PLR se retira da «Frente de Luta por uma Oposição Revolucionária em contra do governo Lula/Alckmin”

Deslinde de campo em defesa do nosso Programa, Plataforma e ètica Revolucionária.
PLR América Latina tomou a decisão de retirar-se da “Frente de Luta por uma Oposição Revolucionária ao Governo Lula/Alckmin” pelos seguintes motivos:

O anti-imperialismo e o internacionalismo são princípios revolucionários estratégicos

O Manifesto guarda-chuvas desta «frente revolucionária” é bastante modesto e está focado na tentativa de fazer um deslinde de campos com o governo Lula/Alckmin, embora que sem deixar evidentes a «mão de Deus» que o viabilizou, como parte de uma política regional imposta em escala regional pelo imperialismo norte-americano, que já a tínhamos visto em ação principalmente no Chile, com Gabriel Boric, e na Colômbia, com Gustavo Petro.

PLR aderiu a esse Manifesto, há dois meses, considerando que a proposta de realizar a luta revolucionária pode iniciar de maneira modesta, mas poderia evoluir com ajustes políticos ou complementos posteriores, o que até deixamos claro na reunião realizada no dia 5.8.2023, onde o apoiamos.

Um dia depois, e como uma das resoluções daquela reunião, elaboramos este breve documento que contemplava a questão do imperialismo e do internacionalismo e o apresentamos, sem termos recebido resposta. 

Para a nossa surpresa, as organizações que compõem essa frente voltaram atrás na resolução da reunião e impuseram que o Manifesto guarda-chuvas não poderia ter adendos nem ser complementado por meio de outros documentos porque fazê-lo implicaria na ruptura da frente, devido às posições políticas defendidas.

PLR considera como um grave erro político desvincular a política nacional das “questões internacionais”. Neste caso concreto, o primeiro impacto sobre o objeto da «frente» seria que o governo Lula/Alckmin não teria sido uma imposição, a partir de uma política regional dos Estados Unidos, e, portanto, teria sido o resultado, embora reacionário, de eleições “democráticas”. O mesmo se aplicaria para o golpe fake do 1.8.2023 que permitiu o controle do bolsonarismo e a «governabilidade» do governo Lula/ Alckmin; a Embaixada dos Estados Unidos não teria desempenhado um papel ativo determinante e ficaríamos a reboque da propaganda oficial.

As razões levantadas para não caracterizar claramente o papel do imperialismo norte-americano no Brasil e na América Latina para PLR América Latina são inaceitáveis, até considerando que nos estamos no quintal traseiro dos Estados Unidos: supostamente haveriam outras potências imperialistas atuando no mesmo nível, como os europeus, a China e até a Rússia. Estas duas últimas são consideradas como potências imperialistas atuantes na América Latina no mesmo nível de agressividade e opressão que os Estados Unidos.

Além das polêmicas de cunho acadêmico, que poderiam ser avaliadas com cuidado, há graves problemas políticos concretos que eliminam, no nosso entendimento, o próprio caráter “revolucionário” (embora parcial) do Manifesto.

Os trabalhadores e os povos latino-americanos sabem o que é viver no «quintal traseiro», na retaguarda estratégica, do imperialismo norte-americano, que aplica uma política regional muito agressiva e totalmente atrelada à sua política doméstica desde a Doutrina Monroe, que em dezembro deste ano completa 200 anos.

Essa política tem sido exposta de maneira aberta milhares de vezes pelos porta-vozes dos Estados Unidos, sendo um dos casos mais claros e sinceros as declarações de Laura Richardson, a general responsável pelo SouthCom.

As consequências desta política, como guarda-chuvas para planejar e atuar em ações concretas, abrem o caminho ao oportunismo e trazem consequências perigosas.

O V Congresso da CSP-Conlutas teleguiado pelo imperialismo norte-americano

O V Congresso da CSP-Conlutas aconteceu entre os dias 7 e 10 de setembro de 2023, onde a «frente» realizou uma mesa para discutir a questão internacional e expor a «frente».

Nós participamos do V Congresso como convidados e da mesa da «frente» no penúltimo dia, e também assistimos com cuidado os vídeos sobre as atividades realizadas nos outros dias. 

Avaliamos que houve a intervenção direta do imperialismo norte-americano por detrás deste Congresso, como parte da agressiva propaganda de guerra atual, conforme o denunciamos imediatamente e em detalhes em “O escândalo da mão de Deus no V Congresso da CSP-Conlutas”.

As duas principais organizações que fazem parte da “frente” estiveram presentes com delegados no V Congresso da CSP-Conlutas, e não se manifestaram, nem muito menos enfrentaram a política abertamente reacionária e anti-trabalhadores do PSTU e seus amigos, durante o Congresso nem imediatamente depois, nem mencionaram nada na mesa. 

Para PLR América Latina, essa política representa uma acomodação a essa burocracia teleguiada pelos tentáculos do imperialismo norte-americano. O claro deslinde de campos entre os trabalhadores e os revolucionários, e os opressores faz parte dos princípios revolucionários estratégicos.

