Lula e o Imperialismo — Uma Avaliação Política da Análise de Rui Costa Pimenta — dia 14/02/23

Lula e o Imperialismo — Uma Avaliação Política da Análise de Rui Costa Pimenta — dia 14/02/23

Quando apontamos o atual caráter do governo Lula não estamos fazendo uma análise psicológica ou psicanalítica, senão política. Sera que o PCO entende?

Artigo realizado em parceria com Jornal Aurora Popular

A avaliação a seguir tem por objetivo analisar a política levada a cabo pela Direção do PCO (Partido da Causa Operária), considerado por eles mesmos como os últimos paladinos da “extrema-esquerda” do governo do LulAlckmin .

Rui Costa Pimenta e o PCO a partir de 2015, coincidindo com o aperto da Operação Lava-Jato, passaram a se aproximar rapidamente da direção do PT.

Foi a partir desse período, num processo que já havia alguns anos, que os elementos da ala direitista do PT ganharam força sob o impulso do imperialismo, iniciado nas denominadas “Jornadas de junho de 2013”.

Após ter sido liberado da cadeia, Lula foi alçado à Presidência da República do Brasil pelos mesmos arquitetos responsáveis pelo golpe de 2016 e posteriormente por sua prisão.

Apesar das fortes denúncias verborrágicas, Rui Costa Pimenta e o PCO têm o mérito de ser consequentes com a política imperialista adotada para o Brasil, passando a apoiá-la de modo cego, apesar das manobras políticas dissimuladas realizadas por toda a alta-cúpula do PCO, o governo LulAlckmin.

Não pode haver dúvidas que o atual governo de LulAlckmin é pró-imperialista. Tal governo foi imposto goela abaixo pelo Partido dos Democratas dos Estados Unidos, Sistema Financeiro “Transnacional” e grandes Oligopólios Midiáticos.

Quando apontamos o atual caráter do governo Lula não estamos fazendo uma análise psicológica ou psicanalítica, senão política.

Não estamos aqui para falar da vida particular de um ou de outro político carreirista, mas sim expor elementos concretos para o embasamento de nossa posição.

Apesar de ser a figura de principal destaque neste governo, não é Lula quem está a governar e a decidir os rumos do Brasil; há toda uma arquitetura política construída e consolidada pelo imperialismo que impede qualquer movimentação autônoma.

São esses elementos políticos presentes no governo Lula(/ALCKMIN) 3.0 que a alta-cúpula do PCO não consegue explicar, e quando é questionado sobre, logo saem pela tangente.

Pois de fato, como explicar a presença de Marina Silva, Geraldo Alckmin, Simone Tebet, para ficar só em alguns poucos elementos abertamente direitistas, no governo LulAlckmin?

Como explicar também as famosas declarações de Lula dada a Biden, hoje considerado por ele como um dos maiores defensores da “democracia”?

Lula parece esquecer ou parece não querer lembrar que Biden foi um dos principais articuladores do golpe iniciado em 2013 no Brasil e em 2012 no Paraguai.

É a favor desses tropeços, para ser generoso com as palavras, que o PCO passou a advogar a favor.

Rui Costa Pimenta e o seu PCO têm deixado de fazer política combativa, mesmo que seja para fazer firulas, para se tornarem advogados que têm por missão defender seu “cliente” (ou “patrão”) a todo custo.

  1. Lula, do mais corrupto ao “paladino da democracia”
  2. Diplomação de Lula, fim do PT como “esquerda”

Dito isso, vamos à análise do vídeo de Rui exibido pelo canal Rádio Causa Operária no Youtube, intitulado — Lula e o imperialismo — Análise Política da 3ª, com Rui Costa Pimenta — 14/02/23.

Analisaremos os principais pontos da fala de Rui Costa Pimenta (RCP) contidos neste vídeo; transcrevemos com fidelidade o que foi dito por ele e depois exporemos nossa análise.

