impulsionar o investimento e a economia doméstica. Por outro, há a pressão dos capitalistas e suas instituições financeiras internacionais, que clamam por taxas mais altas para proteger seus interesses; mantendo seus bolsos cheios sob o custo do sofrimento alheio.

O imperialismo norte-americano impõe mais espoliação financeira

Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, fala sobre a persistente inflação nos Estados Unidos, lançando uma sombra sobre qualquer tentativa de redução das taxas de juros na América Latina. Essa cautela reflete não apenas as suas supostas “preocupações” com a estabilidade econômica global, mas também os interesses de investidores institucionais, cujas apostas dependem de taxas de juros favoráveis.

Porém, há uma boa ironia no enredo. Enquanto os países latino-americanos são instados a manter suas taxas de juros elevadas para atrair investimentos estrangeiros, eles se encontram presos em uma arapuca financeira que não criaram. 

O colapso capitalista de 2008, gerado pelo estouro da maior crise capitalista até então, no coração do capitalismo financeiro global, deixou cicatrizes profundas nos países que os EUA exploram, agora forçados a pagar o pato por uma crise que sequer desencadearam.

A atual crise ainda não se fechou e é continuidade da crise de 2008. Devido à impossibilidade de aplicar políticas estruturais diferentes, por causa da escalada generalizada do parasitismo, a burguesia busca a saída para sua maior crise histórica na guerra.

O papel da América Latina no contexto da política dos amos do Norte é de servir como retaguarda estratégica, fornecendo recursos naturais, mão de obra barata e recursos financeiros muito fáceis de serem espoliados.

A política econômica atual do governo Lula-Alckmin

A política atual do governo Lula-Alckmin foi imposta pelos próprios pais do Plano Real a partir da Equipe de Transição.

No fundamental mantiveram as políticas que vinham sendo aplicadas pelo ministro da Economia de Bolsonaro, Paulo Guedes.

O déficit fiscal atingiu os maiores números históricos, em 2023, com os gastos públicos superando a arrecadação, principalmente por causa do governo atual ter assimilado as pedaladas aplicadas pelo governo Bolsonaro em 2022, várias vezes piores que as que levaram ao impeachment de Dilma, sem sequer emitir uma única denúncia.

A Petrobras,que é uma das principais empresas estatais do país, está enfrentando turbulências, com oscilações nos preços do petróleo e questões relacionadas à gestão interna, entregou, em 2023, os maiores lucros da história aos especuladores financeiros, ou R$125 bilhões.

O chamado «Novo Arcabouço Fiscal» mantém um teto para investimentos sociais, enquanto os gastos com juros e amortizações da chamada «dívida pública» não têm limites estabelecidos. 

A Reforma Tributária foi aprovada a toque de caixa, apesar de que sua implantação levará 50 anos, com o objetivo de facilitar a entrada dos capitais andorinhas, os mais podres da especulação financeira.

O que o governo brasileiro e os seus comparsas latino-americanos têm muita dificuldade em explicar é o que irá sobrar deles quando os capitais andorinhas abandonarem a América Latina, em busca dos «portos Seguros» dos centros imperialistas, assim que a crise capitalista se aprofundar ainda mais.

A crise da década de 1980 provavelmente aparecerá como um jogo de crianças.

A política do governo Lula-Alckmin e os trabalhadores

Por trás do déficit fiscal e das políticas econômicas centradas nos interesses dos capitais especulativos, os abutres financeiros, está a dinâmica de uma economia fortemente influenciada pelas pressões do imperialismo. 

Os países latino-americanos se veem obrigados a manter uma política fiscal restritiva para os trabalhadores e os setores oprimidos da população, com o objetivo de garantir os lucros dos grandes capitalistas estrangeiros, ao mesmo tempo em que se veem impossibilitados de impulsionar qualquer crescimento econômico real e enfrentar as crescentes pressões sociais internas.

A política econômica do PT e sua jogada de cintura com o Centrão e a extrema direita é um claro exemplo de que a atual linha econômica do governo Lula não se diferencia muito da direita no tocante da economia, que é a principal política de um país capitalista, ainda mais quando se trata de uma neocolônia.

O dirigente e ideólogo do PT, José Dirceu, declarou publicamente que o governo atual é um governo de centro-direita porque é o que dava para ser feito. “Lula montou um governo que não é de centro-esquerda, é um governo de centro-direita. Eu falo isso e todo mundo fica indignado dentro do PT’, disse Dirceu. ‘Essa é a exigência do momento histórico e político que nós vivemos’.”

A saída para os trabalhadores só pode ser a organização da luta pelas bases de maneira independente dos vários setores dos agentes do imperialismo.

Setores pequeno-burgueses se apropriaram das organizações classistas, como sindicatos e organizações sociais, tais como o MST, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, ou a UNE, a União Nacional dos Estudantes.

Os trabalhadores irão entrar em movimento por conta da pressão da crise capitalista, que na nossa região é impulsionada pela pressão do imperialismo norte-americano.

O papel dos verdadeiros revolucionários é atuar com capacidade de orientar essas lutas. 

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