Lula vai liderar os governos de «esquerda» na América Latina?

Lula vai liderar os governos de «esquerda» na América Latina?

Depois da péssima administração dos governos de direita nos últimos anos e inclusive na pandemia, América Latina "descobriu" que não pode mais ficar igual.... E é por isso que os governos mudaram... agora não se chamam direita, se chamam esquerda progressista.

O PT e alguns grupos satélites têm levantado a propaganda de que a vitória eleitoral de Lula/ Alckmin teria sido o produto de uma ampla mobilização popular e que a tentativa de golpe de estado do 8 de janeiro de 2023 seria parte da pressão da direita, dos banqueiros, dos donos do “mercado” e da “imprensa venal” contra medidas que favorecem o povo.

Lula também seria a linha de frente de uma política internacional progressista.

Na prática, o que temos visto é uma realidade muito diferente.

O governo Lula/ Alckmin é um governo muito travado no que se relaciona com aplicar medidas em benefício dos trabalhadores e da maioria da população. Ao mesmo tempo, é um governo muito fluente quando se trata de manter as garras do imperialismo sobre o Brasil e os interesses dos banqueiros, dos donos do “mercado” e da “imprensa venal”.

Em relação à política internacional, a política do governo Lula/ Alckmin é uma política alinhada com o governo de turno dos Estados Unidos. No caso dos BRICS e na guerra em Ucrânia esse alinhamento aparece como muito profundo.

Na Ucrânia, Lula pessoalmente já condenou publicamente a invasão do Leste da Ucrânia pela Rússia, sem tecer uma única consideração sobre os motivos que levaram a essa operação militar à qual foi forçada pela brutal pressão militar exercida a partir da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Quem Lula pode liderar?

Os novos governos esquerdistas que voltaram a vencer as eleições na América Latina foram impostos pelos Estados Unidos.

São governos esquerdistas muito direitizados, super alinhados com o imperialismo norte-americano em tudo que é fundamental. Isso fica gritante nos casos do Chile, com o governo Boric que mantém intacta a política do direitista Sebastián Piñera, com o governo Petro, que mantém em tudo o fundamental as políticas dos governos anteriores (sobre as nove bases militares norte-americanas não foi falada uma única palavra até agora), e o governo Lula/ Alckmin que é um governo muito mais Alckmin (o governador do Estado de São Paulo que aplicou uma política de terra arrasada durante quatro mandatos) que Lula.

Os mesmos golpistas que puseram Lula na cadeia para impor o bolsonarismo por meio de uma fraude obscena, agora viabilizaram a vitória chorada de Lula/ Alckmin e têm usado a mobilização bolsonarista do 8 de janeiro para conter o bolsonarismo e poder governar com o apoio direto do STF (Supremo Tribunal Federal) que está a anos luz de tratar-se de uma instância democrática.

A liderança dos “esquerdistas” integrados ao imperialismo norte-americano tem se dado a partir do chamado Grupo de Puebla, que é controlado diretamente pelo Partido Democrata e do qual Lula é um participante ativo.

A margem de manobra que os governos “progressistas” tiveram na década de 2000 é coisa do passado.

Naquele momento, os Estados Unidos estavam empantanados nas guerras do Iraque e do Afeganistão, e com o colapso capitalista de 2008 batendo duro nas estruturas da dominação.

Hoje o mundo vive a maior crise capitalista de todos os tempos. A crise de 2008 ainda não se fechou por causa da impossibilidade de aplicar uma política estrutural alternativa.

Lula, Boric, Petro e seus amigos cumprem um papel de marionetes do governo Biden conforme a crise avança para manter sob controle o movimento de massas.

As lutas dos trabalhadores começaram a acontecer, como neste momento podemos comprová-lo no Peru.

O imperialismo conseguiu isolar os vários estouros sociais nos próprios países e também conseguiu impedir a formação de direções revolucionárias.

São os efeitos do desenvolvimento da luta de classes.

As classes dominantes precisam manter a estabilidade do regime enquanto a crise só aumenta na direção de uma enorme explosão capitalista.

Os explorados precisam sobreviver enquanto a crise capitalista torna a situação cada vez mais insuportável.

Após décadas de “sonho neoliberal”, a dura realidade se apresenta com cada vez maior intensidade.

Os trabalhadores e as massas estão fazendo sua experiência enquanto a crise se agrava. A necessidade de reorganizar o movimento de massas contra a pressão brutal da burguesia está na ordem do dia.

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