Segue:

RCP — 5’55’’: “Nem basta uma declaração de um determinado governo para você caracterizar o governo como submisso ao imperialismo ou qualquer outra coisa. […] É preciso ter um conjunto de fatos que montem […] uma definição concreta da política desse governo. Isso em primeiro lugar”.

Análise:

Dizem que o pior cego é aquele que não quer ver.

Basta pegar todo o percurso tomado por Lula desde a sua prisão aos dias que correm para perceber que o que falta não é um conjunto de fatos e sim coragem para romper com a obscena capitulação que o PCO vem demonstrando.

Foram inúmeros elogios dados a Biden por Lula; inúmeras vezes Lula seguiu o receituário dos grandes oligopólios midiáticos e do Sistema Financeiro.

O que dizer da Carta em defesa da democracia, escrita por uspianos do Largo São Francisco em conjunto com a FEBRABAN?

O que dizer da absorção por Lula de toda a política identitária de Biden/Soros?

Não foi Soros um dos principais articuladores da campanha de Lula por meio da figura de Ben Brandzel?

RCP — 6’55’’ a 7’36’’: Lula começou com um governo em 2003, esse sim era um governo alinhado com o “neoliberalismo”; ele colocou figuras muito direitistas, vinculadas ao capital financeiro internacional nos ministérios da economia; um deles foi o ex-presidente do Banco de Boston […] ele seguiu todos os parâmetros que haviam sido estabelecidos anteriormente pelo governo de FHC […]

Análise:

Antes de tudo, até hoje não existe um consenso sobre a definição do padrão de acumulação do capital denominado de “Neoliberalismo”.

Isso não é porque não haja, e sim porque os teóricos da ordem não podem trazer uma explicação totalizante que contemple em profundidade o que quer dizer esse conceito.

O padrão de acumulação “neoliberal” é necessariamente um padrão de acumulação baseado em operações militares de alta intensidade.

Não à toa que o seu primeiro laboratório de aplicação, o Chile, foi colocado em prática por meio dos fuzis.

O padrão de acumulação “neoliberal” é a conjugação entre o sistema bancário-financeiro, a “mídia” corporativa, o complexo industrial-militar, as milícias fascistas, o narcoterrorismo e a superexploração da mão de obra.

Por isso, as análises políticas, em torno do esgotamento ou não do padrão de acumulação “neoliberal”, que levam somente em conta o sistema financeiro, são falsas e inúteis.

O “neoliberalismo” é uma Hidra de muitas cabeças.

Dito isso, será que só o governo de 2003 foi “neoliberal”?

Nos anos de governo Lula foram os anos dourados, nos quais os bancos superfaturaram mais de 200 bilhões de reais, coisa que não tinha acontecido nem nos anos FHC.

Isso deveu-se em grande medida pela Emenda Constitucional 40 que revogou os parágrafos e alíneas do Artigo 192 da Constituição Federal, permitindo assim que os bancos aplicassem as maiores taxas de juros do mundo.

Como dissemos acima, o padrão “neoliberal” é a conjugação das “mídias”, finanças e do complexo industrial bélico. Sendo assim, o que dizer da operação de invasão no Haiti, de 2004 a 2017, autorizada e liderada pelos governos do PT?

E sobre os inúmeros fechamentos das rádios comunitárias em seus dois mandatos?

A quem essa atuação política favoreceu senão as oligarquias financeiras e midiáticas?

Exposto isso, qual a diferença dos primeiros para este governo Lula?

Não foi neste governo que Lula nomeou, a pedido de Paulo Pimenta, o golpista Hélio Doyle para a presidência da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) para cuidar da comunicação do presidente?

Não seria Alckmin muito mais reacionário do que José Alencar? Até porque Alckmin é o governador “neoliberal” provado no estado mais importante da Federação, São Paulo, durante quatro mandatos.

Como explicar Marina Silva, ligada aos interesses dos grandes bancos, no governo de Lula?

E a Simone Tebet, “ex-bolsonarista”, mas sempre latifundiária?

Será que realmente estamos diante de um governo menos reacionário e entreguista do que o de 2003?

