A última entrevista do ministro das Relações Exteriores do Brasil com a mídia Russa foi uma soneca

A última entrevista do ministro das Relações Exteriores do Brasil com a mídia Russa foi uma soneca

Sobre a última entrevista do Ministro das Relações Exteriores com a mídia Russa. Falou tudo más não disse nada, a mesma conversinha oportunista de sempre

Por Andrew Korybko

https://korybko.substack.com/p/the-brazilian-foreign-ministers-latest

Apresentação Primera Línea Revolucionaria

O governo Lula/ Alckmin precisa mostrar algum resultado ao povo brasileiro, o que a cada dia se torna mais difícil.

Os recentes dados sobre o crescimento econômico foram um tapa da cara no otimismo promovido pelo governo e amplificado pela imprensa golpista.

Uma certa bonança está sendo promovida pela inundação do Brasil, assim como acontece com outros países latino-americanos por capitais andorinhas ultra especulativos, que lucram como não conseguem fazê-lo em qualquer outro lugar do Planeta, especulando com o porto mais o menos seguro das ultra corruptas dívidas públicas, que o nosso governo longe de sequer contestar, o alimenta da mão do Presidente do Banco Central e de todo o regime brasileiro que atua como subordinado aos Estados Unidos.

Assim que esses capitais voltarem a migrar por causa da piora da maior crise capitalista mundial de todos os tempos, deixarão para trás um rasto de destruição, como sempre o têm feito, e as classes dominantes apertarão os trabalhadores e o povo para nós pagarmos a crise deles, e que com certeza será muito mais dura do que já é.

Os juros de 10% acima da inflação que o governo Lula/Alckmin paga aos especuladores financeiros é o “segredinho” da bonança. Mas até quando irá durar?

A aprovação da Reforma Tributária, da reforma do Carf e do Arcabouço Fiscal fazem parte da política de atrelar ainda mais o futuro do Brasil ao rentismo.

Essa política faz parte no fundamental da estratégia do imperialismo norte-americano de ir à guerra, usando a América Latina como retaguarda estratégica, como parte da principal saída para a sua crise.

Esse é o contexto da certa “esquerdização” da política exterior brasileira que, conforme o Andrew korybko o tem exposto em detalhes, é mais firula que realidade.

Com a palavra Andrew Korybko

Tudo correu como esperado e poderia ter sido reduzido a uma única página de tópicos sobre as posições oficiais da política externa do Brasil.

O carro-chefe da mídia internacional russa, a RIA, publicou uma entrevista com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, na segunda-feira 17.7.2023. Foi em grande parte uma soneca, já que ele não disse nada de novo ou interessante, preferindo falar banalidades sobre as políticas do presidente Lula da Silva. No entanto, a leitura nas entrelinhas permite captar algumas nuances importantes. A presente peça, portanto, resumirá o que ele disse antes de interpretá-lo para a conveniência do leitor.

Vieira afirmou que o Brasil emergiu de seu “grande isolamento internacional” sob o governo anterior para se tornar uma força líder no combate às mudanças climáticas. Ela planeja finalizar os detalhes do acordo de livre comércio Mercosul-UE há muito negociado antes de considerar um acordo semelhante com a China. Quanto aos laços com a União Econômica da Eurásia, Vieira confirmou que existe diálogo institucional entre eles, mas foi vago sobre sua forma futura e evasivo quanto a um acordo de livre comércio.

Na frente regional, o chanceler brasileiro espera desbloquear a adesão da Bolívia ao Mercosul no futuro próximo. Ele também disse que seu país está otimista de que as crises políticas no vizinho Peru e no vizinho Equador serão resolvidas de acordo com seus respectivos marcos democráticos. No nível continental, Vieira prevê o retorno do Brasil à Unasul, restaurando a função anterior desse grupo como uma plataforma para coordenar a cooperação multidimensional em toda a América do Sul.

