Primera Línea Revolucionaria não “entende” a política do PCO

Primera Línea Revolucionaria não “entende” a política do PCO

Quem é o candidato preferencial de quem? A candidatura Lula/ Alckmin unifica a "esquerda"? Não entendemos ou não apoiamos a tática do PCO?

Primera Línea Revolucionaria (PLR) publicou a matéria Como cair que nem patinho nos golpes do imperialismo“ com o objetivo de analisar a política do PCO (Partido da Causa Operária) em relação à candidatura Lula expressada na matéria “Seria Lula o candidato de George Soros e dos bancos?”.

O PCO respondeu com a matéria “Primera Linea, os críticos que estão abaixo da crítica no dia 5.11.2022.

Sobre a política do imperialismo norte-americano para o Brasil e a América Latina expressada nos resultados das eleições, PLR expressou o seu ponto de vista em várias ocasiões. Pode ser visto nos seguintes exemplos;

Na matéria do PCO está escrito: “O apoio do PCO à candidatura Lula foi incondicional e o partido deixou claro, desde sempre, que não pleiteava e nem aceitaria quaisquer cargos em um eventual governo Lula. Portanto, dizer que essa política, de apoio, “somente pode estar turbinada a $$$”, é fruto de uma mente perturbada. Acusar, ainda mais sem provas, é patético, é coisa de gente irresponsável que fica fazendo política de cima do sofá.

Posição de PLR: Nesta matéria, nos concentramos na questão do apoio político à candidatura Lula/ Alckmin. Deixamos de lado por enquanto a questão dos interesses envolvidos, principalmente dos principais partidos que compõem a «frente ampla» contra Bolsonaro.

Quem é o candidato preferencial de quem?

Na matéria do PCO está escrito: “Apenas se esqueceram de mencionar que o próprio Trump não era o candidato preferencial do imperialismo, mas Joe Biden, vice de Obama (o governo que tramou o golpe contra Dilma Rousseff).

Posição de PLR: Na nossa opinião, a política do imperialismo é muito concreta e está sempre direcionada a impulsionar os lucros dos monopólios e a conter a luta dos trabalhadores e das massas.

Em 2016, o candidato preferencial do imperialismo era justamente Trump, que foi imposto por meio de manobras, apesar da vitória no voto popular do Partido Democrata, por diferença de três milhões a favor de Hillary Clinton.

O objetivo da burguesia imperialista era conter o ascenso dos trabalhadores que aparecia no horizonte e que expressou pouco tempo depois a partir do movimento de professores e até em grandes greves metalúrgicas na Ford. Foram controladas. Mas o que permitiu o controle foi, em primeiro lugar, a estabilização da situação econômica com o direcionamento dos investimentos para os próprios Estados Unidos, que foram transformados num canteiro de obras.

A situação mudou a partir de 2019, quando a crise capitalista se aprofundou de maneira muito aguda e acelerada e ficou muito clara a necessidade de uma política mais agressiva para contê-la junto com o inevitável ascenso de massas.

Reparem que muito pouca gente atentou para a crise da própria especulação financeira em 2019, que é o principal catapultador dos lucros das grandes empresas capitalistas.

O governo Biden foi imposto, por meio de manobras (para variar), como o governo “dos senhores da guerra” disfarçado com gays, negros e mulheres, mas que na prática se mostraram muito mais guerreristas e fascistas que o governo Trump. 

Imediatamente o governo Biden se preparou para a guerra aberta, impôs a guerra à Rússia, declarou a guerra comercial a China, apertou o Irã e para avançar na sua política guerrerista, tem buscado «pacificar» a América Latina, o que inclui o Brasil.

O espaço para «joguinho democráticos eleitorais» tem ficado cada vez mais fechado.

Não entendemos o apoio do PCO à candidatura burguesa de Lula/ Alckmin

Na matéria do PCO está escrito: “O pobre coitado que publicou a matéria não conseguiu entender o apoio do PCO à candidatura Lula.

fica perplexo porque a Globo bateu em Bolsonaro e ‘apoiou’ Lula.

Com a Globo não foi diferente, atacada por Bolsonaro, tratou buscar uma alternativa e nada a impede, passado o perigo, de voltar a combater o PT, como sempre fez.”

Posição de PLR: Na nossa opinião, PLR sim entendeu a política do PCO em relação ao apoio à candidatura burguesa Lula/ Alckmin.

PLR não concorda com o apoio à candidatura Lula/ Alckmin em primeiro lugar, por considerar que se tratou da candidatura preferencial do imperialismo norte-americano, principalmente depois da entrada do vice, Geraldo Alckmin, o homem do Opus Dei semi enrustido e ex governador do Estado de São Paulo, durante quatro mandatos, que aplicou uma política de terra arrasada.

A política da “frente ampla” incluiu praticamente a toda a direita na candidatura Lula/ Alckmin contra Bolsonaro.

O imperialismo apoiou exclusivamente Lula/ Alckmin? Evidentemente não. O imperialismo tenta controlar todo o «espectro» político para impor os seus interesses.

O imperialismo tentou apoiar as candidaturas da chamada “terceira via”? Sim. Mas como não decolavam precisou de uma alternativa mais viável para viabilizar a sua política, os seus interesses.