Observe que no 9’40’’ a 10’01’’ — “O Lula de agora, por tudo o que ele já fez, por tudo o que ele já declarou que pretende fazer e pela movimentação concreta do governo, evidente que ele está à esquerda dos governos anteriores dele mesmo e da Dilma.

Não há dúvida nenhuma sobre isso”.

Preste muita atenção nisso, esse tipo de colocação parece colocar o SR. RCP/PCO numa realidade virtual e paralela, numa dimensão extremamente reacionária, mesmo que assim o faça por “inocência”, já que consideramos que de inocente na política não há nada.

RCP 8’10’’ — “A partir da segunda eleição, Lula passa a adotar uma política nacionalista, ainda até certo ponto tímida”.

Análise:

Essa afirmação não é verdadeira. O segundo governo Lula foi muito mais apertado depois da manobra da direita e do imperialismo a partir do chamado “Escândalo do Mensalão”, obrigando o Partido a incorporar o PMDB como aliado no segundo governo Lula e a retirar a figura de José Dirceu da linha sucessória, colocando Dilma no lugar.

Ademais, no calor das denúncias, Lula procurou FHC para articular uma aliança com a oposição.

Foi entre o primeiro e o segundo mandato que Lula fez a manobra de transferir a dívida pública do Brasil das mãos do FMI (Fundo Monetário Internacional) para as mãos das grandes corporações financeiras, alimentando o monstro que hoje conhecemos como responsável por drenar todas as nossas riquezas a fim de alimentar o parasitismo rentista:

  • “Nunca antes na história os bancos ganharam tanto dinheiro como no meu governo” disse Lula.

Como se não bastasse, foram nos governos Lula-Dilma que o processo de desindustrialização no Brasil se aprofundou ainda mais, saindo de 18% a 11% em relação ao PIB:

O processo de desindustrialização no Brasil refere-se à diminuição da participação da indústria na economia brasileira ao longo das últimas décadas. Esse processo pode ser observado em diferentes indicadores, como o declínio da participação da indústria no PIB (Produto Interno Bruto), a redução da participação da indústria na geração de empregos e a queda das exportações de produtos industrializados.

Os governos de Lula em nenhum momento podem ser caracterizados como nacionalistas, nem sequer em grau tímido.

A maioria dos 20 milhões de “empregos criados” por Lula entre 2003–2010 estavam no setor de serviços, principalmente no setor das telecomunicações, com a criação dos grandes Call-Centers.

A maioria dos empregos se concentraram no setor de serviços devido à política de privatização iniciada nos governos de FHC e continuada nos governos Lula-Dilma com a alcunha de “concessões”.

Foi no segundo mandato de Lula, no ano de 2010, que houve a maior privatização da história do Brasil.

Neste ano, Lula celebrou a maior capitalização já realizada no mundo. Foram 120 bilhões de reais levantados com a emissão de mais de 4 bilhões de ações da Petrobras. O processo de privatização teve como desculpa levantar fundos para investir na exploração do Pré-Sal, todavia, isso é mentira.

A política de privatização da Petrobras foi imposta pelo imperialismo a partir da descoberta do Pré-Sal, 2006–07, quando o imperialismo estadunidense reativou a 4º Frota Naval, responsável pelo policiamento das águas da América do Sul.

Em nenhum momento Lula denunciou a ingerência imperialista sobre a América do Sul.

Foi com o início da grande crise de 2007–08 e com a ascensão de Obama, primeiro presidente “negro” norte-americano, que a América Latina passou a experimentar uma sucessão de golpes liderados pelos Estados Unidos.

RCP — 8’30’’ a 8’52’’: Depois veio Dilma com Guido Mantega. […] Uma política moderada, mas no sentido oposto da política “neoliberal”. Foi tudo isso o que levou à derrubada do governo do PT”.

Análise:

O Sr. RCP esquece ou finge não lembrar que foram nos anos dos governos Dilma que José Eduardo Cardozo foi ministro da Justiça, entre 2011 a 2016, liderando a aprovação das medidas draconianas contra a liberdade política dos trabalhadores e de seus organismos de luta.