Quanto ao BRICS, ele confirmou relatos anteriores de que a cúpula do próximo mês envolverá discussões sobre os critérios e modalidades de admissão de novos membros, mas se recusou a dizer exatamente quais países podem ser convidados a ingressar. Passando para as relações com a Rússia, Vieira disse que eles são sólidos e expressou otimismo de que seu comércio se diversifique de sua dependência de produtos agrícolas e fertilizantes. O Brasil está interessado em introduzir o sistema de pagamento MIR da Rússia, disse ele, mas descreveu o processo como difícil.

Mantendo-se otimista sobre os laços bilaterais, o ministro das Relações Exteriores avaliou positivamente os dois telefonemas entre seus líderes, a reunião do presidente Putin no início da primavera com o principal assessor de política externa de Lula, Celso Amorim, e seus próprios três encontros com seu colega russo. Ele também reafirmou que o Brasil continua se opondo a sanções unilaterais e a armar a Ucrânia, ao mesmo tempo em que repete o apelo de Lula pela paz, que ele disse que seu país poderia ajudar a intermediar, embora sem dar detalhes sobre o que tem em mente.

Perto do final da entrevista, Vieira foi questionado sobre os laços do Brasil com a China e os EUA, ao que respondeu como esperado, enfatizando a importância das relações com cada um. Sua breve resposta sobre o primeiro focou principalmente em suas perspectivas econômicas, enquanto a igualmente curta que ele compartilhou sobre o segundo dizia respeito ao que ele caracterizou como sua “reaproximação”. Ao todo, ele basicamente percorreu uma lista de pontos de discussão e realmente não disse nada de novo ou interessante.

Mesmo assim, ler nas entrelinhas revela algumas nuances importantes que agora serão abordadas na ordem em que foram apresentadas acima. Para começar, sua afirmação de que o governo anterior foi responsável pelo “grande isolamento internacional” do Brasil só é correta no contexto de seus laços com o Ocidente, que é governado por liberais-globalistas. Assim, o subtexto é que a ideologia de Lula está intimamente alinhada com a deles, explicando assim por que as relações melhoraram depois que seu líder nacionalista conservador deixou o cargo.

Essa percepção leva ao próximo ponto sobre por que o Brasil está se concentrando em finalizar o acordo de livre comércio do Mercosul com a UE antes de considerar um acordo semelhante com a China. Sem dizer abertamente, Vieira está sinalizando que as relações do Brasil com o Ocidente estão sendo priorizadas sobre aquelas com o não-ocidente, a única exceção notável sendo o papel da China em equilibrar imperfeitamente os laços com os EUA. O leitor pode saber mais sobre a grande estratégia de Lula aqui, aqui e aqui, que foge ao escopo desta análise.

Na frente regional, é significativo que Vieira não tenha mencionado a possibilidade de a Venezuela ingressar no BRICS, apesar de Lula ter dito recentemente que o Brasil apoiaria sua adesão plena. Isso sugere que a retórica deste último não foi recebida positivamente por seus pares, que provavelmente acreditam que a admissão da República Bolivariana representaria desnecessariamente um grande ônus econômico-financeiro para o bloco. Essas preocupações foram presumivelmente repassadas ao Brasil, respondendo assim pelas vagas observações de Vieira sobre os futuros membros do BRICS.

Ainda que estivesse otimista com as relações com a Rússia, ler nas entrelinhas revela que Vieira não parece ter um plano de ação em mente para ampliar os laços de forma abrangente. Ele não se comprometeu com o cenário de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Econômica da Eurásia e só falou em generalidades sobre seus futuros laços econômicos. Claramente, a China e os EUA são os principais parceiros do Brasil em qualquer lugar do mundo e assim permanecerão no futuro próximo.

Resumindo, a última entrevista de Vieira com a mídia russa foi de fato uma soneca, mas ainda é importante observar seus comentários sobre a melhora dos laços do Brasil com o Ocidente e ele se recusou a dizer quais países podem ingressar no BRICS, apesar do endosso de Lula à proposta de adesão da Venezuela. Fora isso, porém, nada mais era novo, interessante ou surpreendente. Tudo correu como esperado e poderia ter sido reduzido a uma única página de tópicos sobre as posições oficiais da política externa do Brasil.

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