Na matéria do PCO está escrito: “A burguesia investiu na terceira via, mas avaliou seu desempenho, concluiu que sua manutenção apenas pulverizaria os votos da oposição e daria uma margem muito ampla para Bolsonaro, o que poderia se tornar um problema para controlá-lo. Em vez disso, uma vitória apertada colocaria qualquer um dos vencedores dentro de uma margem de manobra política mais estreita e numa posição mais frágil.

Posição de PLR: O imperialismo tentou, mas não conseguiu impulsionar a candidatura da chamada «terceira via», dada a podridão generalizada do conjunto do regime político.

Valendo-se do controle dos aparatos impôs a vitória de Lula/ Alckmin depois, e em paralelo, da vitória do Bolsonarismo em componentes chave do regime (Congresso, principais governos estaduais).

O rápido levantamento dos protestos bolsonaristas, após o segundo turno das eleições, assim como o reconhecimento tático da vitória Lula/ Alckmin ilustram o esquema montado para o circo eleitoral, onde os palhaços somos nós.

A vitória de Lula/ Alckmin é a vitória da “frente ampla”, com uma margem de manobra para os programas assistenciais muito, mas muito mesmo, pequena.

Como já o expressamos em outras ocasiões, não devia chamarmos a atenção a visita de Vitória Nuland, a organizadora do golpe de estado na Ucrânia, em abril deste ano, quando se reuniu com Lula e não com o presidente oficial, Jair Bolsonaro?

E as visitas posteriores de Blinken (secretário de Estado) e de Burns (chefe da CIA) para pressionar o governo Bolsonaro para que os resultados nas urnas não fossem questionados?

E o reconhecimento da vitória de Lula por Joe Biden apenas 40 minutos do anúncio do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)?

A prisão do Roberto Jefferson parece tão fake como a facada fake em Jair Bolsonaro em 2018.

E o apoio aberto à candidatura Lula/ Alckmin dos mesmos golpistas que mandaram Lula para a cadeia em 2017 e que estiveram por trás da vitória do Bolsonarismo em 2018? Com as vitórias muito esquisitas de governadores e senadores que em pouquíssimos dias saíram do quarto lugar para o primeiro e venceram no primeiro turno, como aconteceu no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Paraná, por exemplo.

Em 2022, o Bolsonarismo saiu com a vitória nos três principais da Federação e o controle, junto com outros setores da extrema direita, do Senado e da Câmara dos Deputados.

Não haveria nada esquisito?

O imperialismo norte-americano, imerso em brutal crise, não iria tentar pelo menos controlar o principal país do seu quintal traseiro? O que implica no controle de todos os componentes oficiais, e principalmente, por meio de uma «operação em pinça», o Bolsonarismo e a «frente ampla» de Lula/ Alckmin.

O que o ex funcionário da CIA e da NSA hoje exilado na Rússia, Edward Snowden, revelou não se aplicaria no Brasil e particularmente às eleições brasileiras?

A candidatura Lula/ Alckmin unifica a «esquerda»?

Na matéria do PCO está escrito: “Lula é o único nome que tem verdadeiro apelo popular que seria capaz de aglutinar a esquerda e fazer a balança da correlação de forças contra a direita pender para o lado dos trabalhadores. O resultado das eleições provou que a avaliação estava correta.

Posição de PLR: Sem dúvida Lula tem uma base eleitoral muito importante. Mas como revolucionários a pergunta que devemos colocar é o quanto Lula tem o potencial de impulsionar o movimento de massas?

E a qual «esquerda» a candidatura Lula/ Alckmin unificou?

Principalmente considerando que o Lula de 2022 não parece nem ser a sombra do Lula de 1989.

E em que a “frente ampla” burguesa que Lula/ Alckmin lideraram fez alguma oposição real ao Bolsonarismo?

O PT e os organismos de massas que controla parecem verdadeiros mortos vivos.

A CUT (Central Única dos Trabalhadores), o MST (Movimento dos Sem Terra) e mesmo a UNE (União Nacional dos Estudantes) e o MTST (Movimento dos Trabalhadores sem Teto) faz tempo que não mobilizam ninguém para luta nenhuma.

A participação organizada dos trabalhadores na campanha eleitoral foi praticamente nula.

É sabido que nos governos Lula houve a incorporação em massa de lideranças ao regime político, comprados por meio de cargos e por dinheiro dos ministérios.

Enquanto a campanha Lula andou de mãos muito amarradas pela direita, o abstencionismo, junto com os votos nulos e brancos, avançaram como expressão do repúdio de amplos setores contra o circo eleitoral.

PLR entende que uma condição para ter apoiado criticamente a candidatura Lula deveria ter sido a mobilização do movimento de massas com pelo menos alguma bandeira de luta.

Evidentemente temos uma questão tática e não de princípios. Mas não houve nenhuma bandeira de luta. O próprio “Programa” da candidatura Lula/ Alckmin foi lançado a três dias das eleições, de maneira demagógica, e na prática, para manter tudo igual.

O imperialismo impôs com força uma operação em pinças para controlar todo o espectro político de conjunto.

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