Embalados pelos acontecimentos de junho de 2013, Dilma/Cardozo aprovou as leis: anticorrupção (lei 18.846)das organizações criminosas (lei 12.850) e a antiterrorismo (lei 13.260).

Foi também no primeiro ano de seu segundo mandato que Dilma começou a aplicar a agenda econômica defendida por Aécio Neves ao colocar Joaquim Levy como ministro da Fazenda.

Foi sob o comando de Joaquim que Dilma, com a aprovação da lei 13.134, restringiu os direitos trabalhistas, tais quais: seguro-desemprego, o abono salarial e o seguro defeso.

Logo em seguida, foi aprovada a lei 13.135, a qual restringiu o acesso à pensão por morte e auxílio-doença.

RCP — 9’51’’ a 10’: O governo Lula[/Alckmin] está à esquerda dos governos anteriores dele mesmo e da Dilma, não há dúvida nenhuma disso.

Análise:

O Sr. RCP tem muita testosterona para emitir tal juízo de valor.

A pressão que ele deve estar sofrendo não deve ser pouca para que ele assim proceda.

A defesa do famoso batom na cueca não é para qualquer um, só para “gênios” como o Sr. Pimenta, CEO do PCO.

Por acaso, o Brasil não fica na América Latina?

Ele não é considerado o quintal traseiro do imperialismo estadunidense?

Não estamos no contexto da maior e pior crise capitalista de todos os tempos?

O Brasil estaria localizado noutra Galáxia para o Sr. RCP assim considerá-lo?

Afinal, o que discutiu Lula com Biden? O que esperar do nosso futuro que continua nas mãos da burguesia?

RCP — 10’17’’ a 10’25’’“Mesmo que as coisas que aconteceram aí (nos Estados Unidos) tivessem sido muito favoráveis ao imperialismo, não daria pra você tirar essa conclusão (a de que Lula é alinhado ao imperialismo)”.

Análise:

Aqui temos um conjunto de pérolas.

Especificamente, todas as presentes políticas fundamentais até agora adotadas no governo LulAlckmin são a favor do imperialismo.

Se na visão do Sr. RCP, não é possível considerar Lula alinhado ao imperialismo, é possível considerá-lo avesso pelo que vem apresentando?

Se o Sr. RCP, no vídeo em questão, afirma não querer discutir por meios acadêmicos o significado do conceito imperialismo, o que vem a ser então em termos de política prática?

Qual a decisão de Lula frente às privatizações e à independência do Banco Central (BC)?

O Sr. RCP não se lembra que o projeto de independência do BC veio do próprio PT por meio de Nelson Barbosa, que hoje faz parte da equipe de Haddad?

Apoiar os ex-bolsonaristas, Lira e Pacheco, para a presidência da Câmara e do Senado não diz nada ao Sr. RCP?

Lula é anti-imperialista ou nacionalista só porque o Sr. Pimenta quer? O que concretamente faria de Lula um anti-imperialista, além de firulas para inglês ver?

RCP — 11’40’’ a 12’11’’“Se o governo Lula for um governo pró-imperialista como eles estão falando, logicamente teríamos de tratar o governo Lula como o governo FHC. Esperar que imediatamente o governo comece a atacar os trabalhadores […] e desmantelar a economia nacional e nessas condições levantar a palavra de ordem “Fora” o governo do PT”.

Análise:

O governo não é do PT, ele é dos elementos mais retrógrados da camarilha das oligarquias financeiras, os quais se manifestam pelos elementos mais direitizados do PT e os resquícios do PSDB.

Lula tem por função conter o avanço do povo brasileiro enquanto o grosso do governo se dedica a manter de pé a política “neoliberal” imposta até o momento (saques do país cada vez mais parasitários) e avançá-los sem provocar um grande levante de massas.

O que é manter a taxa Selic em 13,75%, sabendo que cada ponto percentual gera um gasto de 76 bilhões de reais com o pagamento dos títulos da dívida?