Acordos pontuais para fazer avançar a luta de massas e revolucionária

PLR busca realizar acordos pontuais que façam avançar a luta dos trabalhadores e das massas, tanto em termos de alianças quanto em termos de frentes únicas que facilitem a unidade de trabalhadores em luta. Mas o nosso Programa (Ponto 7, por exemplo), a nossa Plataforma para o Brasil e a América Latina (Ponto 1, por exemplo), e a nossa Ética Revolucionária (Ponto 3, por exemplo) são claros em relação à nossa política e nos impedem defender declarações guarda-chuvas e qualquer política que vão em contra dos princípios revolucionários fundamentais.

Consideramos que a unidade na luta é uma tarefa central que deve ter como objetivo ajudar no desenvolvimento e organização da luta do movimento dos trabalhadores e das massas, que avança em contra do sistema de conjunto, do estado que representa os interesses das classes dominantes.

A realização de tarefas militantes  em comum, concretas, não dependem de avaliações detalhadas da “questão internacional”, mas a luta em contra do poder político brasileiro não pode estar ancorada em declarações políticas guarda-chuvas que abrem flancos estratégicos e nos colocam a reboque dos inimigos dos trabalhadores e dos povos oprimidos, ainda mais tratando-se do nosso principal opressor histórico e no seu quintal traseiro.

Sobre as perspectivas da luta revolucionária

PLR América Latina avalia que o acelerado desenvolvimento da crise capitalista mundial está levando ao tensionamento do capitalismo mundial a níveis nunca vistos anteriormente. É a crise o que coloca em movimento às massas e aos trabalhadores, como voltou a aparecer claramente em países centrais da Europa, nos Estados Unidos e em alguns países da América Latina, por exemplo, onde a situação política torna-se a cada dia mais explosiva.

O governo Lula/Alckmin tem conseguido manter uma certa estabilidade valendo-se principalmente dos capitais ultra especulativos que vêm ao Brasil em busca das maiores taxas mundiais de “remuneração” da ultra corrupta dívida pública.

Esta situação só pode estar com os dias contados, no Brasil e em toda a região, para começar. As consequências só podem ser a bancarrota generalizada e o acirramento da luta de classes, numa escala muito maior do que vimos na década de 1980.

Consideramos que os pequenos grupos da esquerda revolucionária, ou pelo menos os que não se incorporaram ao sistema, devem olhar principalmente para as transições, para onde vamos, conforme Lênin e os grandes revolucionários orientaram, se tiverem a ambição de desempenhar algum papel relevante no movimento de massas do próximo período, e portanto na situação política geral. 

Nesse sentido, é tarefa central apontar as tendências do desenvolvimento da situação política e elaborar as nossas políticas de acordo com as nossas análises e o estado de espírito dos trabalhadores e das massas.

Quando tiramos uma fotografia da situação existente hoje, a desmoralização poderia ser a reação mais imediata, com as conhecidas alegações de que a esquerda está muito fraca e que devemos ter ambições muito reduzidas, esquecendo avaliar a totalidade da situação política, incluindo a crise da direita e do sistema capitalista mundial. 

Como disse Karl Marx, se a aparência e o conteúdo coincidissem, não seria necessária a ciência; não devemos esquecer que o Socialismo Científico (vulgo marxismo) é uma ciência.

As tendências da transição ao futuro podem desenvolver-se de maneira muito rápida. Quando as avaliamos, aparece claramente a perspectiva de um enorme ascenso de massas, onde os métodos atuais terão uma serventia quase nula. Isso requer uma profunda reflexão.

A história se repete, mas em forma de espiral. A crise e o ascenso de massas da segunda metade da década de 1970 e a primeira metade da década de 1980 tendem a repetir-se, mas com um ascenso ainda muito maior dado que a crise atual é muito maior.

A burguesia prepara a reação para manter a sua dominação com o  endurecimento do regime político, o fortalecimento do fascismo (no caso do Brasil, foi retirado de campo temporariamente para voltar quando for necessário enfrentar o ascenso de massas nas ruas), o fortalecimento dos órgãos repressivos e do aperto do imperialismo norte-americano sobre a região por meio de mecanismos que a cada dia mais se relacionam com a força militar.

Consideramos que é para esse cenário que os verdadeiros revolucionários devemos nos preparar, deixando de lado os “ismos” do passado como deslindes de campos, mantendo ampla flexibilidade tática, buscando e respeitando as convergências, mas sem abrir mão nunca dos princípios revolucionários centrais.

O carácter continental da luta é marcado, fundamentalmente, pela presença de um inimigo comum. O imperialismo norte-americano desenvolve uma estratégia internacional para travar a Revolução Socialista na América Latina. Não é casual a imposição de brutais ditaduras em países onde o movimento das massas ameaça a estabilidade do poder das oligarquias. A estratégia internacional do imperialismo corresponde à estratégia continental dos revolucionários.

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