Carta de um Gari

Eu, homem-máquina, controlo máquinas humanas, essa força tamanha que me espanta. Vejo sapatos, camisas, óculos e calças. Computadores, celulares e tablets. Trens, metrôs e ônibus. Estradas, prédios e casas. Oleodutos, indústrias e hidrelétricas. Tanques, armas e ouro. Petróleo, gás e carvão. Vejo tudo isso, só não vejo minha mão. Dizem que é ela quem tudo produz, e a quem nada pertence. Os que de gravata se vestem, nunca se mexem. Eu que produzo sou chamado de burro.