Logo, uma taxa Selic de 13,75% gera um gasto de 1,045 trilhão de reais ao ano, que é capturado pelos grandes rentistas financeiros; isso sem contar outros encargos que não estão faturados nesta simples conta.

Lula é um militante do chamado “Grupo de Puebla”, controlado pelo Partido Democrata dos Estados Unidos.

Os ataques contra os trabalhadores virão não necessariamente da mesma maneira que FHC fez; a história não se repete.

Este será um governo de panos quentes para manter os ataques anteriores e avançar na medida do possível, com o objetivo principal de funcionar como um bombeiro da revolução e um fiel escudeiro dos interesses do imperialismo norte-americano e seus sócios menores.

Continuará atacando, mas com maior cautela, até certo ponto, porque há o problema da crise mundial e da política do imperialismo estadunidense de descarregar uma boa parte da crise sobre seu quintal traseiro.

RCP — 12’45’’ a 12’51’’Se fosse verdade que o governo Lula [Alckmin] é um inimigo dos trabalhadores, você deveria falar isso aí, porque mais cedo ou mais tarde os próprios trabalhadores vão tomar consciência disso. Então você estaria se antecipando e a sua política seria correta”.

Análise:

Então neste ponto temos razão, pois estamos dando o combate e nos antecipando desde as eleições ao anunciar que este governo é um governo de mais ataques aos trabalhadores, como pode ser visto a cada dia.

Lula não revoga nenhuma medida já tomada, confinando-se somente à arte da retórica ao questionar os “quês” e “porquês” das medidas aprovadas.

RCP — 13’45’’ a 13’59’’“Nós não apoiamos o governo Lula. O governo Lula não tem o nosso Programa. Por que nós vamos apoiar esse governo? Nós não somos responsáveis pelo conjunto da política do PT. […] Nós não entramos na coligação que elegeu o Lula. […] Nós criticamos o Programa dessa coligação. […] Nós chamamos a votar no Lula por motivos muito concretos”.

Análise:

Essas colocações representam uma manobra demagógica.

O apoio a um governo pode ser feito com críticas, demagógicas ou não.

O Sr. RCP/PCO apoia sim o governo LulAlckmin, mesmo que emita algumas críticas; afinal de contas, relógio quebrado acerta a hora pelo menos duas vezes ao dia.

Em política, toda a situação tem a sua própria oposição consentida.

Isso é uma tática para as classes dominantes governarem com plenos poderes.

Uma oposição consentida é necessária e neste momento, o Sr. RCP/PCO desempenha parte deste papel, o qual é dividido com outros partidos que se consideram de “extrema” esquerda, tais como a UP, PSOL e PSTU. Não levamos o PCB em consideração por ser um partido muito pequeno e em extinção.

RCP 15’05’’ a 15’09’’“Nós não vamos apoiar nada que não faça parte do nosso Programa”.

Análise:

Se o Sr. RCP/PCO diz apoiar somente um governo que alavanque as demandas dos trabalhadores, oferecendo-lhes melhores condições de vida, por que o PCO comemora cada ataque que a mídia desfere contra Lula, querendo muitas vezes retratar esses ataques como algo positivo a sua defesa ao governo Lula e ao próprio Lula?

Veja o que postou no Twitter o PCO:

Isso é um claro apoio a um governo que não é dos trabalhadores e nem defende os seus direitos.

Se assim o Sr. RCP/PCO procede, quais são as políticas do governo LulAlckmin que fazem parte do Programa do PCO?

Aqui devemos ser muito concretos porque, com a exceção de alguns programas sociais, o que há de progressista nesse governo que foi imposto pelo governo Biden e que administra a máquina política do imperialismo norte-americano?

RCP — 15’20’’ a 15’38’’“O PCO, na realidade, foi em toda a campanha eleitoral o principal crítico das ações do governo do PT (antes, durante e depois da campanha eleitoral). E da candidatura Lula também. Criticamos a aliança com Alckmin, […] a maneira como o PT estava fazendo campanha, […] a política de aliança com o STF, […] o ministério do Lula, a ação do PT no dia 8 [de janeiro] e depois”.

Análise:

A crítica fundamental que deve ser feita ao governo Lula/Alckmin é ao seu caráter de classe, não às questões pontuais formais de posse de algum cargo.

Todavia, mesmo essas questões pontuais revelam o caráter de classe do atual governo.

Aliar-se ao STF é aliar-se ao seu algoz, e uma vez que o Sr. RCP/PCO considera o STF como órgão de atuação imperialista no Brasil, não seria esse um indício de que Lula está aliançado ao próprio imperialismo?

Outro indício não seria Geraldo Alckmin como vice-presidente?

E o que dizer das ações antidemocráticas tomadas por Lula/Flávio Dino para conter as manifestações bolsonaristas?

Vivemos tempo em que aquilo que se denomina “democracia” é defendida pela supressão de todos os valores democráticos, criando uma forma de governo de repressão consentida.

Outras perguntas –

Quem impulsionou e colocou Lula no governo?

Quem controlou o “bolsonarismo”?

Quem está mantendo em solo pátrio Bolsonaro como refém a fim de servir como moeda de troca futura?

Por acaso, não é o imperialismo norte-americano em crise?

RCP e seu PCO ficaram desviando de assuntos fundamentais, como ao dizer que uma candidata ultrassecundária, como Simone Tebet, seria a candidata preferencial do imperialismo. O que é uma mentira. Talvez em 2026.

O candidato do imperialismo sob a batuta do Partido dos Democratas dos Estados Unidos sempre foi Lula.

A tática usada pelo imperialismo colocando Tebet e Soraya Thronicke para disputarem as eleições foi a de controlar o “cachorro louco” do Ciro Gomes, dividindo seus votos e polarizando as eleições em torno de Lula e Bolsonaro.

Uma coisa deve ser dita, Ciro Gomes, ainda que com todos os seus barbarismos políticos, foi o único a falar alguma coisa sobre o ultra-corrupto sistema da dívida brasileira que remunera com bilhões um pequeno quinhão de gente condenando outras milhões à fome. No entanto, nunca fez nada na prática para combatê-lo, nem sequer para auditá-lo.

RCP — 17’30’’ a 17’32’’: Criticamos as declarações do governo do PT em relação às fakenews, apesar que Lula foi comedido”.

Análise

Esse foi um dos vários mecanismos usados para impor o bolsonarismo em 2018.

RCP — 18’35’’ a 18’41’’“A nossa imprensa falou uma tonelada de coisas sobre a questão do Geraldo Alckmin, não foi uma oposição formal, foi uma oposição de fato”.

Análise:

O Sr. RCP/PCO nunca disse que o governo atual é o governo Lula/Alckmin (mais Alckmin que Lula!) e que foi imposto pelo imperialismo norte-americano.

Desde o começo, não houve sequer outro nome para ocupar a cadeira de vice.

O acordo foi arquitetado por Haddad e Márcio França:

1º Com o objetivo de amarrar ainda mais o governo Lula ao Imperialismo e;

2º Entregar o Estado de São Paulo aos militares. Na reta final, Márcio França e Guilherme Boulos desistiram da disputa e como sabemos, Haddad não tem capacidade de vencer nem mesmo Osmar Lins.

Lula não é produto de uma grande mobilização de massas, nem sequer eleitoral.

RCP — 19’00’’ a “Lula se opôs à independência do Banco Central”.

Análise:

Mentira. Essa afirmação não corresponde à realidade.

Lula nunca se opôs de fato.

O projeto de independência do Banco Central saiu de dentro do PT, tendo como autores de fato, e não apenas protocolares, Nelson Barbosa e Fernando Haddad.

Se Lula realmente estivesse contra a Independência do BC jamais colocaria Simone Tebet como ministra do Planejamento e Orçamento, uma vez que ela é totalmente a favor da independência do BC.

Como diz Requião, Lula tem um discurso porreta e uma prática ridícula.

RCP — 20’28’’ a 20’31’’: “Ele [Lula] disse que o salário mínimo deveria subir mais do que foi apontado e nós achamos que devia dobrar o salário mínimo”.

Análise:

OK. Mas como levar isso a sério se todo o entreguismo parasitário está mantido?

Sem romper com o imperialismo e seus agentes internos, qual a mágica para aumentar o salário mínimo?

Sem isso, é só discurso. É preciso deixar claro que os opressores devem ser enfrentados e nos organizarmos para isso.

RCP 21’00’’ — “Quem está dizendo que o Lula é agente do imperialismo apoia a OTAN”.

Análise:

Essa afirmação é evidentemente falsa.

Isso poderia ser o caso de apoiadores enrustidos de LulAlckmin; caso PSTU e alguns grupos pequenos da esquerda oficial.

Mas a esquerda revolucionária deve se colocar contra a OTAN e dizer que o governo Lula/Alckmin foi imposto pelo imperialismo.

O modo como o Sr. RCP/PCO procede em suas análises é uma tática para desqualificar qualquer oposição à capitulação que o Sr. RCP/PCO vem fazendo nos últimos oito anos.

Dessa forma, o Sr. RCP/PCO enquadra todos os opositores ao entreguismo do PT e seus satélites como “atlanticistas”, isto é, favoráveis à política belicista do imperialismo estadunidense.

RCP — 23’15’’ a 23’24’’“Lula foi aos Estados Unidos, conversou com Biden e o que eu vi na Declaração Conjunta são coisas que o Lula está falando desde sempre. Não vi nenhuma novidade”.

Análise:

Aqui temos a volta à Idade Média.

Se eu não gostar da realidade, simplesmente a nego.

E o mais importante. Se o Sr. RCP/PCO diz que Lula sempre falou/capitulou dessa maneira obscena ao imperialismo norte-americano (contra o Brasil), por que continua a defendê-lo?

Qual é a “mão de Deus” que motiva tal política desastrosa e capituladora?

RCP — 24’39’’ a 24’44’’“É tudo jogo de cena [o encontro Lula/Biden]. Não é que Lula convidou o Exército norte-americano a ocupar a Amazônia”.

Análise:

Para justificar o “batom na cueca”, vale até humanizar o imperialismo norte-americano, e fazê-lo desaparecer de cena.

De pior inimigo dos povos, armado até os dentes, controlando todas as telecomunicações, com 900 bases militares, controlando as drogas e outros negócios “ilícitos” para usar os recursos em operações secretas, o imperialismo se tornou agora na realidade virtual do PT e seus satélites, numa espécie de imbecil que adora conversar com Lula.

Cadê o maior inimigo dos trabalhadores e dos povos?

Cadê o amo e senhor do seu quintal traseiro, a América Latina, que está disposto a matar a metade da Humanidade para manter seus privilégios?

Cadê o Sr. RCP/PCO que agora nem sequer o discurso revolucionário consegue manter?

O que teria provocado tamanha decadência?

RCP — 26’30’’ a 27’40’’É preciso entender o que é a questão ucraniana. […] Lula disse que é preciso ter alguém a favor da paz. […] Ele é a favor da paz”.

Análise:

O problema é que Lula é um dos fundadores dos BRICS e a sua declaração veio depois das revelações de Angela Merkel, François Hollande e o artigo demolidor de Seymour.

No encontro com Biden, Lula vendeu a alma ao Diabo, como alertou Andrew Korybko.

A paz que Lula propõe é a mesma que o imperialismo deseja: a rendição, na prática, da Rússia; a entrega de todos os territórios e uma forte reparação ao governo nazista da Ucrânia, uma espécie de Tratado de Versalhes 2.0, deixando a Rússia exposta à desintegração perante a brutalidade do imperialismo e a OTAN.

A paz que Lula/OTAN deseja é aquela capaz de enfraquecer a Rússia para posteriormente o imperialismo mirar a China desnudada.

RCP — 30’25’’ a 30’31’’: Os norte-americanos não querem a paz. Só não bateram de frente porque o Brasil é um país muito importante. Muito mais importante que Israel no cenário internacional pra você sair batendo de frente com um presidente numa questão como essa”.

Análise:

Segundo a colocação acima do Sr. RCP/PCO fica a questão — Estaríamos realmente numa relação entre iguais?

Brasil e Estados Unidos são equivalentes em termos de influência, domínio e poder?

O imperialismo desapareceu?

Agora seria só a vez da “democracia”?

O Sr. RCP/PCO não estaria voltando à capitulação dos anos de 1990 que atingiu quase toda a esquerda mundial?

Não é preciso bater de frente como o Sr. RCP/PCO demagogicamente esperou que fosse, basta soltar apenas um escândalo para colocar toda a classe política de joelhos.

Será que o Sr. RCP/PCO não sabe que uma das bases de operações militares do imperialismo no Brasil se chama Rede Globo de Televisão?

Não lembra de como foi organizado e levado adiante a Operação Lava-Jato?

A decadência política do PCO e da “esquerda” oficial é enorme.

Abandonaram tudo para se bandear para o campo do maior inimigo dos povos, e ainda na sua etapa de maior decadência, o que implica obviamente no aumento sensível da agressividade.

RCP — 34’30 — Sobre a reforma do Conselho de Segurança da ONU

Análise:

Rui Costa Pimenta não disse nada sobre que essa reforma tem como objetivo eliminar os direitos de veto no Conselho de Segurança, o que iria contra a Rússia e a China. A China já foi declarada como seu principal inimigo.

Sem avaliar corretamente o imperialismo norte-americano, nosso principal opressor, o resto é resto.

“É preciso incluir mais países no Conselho de Segurança da ONU e acabar com o privilégio do veto, hoje restrito para alguns poucos, para a efetiva promoção do equilíbrio e da paz”, disse Lula na COP-27.

Ao acabar com o direito do veto, as ações seguiram o entendimento da maioria que comporia no momento do debate as cadeiras do Conselho de Segurança da ONU.

Aos desavisados isso soa como algo progresso, ou seja, aparentemente a proposta se apresenta como algo mais plural e democrático.

Todavia, a retirada do direito ao veto fortaleceria o imperialismo que forçaria os países subdesenvolvidos a seguirem suas propostas e imposições da mesma forma como faz com Lula no atual mandato presidencial.

Leia: PCO: Delírios e Realidades Paralelas ou Capitulação Política?

RCP 44’28’’ a 44’36’’“O problema da economia é o principal problema das relações do Brasil com o imperialismo. As relações diplomáticas são um capítulo secundário”.

Análise:

Qual é a política econômica do governo Lula/Alckmin?

E Fernando Haddad não é (nas palavras do próprio Lula) o mais tucano dos petistas?

Qual o papel de Simone Tebet?

Leia: Alexandre de Moraes e Fernando Haddad são amigos de quem?

RCP 55’16’’ a :55’21’’: “Nós não podemos, nunca, ficar do lado da burguesia contra o governo do PT”.

Análise:

O governo Lula/Alckmin representa, justamente, os interesses da burguesia e do imperialismo.

A luta da classe trabalhadora brasileira contra o imperialismo e os oportunistas é uma luta que deve ser travada por meio de uma plataforma política independente. Requer que as massas populares se unam e formem uma plataforma política organizada que possa ajudá-las a desafiar as forças imperialistas que têm explorado nosso trabalho e recursos.

Também é essencial combater eficazmente os oportunistas que se utilizam da luta dos trabalhadores para promover os seus próprios interesses. Isso requer uma frente única de todos os trabalhadores brasileiros, para que se possa avançar contra o imperialismo e seus aliados. Com esta plataforma unificada de ação coletiva, podemos trabalhar para um futuro melhor para todos os trabalhadores brasileiros.

Leia:

Plataforma de Luta para os Trabalhadores Brasileiros

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